07/03/2010
BUCOLISMOS (ii)
Explicação
Os amigos que me acompanham neste espaço, provavelmente estejam já um pouco entediados com a frequência dos relatos que tenho feito sobre experiências com animais: quati, abelhas, borboleta azul, leitãozinho assassinado e até escorpião no meu sapato.
Esses temas podem parecer por demais ingênuos mas será preciso saber como nasce a decisão de torná-los públicos.
Saibam antes os que chegaram agora, que a despeito desses temas bucólicos minha preocupação política, mundana, se reflete nos artigos “publicados” no portal www.votebrasil.com. Já são dezenas.
Escrevo agora sobre
Gambazinhos
... que aparecem por aqui.
A vontade de falar sobre eles se deu num fim de tarde quando o sol se punha e o céu começava a se acinzentar.
Sentado sob um pé de atemoia assistia o céu mudando de cor entre nuvens, com minha velha cadela preta por perto. Filosofava me perguntado os motivos dessa constância e da própria Lua que já dava o ar da graça, ainda tão misteriosa para nós. O denominado “satélite” que parece dar algum equilíbrio à orgulhosa matriz.
Pássaros apressados voavam alto em bando em busca do seu refúgio.
Ali mesmo, numa tarde assim, minha cachorrinha latia com insistência. Vou para o quintal, chego perto e numa forquilha da mesma árvore, semi-morto encontro um gambazinho refugiado quanto possível dos ataques que seriam mortais da cadelinha se o pegasse. Ali, quase imóvel, formigas atacavam sua cauda.
Com cuidado o levei dali.
Já dominado, o bichinho como recurso de frágil defesa abria a boquinha mostrando aqueles dentinhos virando-se para tentar morder minha mão. Não exalou aquele cheiro desagradável característico.
Curativo feito na cauda soltei-o num lugar estratégico do jardim, sob uma folhagens, com água e uma banana. À noite, a banana não mais estava lá e o gambazinho, alimentado conseguira fugir para o seu...esconderijo.
Frequentemente, naquele mesmo lugar do jardim, deixo uma banana à noite. De manhã não há restos dela. Esses gambazinhos também viraram pensionista aqui do pedaço. E se gostarem da pensão e ficarem por aqui. aí a gente vê o que faz, mas sempre à distância de tal modo que tenham sua vida longe do contato humano. Creio que eles se abrigam nas proximidades do Rio Piracicaba ou nas suas margens e à noite – são animais com hábito noturno -, saem em busca de alimentos
Não demoraria muito, tarde da noite, no comedouro improvisado aqui no muro para os pássaros, fiquei cara a cara com um deles, pego em flagrante equilibrando-se no portão, aproveitando o que restara dos mamões e bananas. Não fugiu. Ficamos nos observando olho-no-olho sob a luz a menos de dois metros. Deixei-o e fui embora.
Fotos:
Gambazinho / Google
Entardecer / Milton P. Martins
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6 comentários:
Boa noite Milton
Lindo gesto esse seu de tratar e alimentar os gambazinhos. Muita gente pensa que são uma espécie de ratos gigantes e os trucidam impiedosamente, sendo que é um crime inafiançável matar animal da fauna silvestre.
Prefiro mil vezes esse tipo de crônica, sobre a natureza e os animais, do que artigos sobre as "peripécias" de Lula&Cia.
abrs
Ivana Negri
Mestre Milton, endosso em gênero, número e grau, o que afirma a Ivani. Igualmente, agradeço o privilégio de compartilhar leitura assim tocante.
Creio justificar-se o comportamento "humano" com a Natureza pelo fato de ela nos ter sido dada de graça... Tivéssemos que por ela pelear com o empenho com que muitos buscam o "Paraíso", quiça fosse tudo muito diferente.
Saudações aos bichinhos.
Caríssimo Milton: desde criança sou apaixonada pelos animais, e o gambá eu aprendi a amar através de um desenho animado em que ele um gambá frances se apaixona por uma gatinha de listra branca e ele a envolve com o seu amor. Ela não o quer devido ao seu "fedor" (rs,rs,rs).Vá entender essas loucuras do amor!
Abraços Poéticos Piraciabanos da Ana Marly de Oliveira Jacobino
Ana Marly
Grato pela sua presença por aqui. Como disse a Ivana e isso já ocorreu comigo, esses gambas foram confundidos com ratos, no começo. Com certeza eles estã fora do habitat natural, dizem que são fauna do cerrado. Mas, o meu contato com eles tem sido sem cheiro. Homenagens. Milton Martins
Dr. Milton: belo texto! Aqui em casa, não jogo nada fora. Frutas com jeito de passadas vão para os pássaros. Pico bem e coloco sob o pé de lichia. Ah, que revoada deles para virem bicar o alimento precioso. Deus seja louvado pela beleza da Criação! Abraços da Marisa Bueloni
Belo exemplo ! Animais são realmente interessantes... é muito gostoso espiá-los, às vezes me divirto muito só ver as peraltices deles. Imagine que outro dia, lá na chácara, apareceu um quatizinho. Minha cachorrinha latia desesperada.. aí quando espiei, o quati do lado de fora assustadíssimo, sem saber que direção tomar. Ele deve ter vindo em busca de alimentos. Isto é o resultado da invasão do Homem no habitat destes bichinhos. Ab Mel
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