23/05/2010

INVASÃO ALIENÍGENA: UM PERIGO PARA A HUMANIDADE?

Nunca fui muito ligado ao “fenômeno” dos discos voadores, embora não despreze o assunto.
Basta olhar para esse universo infinito e meditar um pouco. Seremos, mesmo, os únicos inteligentes – embora meio irresponsáveis como somos – nessa imensidão toda?
Confesso que, nos meus tempos de ABC, muitas vezes íamos, eu e minha esposa Ana Rosa, numa espécie de beco – rua sem saída - que era interrompida pela via Anchieta lá embaixo. A penumbra era total. A noite revelava com mais nitidez aquele céu estrelado sem fim. Ficávamos por ali algum tempo apreciando aquilo tudo – hoje seria impossível porque os tempos são de perigo - e, quem sabe, ver algum objeto não identificado vagando no espaço. Nada.
Os que dizem ter tido contato de terceiro grau descrevem as criaturas alienígenas sempre com a mesma complexão: cabeça desproporcional e oval, olhos grandes e meio puxados, baixa estatura. Será que todas essas descrições coincidem por espécie de autossugestão?

Meu conceito, a despeito do trauma que poderá causar a visita aberta de “alliens”, é de que seriam seres evoluídos porque, ao chegarem num nível de tecnologia espacial a ponto de viajarem pelo espaço infinito não podem ser destrutivos, dominadores.
Eis que ninguém menos que o cientista Stephen Hawking sobre a eventual visita dos alienígenas afirmou o seguinte:

“Se os estraterrestres nos visitarem, os resultados seriam como quando Colombo chegou à América, o não acabou nada bem para os nativos”. E argumenta mais o cientista: “...em vez de tentar achar vida no cosmos e se comunicar com esses seres extraterrestres, seria melhor que os humanos fizessem tudo o que pudessem para evitar esse contato”. (1)
É que há várias sondas da NASA que buscam planetas fora do sistema solar que poderiam conter vida inteligente. A mesma NASA enviou em 2008 a música “Across the Universe”, dos Beatles para “viajar” pelo universo tentando que seja captada e respondida por alguma inteligência nesses confins do universo.
Essa música tem estas estrofes entre outras:

“Imagens de luzes quebradas que dançam na minha frente como milhões de olhos
Eles me chamam para ir pelo universo
Pensamentos se movem como um vento incansável dentro de uma caixa de correio
Eles tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho pelo universo”
(...)
Sons de risos, sombras de amor estão tocando meus ouvidos abertos
Incitando e me convidando.
Ilimitado amor eterno, que brilha em minha volta como milhões de sóis,
E me chamam para ir pelo universo.”


O ponto de vista de Hawking me leva inevitavelmente para a abra de ficção do inglês Herbert G. Wells, “A Guerra do Mundos”, lançado em 1898.
A origem dessa obra memorável nascera de um comentário do irmão do autor mais ou menos assim:
“Imagine se descessem alguns marcianos e nos tratassem como nós (Inglaterra) tratamos nossas colônias”.

Na obra de Wells realmente os marcianos são dominadores e cruéis. Dois filmes se inspiraram no livro, mantendo o mesmo título: de 1953, o melhor e mais recentemente (2005) o de Steven Spielberg, neste os alienígenas são, além de assassinos, espécie de vampiros.

Todas sabem o final, não há surpresa: os invasores foram abatidos por bactérias (“as menores criaturas de Deus”) que consumiram suas resistências havendo, então, um sentido de gratidão religiosa. A humanidade fora salva.

Num conto de minha autoria mal recebido tratei da possibilidade da abdução do personagem, dando-se o trauma à alma de modo até amargo com a revelação de que pouco valem as conquistas materiais que obtemos e usufruímos. Algo utópico, uma renúncia que poucos se atrevem a encarar. Deixo uma interrogação sobre o que realmente se passou com o personagem embora fosse afetado psicologicamente.
Aquele trauma que acima imagino que se daria se aparecessem formalmente os ETs por aqui para o mundo inteiro ver. (2 e 3)

Bem, para estabelecer espécie de contraposição à seriedade do tema, deixo algumas linhas de uma música carnavalesca que não consigo esquecer, da década de 50, creio – não encontrei nada dela na internet, nem autor nem a época precisa – que proclama também, num sentido otimista mas jocoso a visita dos marcianos, mais ou menos assim:

Desceu um disco voador
Na praia do Arpoador,
O marciano foi pescar uma serei na areia
Essa turma e muito forte,
A turma lá de marte é de morte
Passou pra trás a marciana
Por um broto de Copacabana
Bebeu cachaça com vermute
Pois a pinga lá de Marte é um chute...”


Não me interpretem mal, hem!

Referências no texto:

(1) “O Estado de São Paulo” de 10.05.2010, transcrevendo artigo de Alok Jha do “The Guardian”. As afirmações de Stephen Hawking foram feitas em documentário para o Discovery Channel. Hawking é doutor em Cosmologia, autor do livro “Uma breve história do tempo”.

Sofre de doença degenerativa se comunicando por um computador acoplado à sua cadeira de rodas, no qual “um software permite que ele escolha palavras de uma lista e as reproduza através de um sintetizador de voz.” (V. meu artigo “Dos sem religião” de 25.04.2010)

(2) O livro de H. G. Wells foi utilizado por Orson Welles na radio CBS - Columbia Broadcasting, programa “Radioteatro Mercury” numa transmissão para Dia das Bruxas, 30 de outubro de 1938. Essa memorável dramatização da invasão marciana levou pânico a milhares americanos com intensa repercussão, produzindo manchetes pelo mundo afora. Todos sabem que Orson Wells depois se tornaria diretor e ator famoso de cinema.

(3) “O Solitário - Delírios e Altruísmos”, neste blog, publicação de 02.03.2009)


Foto (1): Cena do filme de 1953 "Guerra dos Mundos". (Fonte: Google Imagens)
Foto (2): Stephen Hawking (Fontes diversas via Google Imagens)

Nenhum comentário: