31/01/2011

“POEMAS”, para não dizer que não falei... (II)

Continuo nesta semana a divulgar poemas escritos ao longo do tempo. Mas, ao longo do tempo mesmo, com distância de décadas. São composições recuperadas e não revelam, eu reconheço, grande inspiração.
Já expliquei que não são inéditos já os tendo divulgados em crônicas minhas.


(V. mensagens no final desta página)



ORQUÍDEAS E BEIJA-FLORES



Eis-me aqui amargurado e pensante
Mal respirando nesse clima insano,
Tudo que exala desse meio paulista urbano
Envolto na fuligem dessas chaminés rasantes.

Que mundo é este de dura resistência !
Que mundo é este de intensa incerteza
Que mesmo à reação da pródiga natureza,
Ampliam-se os desertos por abusada inconsequência?

Que mundo é este de ganância e escuridão,
Que princípios postos pouco ou nada valem?
Se de tudo que inspira sucumbe, porém,
Nessa sanha caótica de destruição?

Reajo impotente qual um conformado perdedor
Sonhando acordado, no tráfego, quietamente,
Vendo desabrochar orquídeas no fundo da mente,
Visitadas por beija-flores em doce torpor.

E assim, no interior de minh’alma triste
Revela-se que tais doces criaturas, parece,
De Deus, são o preferido passatempo, uma prece,
E somente por essa dúvida a esperança persiste.

Esses instantes de valor e Paz perdem-se na poluição,
Sobressaltado não pela água límpida irradiando o sol,
Mas pela barulhenta abertura do farol,
Cujo verde não é o das matas que clamam proteção.


P A Z

Paz, o que significa paz, meu irmão?
Digo-lhe que é privilegiada palavra neste idioma
Por quê?
Explico:
P de perdão
A de amor... meu bom
e
Z – z do quê? quero saber...
De zênite, acredite.
Qual o significado de zênite, ora?
Digo-lhe meu caro:
Olhar de onde você está para o alto
Até onde a vista alcança o céu,
Mas, sobretudo, culminância
Da Alma
PAZ, significa, então,
Perdão
Amor
Culminância ... da alma
Acredite, meu irmão.


PASSADO PRESENTE

Se só o presente existe
O que faço com o ontem?
Dele tudo bate no peito
Na alma que se questiona
O que faço se o passado insiste?
Quando o revive saudosa a alma
No silêncio daqueles instantes
Eclode o sentimento da graça
De amor, tristeza e calma
Se o agora é o que conta
Porque a vida plena está presente
É no passado que ela ensina
E no passado que ela inspira.




ANTIGO SIM, VELHO JAMAIS

Eis-me aqui já antigo
Velho? Jamais!
Repensando atitudes insensatas
Aquelas que revivem dores e ais...

Eis-me, então, sisudo, tímido e capaz
Disso tudo, afinal, o que ganhei?
Muito daquilo que se diz desalentos
E pouco riso nas subidas que conquistei...

Eis-me agora já antigo
Velho jamais!
Encantado com o trabalho, azáleas e simples pardais
Ora, porque há que se extrair da vida meles reais,

Insisto agora com muito esforço
Superar o baixo astral dos tempos idos
Saio falando do ótimo e do maravilhoso
Meu Deus! Que tempos aqueles perdidos...

Há ranços que ficam ainda, é certo
Dos tempos velhos e dos velhos carcomidos
Mas, quem disse de velho e velhice?
Ora, eis-me aqui rindo da graça...

Pois sou somente antigo...


Imagens / Fotos: Google


MENSAGENS

1. Message to my friends in Russia: it is an honor to have you in this humble blog.

2. SOBRE AS ARARAS-CANINDÉ: NA CRÔNICA ANTERIOR (MENSAGENS & IMAGENS) CONSEGUIMOS INSERIR O VIDEO DO NAMORO OU DIÁLOGO DELAS SOBRE UM TRONCO, NA BELA CIDADE DE CAMPO GRANDE - MS. BASTA CLICAR NO INÍCIO DO VIDEO

23/01/2011

MENSAGENS & IMAGENS


Essa foto foi publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo” de 16 de janeiro último, uma cena emocionante entre tantas outras havidas na tragédia que se deu na Região Serrana do Rio de Janeiro. A legenda curta simplesmente diz que “nem a morte afasta o amigo”, acentuando que tentaram tirar o cachorro vira-lata do Cemitério de Teresópolis que há dois dias estava ao da sepultura 305, “onde foi enterrada sua dona Cristina Santana”.
Há muitos outros casos semelhantes e mais radicais do que esse apego do cão ao seu dono. Sempre me chama a atenção o cão vira-lata que, fielmente, segue seu dono ou protetor, seja ele um indigente, catador de papel, magro tal qual o seu senhor, dividindo as migalhas, mas, jamais, faltando com a lealdade. Ele é leal, mesmo sob pancadas. Nessas desfeitas, seu olhar é tristonho, ressente-se da reciprocidade não recebida nessa relação. Mas, continua caminhando junto ao seu dono

Eu já escrevi sobre isto. Tive duas vira-latas no meu quintal, mãe e filha. A primeira foi adotada porque perambulava pelas ruas. É dela a expressão de humildade. A segunda nasceu nele e mais do que eu ela se apegou a mim, a Preta. Foram 17 anos de convivência e aquele amor incondicional, como já relatei. Ela precisou ir atacada por insidiosa doença. Nunca imaginei que naquele momento que não tive coragem de assistir o nó na garganta, escondido no meu escritório, se convertesse em soluços amargos. Aquele sentido de perda que ainda me afeta porque parece que ouço às vezes seus fungos, seus reclamos de minha presença, pelos cantos da janela do meu escritório de casa ao anoitecer. Ou seu espectro no quintal. Passados já alguns meses de sua morte, minha penitência por tudo o que não fiz, que não retribui é essa: sou eu quem, no cemitério virtual, me deito ao seu lado com emoção. Há aquela frase referencial de Antoine de Saint-Exupéry na sua obra-prima “O Pequeno Principe”, que pela voz da raposa transmite séria advertência: “você é responsável pelo animal que domestica”. Tenho minhas dúvidas se não há alguns animais que têm certa responsabilidade sobre nós pelo amor que irradiam.

O diálogo (ou o namoro?) de araras-canindé

Em Campo Grande – MS, meu filho Eduardo Pimentel Martins, filmou num entardecer o diálogo de duas araras-canindé, deixando registrada a cena no endereço abaixo. Basta clicar sem medo.


Dá um sentido de liberdade, de pureza e esperança. Há quadros em que singeleza é mais eloquente que aqueles requintados.

Texto adaptado da Wikipédia: Essas aves estão sempre em grupo e são barulhentas mas pousam silenciosamente. A arara-canindé está ameaçada de extinção por conta do contrabando e pelo comércio ilegal de aves. São aves muito procuradas como “de-estimação” pela docilidade, beleza; possuem certa capacidade de fala. Uma vez que formam casal, não mais se separam e botam cerca de 3 ovos e chocam entre 27 e 29 dias. Em cativeiro, vivem aproximadamente 60 anos.

Estatísticas

Este blog correu o risco de ser extinto porque pouco acessado após implantado, salvo pelos meus amigos. Incentivado por alguns deles, fiquei mais um pouco inserindo na média uma crônica por semana. Já são mais de cem inserções. A estatística desde maio de 2010, disponibilizada pelo próprio blog, revela o seguinte até janeiro: 5732 vizualizações de páginas tendo a fábula “A vaca e o leão” 1.558 acessos. Em seguida, “A vida secreta das plantas” (386). Das visualizações do exterior, destacam-se Portugal (286) e Estados Unidos (180). Há até acessos do Iraque, mais creio que sejam casuais, mesmo que honrosos. No que se refere ao blog de “Artigos”, no qual revelo minha “face nervosa e inconformada” por todos os abusos que consomem o país, os acessos são em menor quantidade, até porque os instrumentos de busca (Google) remetem tais artigos para o portal www.votebrasil.com. Na verdade, esse blog de “Artigos” é um backup do “Vote Brasil”. Também desde maio de 2010, das 1750 visualizações, o “Bullying” é o mais acessado, 448 vezes. Quanto aos acessos do exterior, os Estados Unidos vêm em primeiro lugar (156) e Portugal em seguida (56) Por causa dessas vizualizações continuarei passando recados, bons e ruins. Minhas homenagens

16/01/2011

SETE PECADOS CAPITAIS / PREGUIÇA



Para mim, a preguiça no dia-a-dia é um pecadilho.

Sei que tenho que fazer hoje, mas adio para quando der vontade ou quando não há mais jeito.
Os dicionários a conceituam como aversão ao trabalho, ócio, lentidão. (1)
Esses sábados à tarde em que a modorra bate forte:
- É preciso cortar a grama!
Penso:
- Ah, não. Vai chover quem sabe amanhã.
No domingo a preguiça bate mais forte, naquelas tardes intermináveis, véspera de segunda-feira implacável.
- Na semana que vem. Preciso arrumar os fios...Agora vou tirar uma soneca e viajar por mundos insondáveis...

Há tempos – naqueles meus anos de multinacionais com dedicação exclusiva até o dia em que descobri que não era “imortal” e saí da última com marca indelével da sola no assento - assisti palestra interessante. O palestrante dava vivas às segundas-feiras porque a vida “retornava ao normal”.
Ele sabia, tanto quanto eu, que o fim de semana nos libertava da “escravidão”, mas por isso a segunda-feira nos alertava que ela haveria que repor os grilhões. Já que assim era, haveria que comemorar.
Há muitos anos inspirado por uma cena inusitada de um indigente deitado exatamente na porta de agência da previdência social, cena emblemática – se tirasse, seria foto premiada - inspirei-me numa poesia que a certo ponto dizia:

Na estreita calçada da suja rua
Deitado e dormindo ao frio relento,
Eis um triste indigente, pele nua
De vida inexplicável, tal tormento.


E terminava assim:

“Sem amor nenhum, sem ideal
Lá esta o indigente sem viver,
Que teria cometido assim fatal,
Para tão grande castigo merecer?”


Em Provérbios 6.6-11 é bem clara a condenação à preguiça atribuindo a ela o castigo do despojamento. Lê-se:
“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, olha para os seus caminhos, e sê sábio”
“A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador” (refere-se a patrão, de um modo geral);
“Prepara no verão o seu pão, na sega ajunta o seu mantimento”
“Óh! preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono”
“Um pouco de sono, um pouco tosquenejando (cochilando), um pouco encruzando as mãos, para estar deitado”
“Assim te sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado.”

Esse texto de Provérbios dá a exata dimensão da célebre fábula de Esopo, a “A cigarra e a formiga”. Só que o grego Esopo vivera no século IV antes de Cristo. O final "dance agora" está muito próximo do versículo 11 acima ao advertir que a pobreza do preguiçoso significará o golpe de um ladrão e as necessidades serão satisfeitas pela mendicância com muitas negativas e ofensas, como se deu com a cigarra.
Eis a fábula com tradução de Bocage (Portugal, 1765-1805):

Tendo a cigarra, em cantigas,
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
– Amiga – diz a cigarra
– Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de Agosto,
Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá; por isso, junta.
– No verão, em que lidavas?
– À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: – Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
– Oh! Bravo! – torna a formiga
– Cantavas? Pois dança agora!
(2)

Fui obrigado, nos meus tempos de ginasial, a decorar e recitar essa fábula em francês – verdadeira tortura. Até hoje guardo na memória quase seu texto integral.(3)
Bem, é o que tinha que dizer sobre a preguiça que pode ser um pecadilho ou o pecado capital.
Quantas vezes não me comprometo nesse pecadilho, porém.
Até segunda-feira, após espreguiçar-me (epa), ai, ai, ai!

Referências:

(1) O animalzinho “Bicho-Preguiça” ilustra a abertura desta crônica porque mais do que qualquer outro, sua lentidão é significativa para bem situar o tema. Mas, essa lentidão é de sua natureza, tendo como ponto negativo o de facilitar a ação de predadores quando não bem escondido entre as folhagens.(Foto: free2use.it.com).
(2) O texto da fábula de Esopo e a figura foram extraídos da Wikipedia. O texto tem outras fontes.
(3) A mesma fábula “A cigarra e a formiga” recontada por Jean de La Fontaine (França, 1621/1695) em francês:
La Cigale, ayant chanté
Tout l'été
Se trouva fort dépourvue
Quand la bise fut venue:
Pas un seul petit morceau
De mouche ou de vermisseau.
Elle alla crier famine
Chez la Fourmi sa voisine,
La priant de lui prêter
Quelque grain pour subsister
Jusqu'à la saison nouvelle.
Je vous paierai, lui dit-elle,
Avant l'août, foi d'animal,
Intérêt et principal.
La Fourmi n'est pas prêteuse:
C'est là son moindre défaut.
Que faisiez-vous au temps chaud?
Dit-elle à cette emprunteuse.
Nuit et jour à tout venant
Je chantais, ne vous déplaise.
Vous chantiez? j'en suis fort aise:
Eh bien! dansez maintenant!

09/01/2011

“POEMAS”, para não dizer que não falei... (I)

Já disse que nem nos poemas tenho vislumbres daquela inspiração que até uma pedra se torna musa. Acho que é o “juridiquês” que me atormenta, que me persegue. De qualquer modo, em quatro ou cinco etapas, estarei divulgando tudo o que tentei nessa arte tão especial que é a poesia. Elas estarão misturadas, pelo que haverá momentos - em épocas que se perdem - místico-religiosas, sensuais, de paixão, ecológicas...
Muitas já ilustraram crônicas neste “Temas”, pelo que são conhecidas, muito.
Estas primeiras revelam essa miscelânea de sentimentos.
Grandes inspirações? Haverão que buscar em outras plagas!


ONDAS DE VIDA


Num longo dia da misteriosa criação,
Criou Deus as águas, as árvores, a flor
Sabia o Criador com viva emoção
Que tal grande acervo era, por tudo, amor.

Noutro dia da gloriosa criação
Criou Deus seres viventes, as aves, os animais,
O paraíso já verde, multicolorido, em ação
Resplandecia azul nos céus com claros sinais.

Criou Deus, por fim, à Sua imagem e semelhança
Nele inserida a chama, o sopro da luz divina,
Este Homem interior inscrito na esperança
Que no caminho do amor e ventura destina.

Assim porque achou Deus que era bom
Ambientado o homem no encontro da eternidade,
Havendo uma só harmonia, num mesmo som
Ondas de vida da mesma fonte, diversa a idade.

Multiplicam-se nos tempos essa chama,
Diferindo da origem, pelo chão amealha,
Acumulando pecados que o egoísmo inflama
Fez do paraíso um campo de batalha.

Gozando os prazeres e vícios do exterior,
Vaga sem rumo, colhendo dores e pesada cruz,
Atenua no íntimo sua origem rósea
Esquece que do fútil, do vício, o nada produz.

Desatinada existência de muitas intrigas,
Não bastassem os ódios que expõe permanente
Investe feroz sem respeitar vidas amigas
Às outras criações, milagres da Divina Mente.

Ignora que a insensatez e a vantagem temporal,
Atrasam o despertar do lume interior
Em verdade, o paraíso que existe universal
E a bênção sutil de elevado valor.

Pois, os milenares dias da milagrosa criação
Nos tempos tem lugar certo e final perfeito.
São (somos) ondas de vida em franca evolução
Que obrigam nosso justo andar e vivo respeito.


ÉS JOVEM SESSENTÃO








És jovem, meu sessentão amigo !
Andas por aí tal qual profissional
Caminhando de cá até lá, encolhendo a barriga,
cabelo tingido (!?)
Se jovem és, amigo, és também antigo (!?)

Vê-se em teu rosto sulcado, marcado, maduro
Linhas passadas da alegre juventude, sem regras,
O olhar feliz, para frente, sorridente, ardente
Sem pensar no tempo, na vida, no futuro (?)

Da não eterna primavera solar, juvenil
Haverá um tão próximo dia que a vida cobrará,
Vislumbrando teus olhos (perplexos) o outono
E, amargura, mais adiante, o inverno senil.

Reconheço, sim, valor enfrentá-lo animado,
Uma ilusão de que a juventude se estende
E os choques reais, amenizam-se com lembranças doces,
Persiste o amor à vida – o existir digno, alinhado.


Diz-se que a velhice reside na mente
Ao refletires, porém, sobre a vida – ó jovem,
Não esqueças que algum dia ela se esvai
Mas, tal uma sentença ... pode ser adiada, somente.


POETA BEBERRÃO

Ah ! poeta falsificado
triste e doido beberrão;
rei da histeria tola
o que pensas da poesia ?
Julgas que diante dos copos ,
da garrafa vazia,
encontraras a musa do amor ?
enganado estás meu caro medíocre !
a musa imaculada que buscas,
aquela que o verdadeiro poeta canta,
não está no brilho d’uma garrafa,






Ilustre beberrão !
Porque a musa doce e bela
a pura e límpida impressão,
É a alma limpa que chama
É o espírito são que revela...
Ilustre beberrão.


PRESENTE, PASSADO E FUTURO







A tarde é cinzenta e fria. É outono

Bate forte o vento na janela entreaberta
Estas tardes melancólicas de sábado
me fazem viajar no tempo
E anoto quão ele é inexorável
de estação em estação.

Ligo o passado jovem com o presente
Sou eu mesmo, pena que sem mais ardor
Projetos mirabolantes, belezas utópicas,
Sem mais as ilusões de mudar
com discursos o mundo,
Nem parece verdade todo esse trajeto.

Que posso dizer disso tudo, afinal?
Que tenho saudade do feito e do não feito?
Contabilizando os trens que passaram
sem que embarcasse?
Pelas oportunidades e o tempo desperdiçados?

Não sei bem o que sinto, na verdade.
Só sei que tal ligação passado-presente
Está aqui comigo, n’alma,
E me desperta a cada dia
Quem fui, quem sou e quem serei?

Quem sabe um idealista que queria
mudar com discursos o mundo,
Lamentando os trens perdidos
Que me levariam...para onde?
Amargo com muito dó...
Olho do alto da maturidade
Serena e...mais além...
Lá serei uma lembrança remota
cuja presença se perderá no pó...

Inexorável!


PAIXÕES

Um rosto, um olhar
A convivência, a presença
A insistência
Eis que da empatia
Floresce a simpatia
O amor e, mais além
A paixão
Explosão,
Brilham luzes internas
O coração irradia
A doçura do desejo,
Que clama
Reclama
A presença
A convivência
Um abraço, um beijo
O amor abrasado
Intenso,
Que se esvai
No silencio
Na ausência
Do olhar, do rosto, da presença,
As luzes que se apagam
Uma esperança
Que se perde,
Uma ilusão ardente
Uma lembrança.




Fotos/Imagens
1. Criação, obra de Michelângelo - Capela Cistina - Roma
2. Idosos: http://gericareatendimentos.blogspot.com/
3. "Cultura cervejeira": Autor João Werner (http://www.joaowerner.com.br/)
4. Tempo: http://www.blogdosempreendedores.com.br/
5. Paixão: Idílio, de Willian Zadig - Largo de São Francisco - SP

03/01/2011

SETE PECADOS CAPITAIS / AVAREZA

(Sobre a origem dos 'sete pecados capitais' voltar para a crônica anterior "a gula") Do alto de tantos anos, não me deparei com a avareza na acepção da palavra. Neste sentido exato: “apego demasiado e sórdido ao dinheiro; desejo imoderado de adquirir e acumular riquezas.” Talvez porque nunca me relacionei com a riqueza média e soberba. Fortes tendências vi ao longo do exercício de minha profissão que essencialmente trata de direitos sobre patrimônio e valores. Não sei até que ponto essa riqueza imensa se apropriou de meios da sociedade de modo não honesto. Dá para desconfiar O que me ocorre, neste País e que caracteriza a avareza, se dá no meio político e em alguns setores sociais, a corrupção desregrada que se apropria por todos os meios e engenhos de recursos públicos. E o pior: esses facínoras de gravata não se contentam com pouco. Saciam-se apenas com valores vultosos, a ponto de tirar da boca de crianças carentes, sua merenda ou diminuir recursos da saúde, educação e saneamento aos mais necessitados. Inclui-se, mas num nível marginal na acepção do termo, o trânsito das drogas e para que tal se dê, com a liberdade que até agora ocorre, claro que há imensa rede de corrupção que se beneficia do vicio e da destruição psíquica e moral do viciado e família. A preço do vil metal. E o pior é que esses desonestos e marginais se julgam imortais tal a quantidade de abusos que praticam. Como se todos os seus crimes e lucros que deles provém serão usufruídos sem limites, quando na verdade nada sobrará da herança quando da consecução da mortalidade. Diria que esse quadro faz parte da natureza humana, neste mundo desigual, que estimula certas personalidades à experiência e ao aprendizado, mesmo que vivendo num estágio ainda abaixo da intuição média, o que não evita a delinquência, o roubo e o assassínio. Temos que conviver com essa horda, ajudar no que possível com exemplos aos que beiram a criminalidade na tentativa de alertar sua censura (consciência) ou a combater e mesmo punir como penitência. Tudo parece óbvio. Há notícias esparsas que vêm se repetindo aqui e acolá de atos de caridade praticada por muitos indivíduos extremamente ricos, o que seria uma antítese da avareza. Esses surpreendentes caridosos e filantropos têm por princípio devolver à sociedade pelo menos parte do que ela os possibilitou amealhar aos montes. São exemplos a serem enaltecidos porque sacodem a sociedade, espécie de dedo em riste condenando aqueles que abusam e mantém tudo o que amealharam no cofrinho forte da corrupção que tem tudo a ver com a avareza. E àqueles insensíveis que moram em imensas redomas virando o rosto para as carências muitas nas suas vizinhanças e que poderiam minimizar. Sim, a avareza está presente de muitas formas no nosso dia-a-dia. Mas, como disse, nunca frequentei essa roda de vícios que de uma maneira ou outra a qualificam. (1)

 (1) Sempre resisto em explanar neste espaço, temas de natureza política, mas resolvi, pelo enunciado do tema, avançar um pouco nessa linha. Os que se interessarem, inclusive com a prática de caridade por brasileiros, remeto ao meu artigo “A caridade como solução” de 05.07.2009 no portal www.votebrasil.com ou no blog, http://martinsmilton2.blogspot.com/ (Nesses portais, prevalecem, então, temas políticos e ambientais.)