Nestes tempos conturbados, tempos das angústias e de dúvidas, da violência e da crueldade, da degradação ambiental e da desesperança que assalta a alma de tantos, selecionei um pequeno texto de página de Fiódor DOSTOIÉVSKI, de sua obra "Recordações da Casa dos Mortos" que explana sobre lições de esperança de presos isolados e sem esperança de liberdade, porém, numa prisão na Sibéria, naquele seu tempo:
Animais de toda Terra,
uni-vos
Nas redes
sociais não são poucos os aficionados em defesa dos animais que para impressionar divulgam fotos
dolorosas da prática de crueldade contra os animais indefesos que, na sua “consciência”,
a maioria está ansiosa por amar e ser amada pelo deus homo sapiens.
Na década de
20, Monteiro Lobato, tudo indica que inspirado no Manifesto
Comunista de Karl Marx e Friedrich Engel de 1847/1848 (“Proletários de todos os países, uni-vos”) nas páginas de sua obra
“Onda Verde” proclamou ele, não sem antes apontar a crueldade contra os animais,
um “manifesto animal” com este apelo:
“Animais todos da Terra, basta de submissão! Uni-vos.”
O "manifesto" animal de Lobato:
Informação
que não disponho é se Lobato só ficou no “manifesto animal” ou se foi além disso na proteção aos bichos.
Glossário - palavras no texto de Lobato:
● Mundéu: armadilha de caça;
● Glabro: sem pelos;
● Calceta: espécie de grilhões que controlam o movimento do preso;
● Torquemada, Tomás de - O Grande Inquisidor nos reinos de Castela e Aragão no século XV;
● Prometeu: na mitologia grega, um semideus. Punido por Zeus, por dele ter roubado o fogo e dar aos mortais. Por isso foi castigado, amarrado numa pedra, durante o dia uma grande águia comia o seu fígado que voltava a crescer no dia seguinte.
Os tempos se foram
No ano ‘X DC’
trabalhei na então denominada “Scania Vabis”, empresa sueca anos a frente em
termos de relações humanas e ambiente de trabalho. Lá no Ipiranga - SP, a empresa possuía apenas um
telefone e, por essa limitação, a maioria dos contatos com a matriz (Södertälje) se dava por
telegrama e correios sem sedex.
Comunicações
precárias naqueles idos de Brasil atrasado, também confuso e repleto de
movimentos sindicais e greve. Por esses ingredientes, à medida que a autoridade oficial se perdia na
indecisão ou era sabotada, deu-se o golpe militar de 1964, a bem dizer muito
comemorado pela classe média. Não só por ela, é sempre bom que se diga, porque
anos depois viriam vozes que o condenaram mas que se mantiveram, então, num engajamento de alívio e apoio.
A fábrica
sueca ficava na rua Guamiranga – Ipiranga, nas proximidades da então estação
Vemag (hoje Tamanduateí) da CPTM (antiga Santos a Jundiaí).
Os caminhões
Scania Vabis da própria fábrica pela sua altura muitas vezes foram a salvação
nas enchentes frequentes por ali naqueles idos, para todos aqueles que
precisavam sair da fábrica e chegar até a estação de trem. Quanto fiz isso!
A fábrica
Vemag, na rua Vemag – nome mantido até hoje no Ipiranga / Sacoman - com muita relação
industrial com a Scania Vabis era bem perto, vizinha, tudo próximo. A Vemag desde 1958
fabricava os veículos 'brasileiros' DKW.
O meu sonho
era um dia adquirir o jipinho “Candango” porque andava muito e muitas vezes,
como passageiro fui ao centro de São Paulo.
Não teria como comprar. Sempre quis um jeep, nunca
tive. Um brinquedo com o qual não consegui brincar.
Os veículos da Vemag desapareceram. A fábrica e
tudo o mais foi comprado pela Volkswagen em 1967, claro, aquela linha de carros
não poderia continuar. (*)
A linha de veículos da Vemag:
Afinal,
diziam, era uma mecânica obsoleta e o fusca era o fusca. Sei não.
Já disse
alhures que naqueles tempos quem tinha um fusca era “rei”.
Os tempos se
foram e eles deixaram o passado pelo caminho.
(*) Tive essa experiência de “esvaziamento”
profissional quando, na década de 80 a VW comprou as instalações da Chrysler de
São Bernardo do Campo e Santo André, encerrando a produção da linha Dodge,
inclusive do Polara, excelente carro 1.8.