09/02/2014

JAPÃO, DESASTRES NATURAIS & REFLEXÕES


Este artigo foi escrito em 13.03.2011, originalmente para o portal Vote Brasil, que não mais existe – uma perda – sugerido pelo meu amigo Caio Martins de tantas décadas para responder à tragédia do Japão daqueles dias e outras tragédias com graves consequências. Outras ocorreram, mas nestes primeiro dias de 2014, vasta região do Brasil vem sofrendo forte seca, sol inclemente, água escasseando, enquanto que no hemisfério norte o frio é intenso – montanhas de neve. Como responder a tais contrastes?


Análise não muito ortodoxa da tragédia no Japão havida em 2011. A harmonia Universal e a desarmonia entre nós, os semelhantes. A predominância do espírito belicoso e predador. A luta ecológica. (1)


O telescópio Hubble vagando pelo espaço, permitiu que conhecêssemos fenômenos miraculosos fotografados em região a milhares de anos-luz que artista nenhum conseguiria imaginar, no auge de sua inspiração, paisagens daquele teor.


Foi-nos permitido assistir à criação de estrelas, sua extinção, nebulosas com cores indescritíveis nesse processo natural de evolução e retração do espaço infinito que nossa vã inteligência não consegue atinar. Aí, surgem teorias como a do “big bang” que seria a explosão de uma massa informe surgida do nada e do nada a sua a eclosão nessa grandeza imensurável que nos humilha, dependendo dos olhos que a veem.

Há, sobretudo, nesse espaço infinito, um sentido de harmonia. Nessa ordem há, realmente, os meteoritos, resíduos de corpos celestes, que tendem a se chocar com outros carpos celestes.

Mas, o planeta Terra, minúsculo e talvez por causa disso, tem sido poupado desses choques que podem ser devastadores, como se merecesse a proteção universal. Afinal de contas, trata-se de um planeta azul e verde que olhado de cima, das estações espaciais, ainda é um recanto que emociona. Um planeta minúsculo, embora lindo, com tudo para ser insignificante na ordem universal mas parece haver a intervenção daquelas forças que o defendem.

Disse que tudo no universo, no pouco que conhecemos, rege-se por um princípio de harmonia impecável que também emociona.

Na hora que se desce para o planeta Terra, porém, essa harmonia universal desaparece.
Afinal somos obrigados a conviver com almas destruidoras, assassinas, belicosas. Já disse alhures que a Terra é escola que vai desde o jardim da infância, no qual estão esses seres vandálicos até o pós-doutorado, neste nível os sábios que a equilibram.

Aqui embaixo, por conta dessas forças antagônicas os que estão acima daquele primarismo predador, que enxergam a Terra como um terreno contraditório, mas que faz parte da harmonia geral do Universo, lutam para preservá-la, melhorá-la, educar e alertar seus semelhantes, não tão semelhantes pelo que praticam. Mas, há que insistir.

Tenho para mim que os ecologistas que se voltam para o todo, preocupam-se com a quebra da harmonia no planeta porque, queiram ou não, os predadores estão em maior número.

O que seria a harmonia da Terra?

Respondo: usar sem abusar, ter o sentimento de que tudo o que nos é oferecido haverá que ser usufruído com parcimônia e aqui uma contradição ou impossibilidade, abolir a belicismo, a violência e a busca da paz.

Nesse passo, no que se refere à parcimônia, me parece que a devastação florestal já chegou ou passou dos limites, a poluição das águas constitui-se ato inacreditável porque se refere a um recurso fundamental da preservação da vida e também a poluição atmosférica em proporções gigantescas. Com as matas sendo extintas, o resultado é o aquecimento global e suas decorrências como as que temos visto, devastadoras.

E que não se esqueça que na desarmonia está a brutalização contra os animais, vidas que estão entre nós e já não bastasse a incompreensão da nossa, nada indagamos sobre elas. Apenas os matamos e os devoramos como se fôssemos feras.

Matanças desnecessárias de baleias, uma especialidade japonesa. 
Querem saber a receita do “foie gras”? Ei-la: “Três vezes por dia, durante 20 dias, um tubo é enfiado no pescoço do ganso e por ali bombeia-se 1 quilo de milho e banha. Depois, um anel evita que ele regurgite. Seu fígado adoece. É com ele que se faz o patê de “foie gras”. (2)

O subsolo terrestre já foi sacudido por inumeráveis experiências atômicas, as últimas da França e mais recentemente da Coréia do Norte. Essas experiências também se deram no mar como se quiséssemos acordar gigantes que não conhecemos, do modo mais inconsequente.

Constroem-se usinas nucleares perigosas para a própria vida humana sem a certeza de que elas estão devidamente controladas e se há realmente necessidade delas.

Afundamos sondas nas profundezas do mar em busca do petróleo sem a segurança absoluta que elas não vazem de tal modo a poluir às águas e destruir a fauna marinha. Lembram-se do Golfo do México há pouco?

Somos predadores e inconsequentes. Somos belicosos e praticamente suicidas. Imediatistas, egoístas.

Com maior frequência, repetem-se catástrofes ditas naturais como se não houvesse a reação do organismo Terra às agressões que vem sofrendo nos últimos tempos, pelo descontrole que se dá no seu equilíbrio, na desarmonia flagrante. Há muito passamos dos limites.

Dirão muitos que o desastre desta semana no Japão [a data é março de 2011], proveniente de um terremoto de 8,9 na escala Richter não é novidade. Já houve alguns mais violentos. Recentemente, com quase o mesmo abalo, deu-se no Chile em fevereiro de 2010, 8,8 na escala. Em dezembro de 2004, na Ásia, foi de 9,3 na escala, o que gerou um maremoto violentíssimo e que ceifou a vida de cerca de 200 mil habitantes na Tailândia, Indonésia, Índia.

As experiências nucleares desses belicosos do mundo foram humilhadas pelo terremoto que resultou na devastação agora de regiões do Japão. Os cálculos são de que o fenômeno equivaleu a 27 mil bombas atômicas.

Os gigantes desconhecidos estão sendo despertados. E reagem cada vez com mais frequência e com maior poder de destruição.

Quem ouvira falar de “tsunamis” (palavra japonesa = ondas de porto), com essa magnitude e destruição como o de 2004 na Ásia e o de agora no Japão?
Na tragédia do Japão, um jornal num subtítulo, alardeia a “natureza em fúria”, chamando a atenção para o agravamento do desastre com a explosão das usinas nucleares situadas na região mais atingida do país não poupadas mesmo tratando-se da notória tecnologia japonesa. (3)

O terremoto de magnitude 9 causou em tsunami que avançou sobre a costa japonesa destruindo milhares de casas e também  danificando reatores da usina nuclear de Fukushima provocando grave tragédia nuclear, não tão greve, porém, como, a de Chernobyl (Ucrânia), de abril de 1986 na extinta União Soviética. A tragédia no Japão foi causa de morte de quase 16 mil pessoas e 3,2 mil desaparecidos.



As trombas d´água não só no Brasil, mas em várias partes do mundo, também são cíclicas e mais intensas; e também as secas aqui e em outras regiões.

As tragédias na Região Serrana do Rio de Janeiro se deu por nível de chuvas nunca antes atingido.

Eu não consigo atinar, por estar assistindo eventos que jamais imaginei que pudesse assistir, aonde chegaremos, quais os limites de devastações naturais que teremos no futuro próximo.

Há um sentido de catastrofismo nessa afirmação?

Creio que todo o ecologista que se posiciona sobre o “Todo”, com a harmonia no alto e a desarmonia aqui embaixo, tem um pouco ou mais desse sentimento de perda que se avoluma cujas consequências, à frente, não pode divisar.

Então ele é vigilante porque os predadores e belicosos estão em maioria como acentuei, colocando a economia e o lucro acima de tudo sem arcarem com as consequências dos seus atos sobre o meio ambiente e sobre a própria vida. Como se fossem imortais.

Dai a luta, dai as campanhas antidegradação que visam ensinar a preservação ambiental como recurso da própria vida, pelo que espero, se intensifiquem por todos os meios possíveis em permanente vigilância. (3)

Referências no texto:

(1) V. “Resenha ambiental e ecológica” de 10.12.2013 que tem conexão com este artigo. Trecho que transcrevo: "Na 19ª Conferência do Clima realizada em Varsóvia foi enfatizada a tragédia provocada pelo tufão Hayan nas Filipinas em novembro de 2013. O negociador filipino Yeb Sano, muito emocionado com as 10 mil vítimas mortas pelo tufão, desafiou aqueles que não acreditam na realidade das mudanças climáticas, que visitassem as Filipinas naqueles dias tenebrosos.  E apelou Sano para que a conferência de Varsóvia fosse aquela que "acabe com essa loucura." (da degradação climática)."


(2) Revista “Super Interessante” de setembro de 2003
Foie gras
                          

(3) Jornal “O Estado de São Paulo” de 12.03.2011

(4) Nesse propósito, a Campanha da Fraternidade EM 2011, instaurada pelo colégio dos bispos do Brasil é bastante oportuna. Num cenário devastado, diz o cartaz que a ilustra, “a criação geme as dores do parto”. 




Fotos:

1. Hubble (NASA): a Nebulosa Carina, um dos maiores berçários de estrelas do Universo - Pilares da Criação (Harmonia) [Eu vejo um espectro criando forma]

2. Google (“Tsunami no Japão” em 2011)

3. Jornal “O Estado de São Paulo” de 20.03.2011 (“Menu: ave torturada”) 

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