09/03/2016

ENIGMAS DE JESUS



Explicação: Achei esta crônica “perdida” no meu blog que trata de questões políticas e sociais (Artigos). Foi escrito no dia de Natal de 2009. O blog “Temas Livres...” é mais adequado para explanações desta natureza por ser mais acessado do que no blog "Artigos”.
Descobri esta crônica porque pelo Google, alguém a acessou. Foi bom, porque para o meu grau mui modesto de lucubração, gostei do que escrevi.

O Natal foi deturpado pelo consumismo. O aniversariante foi substituído pelo papai Noel que se transformou num eficiente garoto propaganda da atividade comercial. Mas, ainda assim, há um sentido de paz na data pelo que emana das mensagens de Jesus. Enigmas.

Participando há dias de festa de confraternização de uma empresa que assessoro, foi convidado um religioso católico (“monsenhor”) para algumas palavras sobre o significado do Natal.

Para minha surpresa, a maior parte de sua peroração fora afirmar “O Natal não é o Natal”, tal a distorção que se dá nesses dias de festa, nos quais predomina a volúpia do consumismo e o papai Noel, essa figura importada do hemisfério Norte cuja vestimenta não se coaduna com o clima tropical do Brasil. Onde as renas, a neve? Papai Noel, esse “garoto propaganda” de muitos negócios, obscureceu o “aniversariante”.

No fim, pouco falou da figura de Jesus Cristo, encerrando sua participação concitando todos à reza do “Pai Nosso”, oração que fora, segundo o Evangelho de Mateus, ditado por Ele.

Naquele instante, surpreso com o rumo dado pelo religioso, saí um pouco do clima e me perguntei quem fora realmente essa figura tão polêmica como é Jesus Cristo, cuja passagem física pela Terra é tão pouco documentada?

Uma referência tênue se dá no livro "A Vida dos Doze Cesares" de Suetônio escritor que vivera em Roma aproximadamente entre 89 a 141 DC. No império de Tibério Cláudio Druso, lê-se no citado livro que o imperador expulsara "de Roma os judeus sublevados constantemente por incitamento de Cresto". As notas de rodapé explicam que aqueles judeus expulsos foram os primeiros cristãos e que Cresto era Cristo.

A essa referência imprecisa, há questionamentos do Seu próprio nascimento. À data tida como certa, de onde teve início a contagem de nossa era, conteria um equívoco: o que parece mais certo é que Jesus teria nascido quatro anos antes, havendo dúvida até quanto ao dia e mês exato do nascimento. (1)

Estamos vivendo dias de pesquisa que reviram tudo. A internet constitui-se fonte para todas as tendências.

Nessa linha, surgiram teses e estudos sérios, colocando Maria Madalena, não como uma mulher obscura, mas como companheira de Jesus.

E isso não se deu tão só com a eclosão do livro “O Código Da Vinci” de Dan Brown. Esse autor apenas popularizou o tema.

Atente-se para este trecho de Juan Arias, em artigo no jornal “O Estado de São Paulo” de 25.12.2005, ele que é jornalista e foi correspondente no Vaticano por 34 anos:

“A descoberta de importantes manuscritos em 1945, no deserto do Egito, faz pensar que existiu um cristianismo de primeira hora, capitaneado pelas mulheres, tendo à frente Maria Madalena, considerada a grande inspiradora de Jesus, sua esposa e depositária de seus maiores segredos. A mulher para quem o dia da ressurreição aparece antes que a Pedro e que à sua própria mãe, algo que já causava dores de cabeça a Santo Tomás”.

E a dogma da ressurreição? Coloco uma voz autorizada que põe em dúvida a Sua morte na cruz com alguma relutância, porém, porque o livro que eu saiba não se inseriu no “circuito comercial”, digamos. Trata-se da obra “A Vida Mística de Jesus” de H. Spencer Lewis que foi um dos principais líderes da Ordem Rosacruz – AMORC.

A 1ª edição é de 1929, dirigido ao público em geral e não somente reservado aos membros da Ordem, defende que a crucificação de Jesus não resultara em sua morte física. Os fundamentos dessa convicção, informa o autor, se assentaram em pesquisas efetuadas “nos lugares santos e místicos da Europa, Palestina e Egito” e de crônicas ao seu alcance nos arquivos existente em sua entidade.

Efetivada crucificação de Jesus, num dado momento, relata o autor, chegara até Pilatos uma mensagem que trazia o selo do próprio Tibério (imperador romano nos tempos de Jesus) instruindo-o a “revogar a ordem de prisão e adiar todo o processo, até que pudesse ser feita por Cireneu, uma investigação mais completa do caso. Até que isso acontecesse, Jesus deveria ser posto em liberdade”.

Diante disso, aproveitando a escuridão e a tempestade, Jesus foi removido da cruz ainda com vida e levado a salvo pelas mãos de membros da comunidade essênia – estudiosos da espiritualidade. Sobrevivido à crucificação, mais tarde reencontrou-se com seus discípulos, voltou a instruí-los até o momento em que a “porta de Sua vida pública foi cerrada para a Humanidade”.

Eis aí a “ressurreição”!

Mas, indiscutivelmente, a mensagem de Jesus Cristo fora e tem sido um divisor de águas.

Isso porque Ele pregara o amor como ponto de partida, instituindo toda uma conceituação religiosa que se materializou no "Sermão da Montanha", nas suas parábolas, produzindo uma radical mudança na mente de milhares de pessoas, que se renova com o passar dos séculos embora hoje se constatam desvios diante do consumismo e do agnosticismo crescente. E daí a indiferença.



Um religioso certa vez me perguntara:

- Já imaginou sem os ensinamentos de Cristo, como poderia estar o mundo, se não fosse imposto um freio à barbárie de há dois mil anos? E não é Ele ainda um freio à nossa própria barbárie? É Ele, sem dúvida, o grande redentor porque as pessoas, quando desejarem ou precisarem, têm uma tábua vigorosa onde se apegar. Alguns são irremediavelmente tocados por Ele. Preste atenção, completara esse religioso, toda imagem ou estampa de Jesus, tende a atrair a atenção das pessoas distraídas, mesmo que em princípio fora de seu campo normal de visão. Num dado momento elas se deparam encarando a Sua imagem. A própria comemoração do Natal, ainda que a data não seja correta: há um momento em que a volúpia comercial dá lugar a algum sentimento diferenciado no coração das pessoas, para algumas até com mais ênfase, uma esperança de melhora, de solidariedade. Porque nesses dias, acreditam tantos, Seu espírito voltaria a tocar a Terra, purificando-a, reacendendo sentimentos de solidariedade, perdão e amor.

Creio mesmo que, em momentos próprios, alguma coisa se revela ao espírito do indivíduo. Certa feita, por obrigação, presente a um culto religioso numa igreja evangélica, num dos sermões foi dado a um fiel ler um trecho do Evangelho de São João no qual Jesus, a Nicodemos, disse a célebre frase: "Na verdade, na verdade, vos digo, que não pode ver o reino de Deus, senão aquele que nascer de novo".

Diante da ignorância de Nicodemos, demonstrada com novas perguntas, Jesus quase que desconversou, mas por fim encerrou assim a conversa, parecendo até mesmo revelar certo desapontamento com seu interlocutor: "Tu és mestre em Israel e não sabes essas coisas". (João 3, 10)

Que coisas? Que temos que renascer? Que temos que voltar a este mundo muitas vezes? Não fora essa passagem uma convincente revelação de que Jesus falara em várias renascimentos, para "ver o reino de Deus"? Onde se situaria, então, o dogma da ressurreição?

Não parece convincente que o “nascer de novo”, seja na interioridade de cada um, na espiritualidade, porque nesta Terra as diferenças entre indivíduos e povos são notórias alijando muitos milhões dessa realização num período de vida relativamente tão curto. (2)

Essa passagem, somadas a outras tantas, apenas aguçam os enigmas da figura, da vida e da existência de Jesus Cristo.

Referências:

(1)            V. minha crônica “Estrela que acompanhou os Reis Magos. Mistérios” de 08.09.2015 neste “Temas”;


(2)            “Este é o planeta das contradições: ao lado de monstruosidades humanas, vivem sumidades e homens inspirados. Cientistas abnegados. Por analogia, poderemos considerar tratar-se duma grande escola na qual o aprendizado vai do jardim da infância, tudo meio caótico e primitivo, ao mais elevado curso de doutoramento espiritual.” (v. minha crônica “Onde estava Deus” de 12.10.2009 neste “Temas”)

26/02/2016

LIVRO JOANA d’ART de Milton Martins (192 Páginas)

JOANA D'ART - Romance

É um livro com timbres autobiográfico do Autor, suas memórias e, no meio de reflexões está a história de Joana d'Art.

O Autor é um advogado que por décadas trabalhou em empresas multinacionais e que, num dado momento, sem emprego, é obrigado a se instalar com escritório próprio.
Sem experiência, enquanto aguarda a chegada de clientes, tem fortes recordações, até com emoção das muitas experiências boas e ruins quando empregado.

Alguns episódios dos tempos do sindicalismo no ABC (1978/1980) são explanados para bem situar suas reminiscências.

Nesse recomeço, retorna aos tempos de sua juventude, dos traumas e das lições da rua quanto ao significado do sexo.

Lembra o Autor que no início da década de 60, o "clamor do sexo" era contido ou reprimido. Não se viam moças jovens grávidas como nestes tempos de hoje. Os jovens se deparavam com os seus impulsos sexuais (in) contidos, gerando entre eles as decorrências desse estado "repressivo".

O Autor relata experiências místicas como a que começou na avenida Paulista e se encerraram no Cemitério da Consolação em São Paulo. Não poucas vezes, em momentos de angústia questionou o significado da própria vida ao se deparar com incompreensões e experiências amargas.

No escritório, certo dia, é visitado por uma humilde senhora, residente numa favela, que alega entre lágrimas que seu filho foi injustamente preso, implorando que vá o advogado à delegacia onde está detido com o objetivo de libertá-lo.

Porém, constata que o “filho inocente” era um bandido perigoso, estuprador. 

Do estupro relatado no processo os eventos eclodem.


Joana era sua companheira, muito bonita, que acabou mais tarde presa numa pequena prisão feminina, por golpes praticados contra idosos, quando não batia a carteira dos mais “empolgados” pelo modo sensual como agia.

Na prisão é ajudada por uma carcereira resultando em alteração no seu modo de agir. Ela tem experiências místicas na prisão.

Em torno desse episódio central, o advogado enfrenta situações as mais diferentes, inspiradoras e desafiadoras, até mesmo a traição e o desdém de antigo colega de escola.

Mas, é na “visita” à favela que novos elementos se sobressaem: a constatação da extrema pobreza, as condições precárias de vida, higiene precária, a solidariedade e as divergências entre os moradores e a luta de dona Nair, a doceira, mãe do bandido.



O livro pode ser considerado "adulto moderado". Tudo é expressado com realismo tendo como pano de fundo, predominantemente, uma época brilhante: a década de 60.




Experiência:

1. Nesse meu livro aproveitei textos de algumas crônicas que escrevi no meu blog “Temas” ao longo dos anos (foram mais de cem), preferindo assim usá-las a publicar um livro específico com as melhores delas;

2. O livro, na década de 60, faz breve “viagem” aos principais eventos e a influência sobre a juventude 60, toda a sensibilidade que marcou aquela época, mas também o “clamor do sexo”;

3. Nesses eventos todos, a memória reavaliada repensando fatos vividos, eclode a história de Joana, a d'Art com episódios também inspirados em fatos reais e, com ela, as angústias do advogado sem experiência na área criminal;

4. Embora inserido no CreateSpace - Amazon, foram imensas as dificuldades de edição, sem esquecer o novo acordo ortográfico. E ainda há duas ou três pequenas inconsistências. Contei com a paciência imperturbável do meu filho Otávio Pimentel;


5. O livro é, sobretudo, de redenção, de reposicionamento da vida.


O livro está publicado no site abaixo em duas versões:

E-book: que será baixado no próprio computador e assim lido. É necessário cadastro: www.amazon.com.br
(No e-book  a impressão tem falhas de estética em algumas páginas mas em nada afetando o conteúdo).
Pagamento: US$6,00 por cartão de crédito. 

Impresso: deverá ser encomendado no site, sendo necessário, também, o cadastro prévio: www.amazon.com
Pagamento: US$8,00 + frete por cartão de crédito. 
[Esses valores podem ser alterados ocorrendo a variação do câmbio].



Títulos dos 12 capítulos

1 - De como tudo se encaminhou ao recomeço

2 - De como chegou Nair chorando por seu filho

3 - De como se deu a prisão por engano

4 - De como se uniram o beato, a sedução e o poeta

5 - De como despertam os horrores e as angústias

6 - De como as poluições ambiental e mental são amenizadas pelos risos da cidade

7 - De como Joana foi parar num pequeno presídio distante

8 - Das gentes da prisão, suas angústias e semelhanças

9 - De como um dia comum de indecisões despertaram alucinações

10 - De como vacilei mas cheguei à favela para cumprir a missão

11 - De como Joana foi libertada e rumou para a favela

12 - De como se deu uma dolorosa redenção.


INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO


1. Romance
  
2. Memórias

Todos os direitos reservados

Copyright © 2015 Milton Martins

Registro Fundação Biblioteca Nacional n° 452.716  (Lv. 850 – fls. 376)

ISBN 978-1522801337

Prefácio: Caio Martins

Capa: Sidney Caser

Revisão e incentivo: Gisele Pimentel Martins


Medidas: 

22,80 x 15,00

192 páginas

Edição: CreateSpace - Amazon

Impressão: Estados Unidos / 2016





Finalmente:
Meus caros: o meu livro “Joana d’Art” não se refere aos humores, digamos, da classe média alta. Não! O relato, incluindo reflexões minhas e também experiências que se aproximam das minhas próprias, se refere do que decorre de um estupro, dos bairros periféricos com ruas de terra, “clamor do sexo” (daí ser moderadamente adulto), prisão feminina na qual Joana muda o modo de encarar a vida inspirada em Joana d’Arc, a vida na favela, a redenção. O livro tem um timbre feminista.

DIÁRIO DO GRANDE ABC DE 15.06.2016



O texto do Diário do Grande ABC:

Neste romance, a memória do Grande ABC


Ademir Medici

Enquanto aguarda a chegada de clientes, tem fortes recordações, até com emoção, dos tempos do sindicalismo no ABC e das muitas experiências boas e ruins quando empregado.”
Da apresentação deste livro belíssimo

 “Na história de Joana d’Art – que recebera inspiração de Joana d’Arc – se trata de ficção, embora haja elementos verdadeiros. Nessas passagens, há experiências místicas, algumas verdadeiras, cujo julgamento fica a critério do leitor.”

Do relato do autor
A literatura como um todo, e a do Grande ABC em particular, fica mais rica com o livro Joana d’Art, de Milton Martins, que acaba de ser lançado. Um livro de ficção e memórias, com uma história bem escrita e elementos factuais da vida contemporânea do Grande ABC. Tem muito de autobiográfico e de cenários e acontecimentos atualíssimos.
Numa troca de informações com o autor, hoje advogado em Piracicaba, mas com toda uma história relacionada à região, fomos aprendendo:
- Tudo se deu aí no ABC, na delegacia de Utinga, mas sem divulgação expressa.
- O Fórum é o de Santo André.
- Meu escritório era na Xavier de Toledo, esquina com a movimentadíssima Luiz Pinto Flaquer.
- A favela referida é a da Vila Palmares, “apenas para situar uma certa realidade porque a ‘minha’ favela é ficção”.
- E a surpresa maior, em especial para quem estuda o movimento dos metalúrgicos a partir da greve de 1978, da Scania e da Fontoura, em São Bernardo...
- Milton Martins vai esclarecendo:
- O ‘engasgo’ na greve de 1978 – “o dia em que a boiada virou boiadeiro” – eu desvio a experiência para um amigo, mas fui eu mesmo a ‘vítima’ na extinta fábrica de Santo André da saudosa Chrysler (fundição – montagem do caminhão).
- A descrição do meu escritório aí fora no prédio da Xavier de Toledo de Santo André. Afinal, os episódios principais de ‘minha vida’ se deram no ABC (em Sanca – São Caetano – da minha intensa participação estudantil e na pequena imprensa da cidade).
CHEGA JOANA
O livro é ótimo. A história é linda. A gente começa a ler e não quer parar, para usar uma expressão de tantos, mas que neste caso é a mais verdadeira. Há uma identificação com o enredo, os personagens, as circunstâncias, os pontos onde se desenvolve a ação – por isso dizemos: o leitor aqui da Memória irá se descobrir no livro.
O ator principal trabalhou na indústria automobilística. Demitido, busca uma nova colocação. Nada de conseguir. Decide-se a abrir escritório de advocacia, ainda inseguro – chegarão os clientes?
(Trata-se do citado escritório praticamente ao lado do 1º Distrito Policial de Santo André. O escritório real vira ficção, mas é ele próprio).
No escritório aparece uma humilde senhora, residente numa favela, que alega entre lágrimas que seu filho foi injustamente preso, implorando que vá o advogado à delegacia onde está detido com o objetivo de libertá-lo. O filho, um bandidão, casado com a Joana – bela e formosa mulher, título do livro. Aí começa a trama, que prenderá de vez o leitor.
Mais informes do autor:
- 'Dona Nair' é verdadeira e a ‘Joana’ também. E também o estupro. A partir daí enveredo para a ficção.
- A prisão que eu visitei, um presídio feminino pequeno como descrito no livro, era, porque desativado, em Charqueada, a mais de 200 quilômetros de Santo André.
O AUTOR
Milton Martins é advogado, formado pela PUC-SP, turma de 1972. Ex-colaborador do Diário, “nos tempos do Fausto Polesi”. Estudioso do sindicalismo.
Escreveu o livro Sindicalismo e Relações Trabalhistas (LTr Editora). Acompanhou de perto a evolução do sindicalismo no Grande ABC. Participou de eventos importantes nos anos 1970 e 1980. Hoje mora e trabalha em Piracicaba, mas está sempre em São Caetano.
 PARA TER O LIVRO
Portal do CreateSpace – Amazon. Para facilitar o acesso, acionar o Google inserindo o título ‘Joana d’Art’. Também pode ser no contato pessoal com o autor miltonmartins44@outlook.com


JORNAL DE PIRACICABA DE 22.05.2016


Foto de Milton Martins.


E-mail de contato e aquisição direta:
miltonmartins44@outlook.com












13/01/2016

ECORREFLEXÕES E OUTRAS REFLEXÕES



Para escrever esta crônica (não religiosa) porque tinha apenas resquícios dos relatos, voltei ao Gênesis bíblico e (re) descobri o seguinte:

1. Que no 3º dia as matas (ervas verdes) e as árvores frutíferas com as respectivas sementes haveriam que proliferar no ambiente da criação;

2. Que no 5º dia foram criados por ato divino, os répteis e grandes baleias nos mares possuidores de alma vivente e “voem as aves sobre a face da expansão dos céus”. Além dos répteis, gado e bestas-feras “conforme a sua espécie”. E todos frutificariam e se multiplicariam;

3. No 6º dia criou o homem e a mulher, ficando aquele com poderes para dominar os peixes do mar, sobre as aves “dos céus”, sobre o gado e sobre toda a terra e “sobre todo réptil que se move sobre a terra.”

NÃO HÁ REFERÊNCIA EXPRESSA AOS GRANDES ANIMAIS PRÉ-HISTÓRICOS, OS DINOSSAUROS E ASSEMELHADOS. ESTARIAM ESSAS BESTAS-FERAS NA CATEGORIA DOS RÉPTEIS? NÃO TEM A CIÊNCIA, POR OUTRA, AFIRMADO QUE OS DINOSSAUROS VIVERAM MILHARES DE ANOS ANTES DO HOMEM?
Se assim foi, a criação divina teria se situado após a extinção desses animais?

No versículo 01.29, 30 e 31 está afirmado que toda a erva verde será para mantimento, para o homem e para os animais, “todos seres com alma vivente”.

Donde se conclui que não seria a carne fonte de alimentação porque todos os seres eram “almas viventes”.

Todos viviam no paraíso, no Jardim do Éden. Não longe de nossa imaginação! Nas nossas vizinhanças?



Daí, o Senhor viu “que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.”

E arrependido pelo que via, decidiu destruir Sua criação, o homem e os animais, ai entrando os episódios de Noé.

Mas, destruído o homem e os animais e as matas, ficaram as sementes respectivas.

E a semente do homem neste que já foi o paraíso ressurgiu e com ela seus atos insanos. 

Sim, há como sempre houve, entre os homens, os sábios e os brutos - os néscios para melhor se situar na terminologia bíblica.

Por causa desses justos a Terra vem sendo preservada até mesmo de grandes catástrofes como teria ocorrido com a extinção dos dinossauros – um grande corpo celeste teria se chocado com o planeta causando grande devastação e a extinção desses animais (?!).

E por causa desses justos, invoco a resolução de salvar Deus Sodoma e Gomorra houvesse dez justos naqueles sítios corrompidos, “por amor de dez”.

Não encontrados! E Sodoma e Gomorra sucumbiram.

A partir das sementes, os homens se já não eram, se tornaram bárbaros, vândalos contra os animais- almas viventes - e as matas.

Há uma horda nascida que se transforma em opressora, abusa dos fracos e os assassina por futilidades, por idiossincrasias e crenças.

Este não é e nunca foi o mundo do amor e da permanente reconciliação.

Não se estranhe, então, a brutalidade contra os animais que se converteu em espetáculo de horrores. As matas devastadas na velocidade que ocorrem, passou a afetar o clima de maneira assustadora.

O desgosto que me afeta à emoção com o que se passa na grande Amazônia hoje vítima da insânia.

E ao longo dos séculos, com a madeira farta – não consideradas as árvores como indivíduos das matas que mal compreendemos e algumas com idade até secular convertidas em vil metal - supriram e suprem toda sorte de facilidades e supostas necessidades materiais e estéticas.

Querem saber de madeiras de lei que se tornaram mobílias valiosas? Entrem em qualquer igreja e se acomodem nos seus bancos à frente o genuflexório.

E assim de um modo geral em todas as atividades. Se significaram atos de progresso, bem intencionados, necessários, que sejam, mas quem pagou – e de regra sem reposição, foram as florestas que minguam.

Ouço um clamor latente de que algo deve mudar nessa mentalidade destrutiva cheia de futilidades e resistências ao momento grave que já assalta.

Os desertos crescem, a água está mais escassa, o clima esquenta perigosamente, a poluição sem controle pelos ares.

O que enfrentarão as futuras próximas gerações?

Não há mais tempo para os abusos. O reflorestamento se impõe. Os pastos diminuírem e o gado e a sua matança na mesma proporção. Os animais respeitados, aquele conceito de “almas viventes”.

Uma nova visão do mundo e da existência se impõe. A ética repensada.
Onde os verdadeiros anunciadores?

Clamo por utopias e lutadores por elas.

Urgentemente.




Complementos

Para quem não conseguiu "autorização" de vizinhos e próximos em Águas de São Pedro para plantar uma muda de murta, na calçada, no quadrilátero próprio! É que as folhas obrigam a varrer a calçada...
Mas, rearranjo os conselhos do padre Cícero sobre preservação ecológica nestes tempos incertos e desérticos. Não há como deixar de registrar:
CONSELHOS ECOLÓGICOS DO PADRE CÍCERO

1. Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau.

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga.

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem.

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer.

5. Não plante em serra acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé: deixe o mato 
protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza.

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água da chuva.

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só. 

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a você a conviver com a seca.

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo ter sempre o que comer.

11. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Padre Cícero (1844-1934)




02/11/2015

FEROCIDADE HUMANA CONTRA OS ANIMAIS: OS ELEFANTES ENVENENADOS



Já não de hoje manifesto em crônicas outras minha perplexidade e desgosto profundo com a ação humana contra a natureza e contra os animais de um modo geral.

A insanidade do “homo sapiens” é tormentosa quando se fala da devastação das florestas, inclusive da Amazônia – semiabandonada - que, na contrapartida desse atos insensatos, há o aceno da mudança dramática do clima, o aumento da temperatura ambiente.

Todos sabemos o que ocorre além da devastação ambiental: níveis imensos de poluição expandida pela atmosfera não só pelos milhões de veículos em movimento como pela produção industrial poluente que se preocupa com os lucros imediatos e ignora as advertências severas que resultam dessas suas atividades sem que invistam em soluções permanentes.

Pouco adianta esses altos dirigentes simbolicamente e sem qualquer resultado prático, até demagogicamente, vez por outra aparecerem plantando umas árvores ou coisas do gênero. Sabem que o que se passa é de extrema gravidade mas dão de ombros imaginando que as futuras gerações, se sobreviverem, resolverão o desafio.

Por trás disso há pendente, clamando, a escassez da água que tende a se agrava pela elevação da temperatura ambiente, pelo desperdício e, claro, pelo aumento da população no mundo.

A tragédia humana não para por aí.

Na busca do dinheiro - que será sórdido, estúpido se considerado o modo como obtido – os animais também não escapam dessa sanha cruel pelo lucro. Instala-se a barbárie que os olhos se fecham, viram-se os rostos porque ali, na brasa, os churrascos vão sendo preparados para a delícia, muitas vezes, para alimentar grandes comunidades.

Não pensem, então, nos matadouros, um espetáculo de terror, de angústia profunda nos momentos antes do abate dos animais em vias de se tornarem peças de açougues.

Sim, tenho alguma dúvida sobre a proliferação do gado bovino, mesmo que tal se dê pela queima das florestas para ampliar os pastos e, dai, a poluição acrescentada pelo gás metano que também se expande pela atmosfera.

Há um documentário de natureza espírita que afirma terem os animais alma primitiva, reencarnam e, portanto, merecem a oportunidade do amor e do carinho dos seres humanos. E esperam por isso ao nos olhar como “deuses”.

Mas, o que poderia parecer – ou talvez até seja – uma contradição, o espírita reconhecido Divaldo Pereira Franco disse num vídeo que não renuncia à carne pelo seu teor proteico e porque Alan Kardec não era vegetariano. Chico Xavier também se referiu ao teor proteico da carne mas ressalva que o abandono desse “alimento” pode ser gradativo.

Sabe-se de sobejo que o vegetarianismo salvo nos excessos da dieta, não compromete a saúde de seus adeptos em nada.

 

A tragédia humana, porém, não para na discussão do teor de proteína da carne no trato brutal contra os animais e sua extrema crueldade.

Porque os caçadores sórdidos que matam por esporte, os que maltratam os animais estão a solta por aí impunes quando não ostentando seus “troféus”.

Eis que na reserva do Parque Nacional de Hwange, Zimbábue, desde setembro passado, 60 elefantes foram envenenados e mortos com a introdução de cianeto no reservatório de água no qual saciam a sede.


Diz a notícia que o “cianeto é amplamente utilizado na indústria de mineração do Zimbábue e é relativamente fácil de obter”.

[O cianeto, explicam os cientistas, é um veneno de ação rápida e fatal, podendo levar à morte em poucos minutos em decorrência de bloqueios respiratórios].

Os motivos?

Esses bandidos inomináveis, estúpidos, buscavam as presas dos animais para ganharem uns trocados. Esse marfim serve para colares e bugigangas e já usado, mas não mais (?) para confecção de teclas de piano.

Desses 60 animais mortos, o “consolo” é que a maioria das presas extirpadas foram recuperadas. E os elefantes? Ora, estão mortos do modo mais cruel e, de regra, esses criminosos nada sofrerão. Ora, eram elefantes e as presas foram recuperadas. Ora...

Fico eu imaginando, na integração irreversível do homem com a natureza, quais as consequências (trágicas) visíveis e invisíveis à vida humana com todos esses abusos e tragédias conscientemente provocadas tantas vezes irresponsavelmente a mais não poder.

Penso no aumento da agressividade, da intolerância, das carências, das guerras fúteis como resultados invisíveis...

Neste meu canto de angústia e de desgostos a ponto da emoção, não posso deixar de imaginar um futuro doloroso para os meus descendentes.

13/10/2015

QUANDO AS TRAGÉDIAS HUMANAS FALAM



(Um menino que sobreviveu ao nazismo)

Já não de hoje escrevo perplexo sobre os horrores que este mundo oferece a cada dia, menos pelas devastações de ordem natural e muito por ordem humana.

Com que frequência o terrorismo vem se sofisticando, utilizando de modo a agredir milhões, os meios de comunicação social, como tem feito, nos últimos tempos, o denominado EI – Estado Islâmico. Além da violência contra aqueles que não professam o islamismo radical, também chocam derrubando monumentos históricos que fazem ou faziam parte do que de mais relevante havia a preservar de modo perene porque apontavam passos dados pela humanidade, marcas de sua marcha relevante ou não mas que refletiam sempre uma lição de sacrifício ou de progresso.

Mas, para determinada mentalidade agressora ou opressora, este mundo não tem valia salvo se acompanhar suas idiossincrasias por mais distorcidas que sejam para o senso comum.

A violência não pode ser um atributo religioso ou cultural.

As guerras civis na Síria e Líbia tem gerado a fuga de milhares de sírios e líbios em risco mortal em seus países, pelas bombas, pelas armas letais. E se arriscam a morrer na travessia pelo Mediterrâneo, aliás quantos já se afogaram pelos barcos precários que sucumbem pelo excesso de peso, tantos são os que buscam uma saída para a vida. Já se perguntou e eu mesmo já fiz pela suposta submissão dos judeus aos nazistas, porque os sírios de um modo geral não se rebelam de modo contundente contra os lados em guerra, impondo alguma solução?

Porque a grande maioria deles, como se deu com os judeus massacrados pelo nazismo, antes só se preocupava com a vida, com a sobrevivência, com o trabalho, com os filhos. Não tinham como pegar em armas. E talvez nem sabiam como.

Desnecessário repetir que as guerras são uma tragédia cujas vítimas são essas pessoas. 
Na Síria, atualmente com a interferência da Rússia, difícil prever até que ponto de barbárie chegará essa tragédia.

Como dizem, esta é a Terra de sofrimentos, de agressões, com momentos de ternura. Ainda bem que há.

Digo isso tudo, para me referir a um livro “O Menino da Lista de Schindler”  cujo autor principal, Leon Leyson juntamente com mais de mil outros judeus foram salvos pelo nazista Oskar Shindler.


PARA LER A RESENHA DO LIVRO "O MENINO DA 

LISTA DE SCHINDLER", ACESSAR:




19/09/2015

O LIVRO, AS MOSQUINHAS VERDES E O LUAR




Aqui neste canto do escritório, já pelas tantas, livro aberto tento vencer o sono. Já é tarde. Nas páginas abertas mosquinhas minúsculas, verdinhas como revela a lupa, que se na horizontal cabem numa paralela de um milímetro.

De onde elas vêm? Do jardim seria improvável, por causa da distância. Chego perto com o polegar e elas alçam voo não superior a 40 centímetros. Batem nos meus olhos. 

Elas enxergam a ameaça do meu dedo indicador? Elas têm a percepção da ameaça, instinto de preservação?

São por demais minúsculas para tais reações “normais”. Tão pequenas que, antes de fechar o livro eu as espanto, não são muitas, para que não sejam amassadas pelo peso das páginas juntas.

Naquele momento, o universo dessas mosquinhas, essa viagem improvável, é o meu livro aberto.

Os olhos fecham pesados. Já é tarde.

Me estiro, então, numa cama confortável. Mas, não caíra tranquilo no sono ainda leve, tênue. Sou acordado por uma luz agradável, tépida: o luar bate no meu rosto, ultrapassando um vão da janela entreaberta.

Que coisa magnífica! De vez em quando sou agraciado por essa luz que sorrateiramente me invade e me faz bem.

Afinal, qual influência é mais forte? A gravidade da Lua sobre a Terra ou o contrário.

Não resisto, saio lá fora. O céu está límpido, sereno, mesmo as luzes da cidade não impede rever o incompreensível do universo.



São bilhões de estrelas, de sois até maiores que o nosso Sol, planetas outros imensos que, na escala do universo, a Terra cabe, com as equivalências, em duas paralelas de um milímetro.

E onde estou nisso tudo? Uma mosquinha com "voos limitados", cheio de angústias e alegrias, não poucas vezes perguntando o sentido dessa imensidão toda, da própria vida?

Volto para o quarto, o luar já não bate na cama, os astros se movimentam.

Se havia sono, agora a insônia comanda.

Há uma divindade que a tudo isso comanda?

Lá na interioridade admito que nada disso se refere a “geração espontânea”, nem a mosquinha diminuta que frequenta as letras do meu livro.

Impossível desvendar qualquer sentido dessa abóbada, dos conflitos e alegrias que me influenciam no dia a dia. E do que se passa em não mais do que meio metro de gramado.

Não penso em religião, tão contraditórios são seus conceitos.

Mas, repenso esta passagem do Bhagavad Gitâ (“A Sublime canção”), “episódio da grande e antiga epopeia hindu, intitulada Mahâbhârata [Maha – grande; Bhârata – Índia: então, a “grande Índia”], que contem 250.000 versos...”

A passagem:

“O caminho dos que Me reconhecem como o Absoluto e Imanifesto, é muito mais árduo do que o caminho dos que Me adoram como Deus manifesto e possuidor de forma. A concepção de Absoluto, Infinito é a causa mais difícil para a mente finita do homem. É muito difícil para o visível conceber o invisível, o finito conceber o infinito.”

E é nesta concepção que muitas religiões atuam, oram para o “Deus manifesto e possuidor de forma.” Imagens.

Toda essa impossibilidade de conceber o Universo e sua força, se encontra até mesmo na Bíblia, em que desenvolve desafio bem mais corrente, do dia a dia, ao se referir à chuva, neste trecho (36:26-28):

27. Porque faz miúdas as gotas das águas que, por seu valor, derramam a chuva,
29. Porventura pode alguém entender as extensões das nuvens, e os estalos da sua tenda?

Sim, muitos são os cientistas que contam com todo o aparato técnico possível mas não conseguem desvendar tantas e inumeráveis indagações que o Universo impõe. 


                            O tamanho da Terra em relação ao Sol

Talvez não deva me inibir em empregar a palavra correta: mistérios. Insondáveis. A qualquer descoberta, transpõe-se um muro mas em seguida outro mais alto se apresenta. E assim sucessivamente.

Amanhã, seguramente, ao abrir o livro, terei a companhia daquelas mosquinhas verdes frequentando suas páginas, suas palavras. O seu universo...