Este artigo
é de 30.08.2010 publicado no extinto VOTE
BRASIL portal que trazia notícias e artigos políticos que foi descontinuado. Sinal dos
Tempos...mas uma lacuna que ficou.
O artigo foi transcrito nas páginas do CPTEC – Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos / INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Talvez seja
o único que mantém o formato original do referido Vote Brasil ainda no Google.
Desde há
muito não consigo deixar de relatar minhas preocupações e angústias, mesmo, com
a degradação ambiental que compreende as devastações florestais pelo corte
implacável ou pelo fogo, o monóxido de carbono exalado por milhões de carros e
motores poluindo o ar, elevando a temperatura do clima do planeta, a
industrialização que não se ocupa, ainda, de purificar suas emanações e,
principalmente, a poluição dos rios que tornam imundas e inservíveis as águas –
elemento essencial - que por eles correm. A pesca predatória, a poluição dos
mares e até mesmo a crueldade contra os animais
Hoje, me
vejo num ambiente pré-apocalíptico. Que digam de meus exageros.
Endereço do artigo na página do CNPEC / INPE: http://queimadas.cptec.inpe.br/~rqueimadas/material3os/queimadas_e_devastacoes.htm
[É, também, uma lembrança ao Vote Brasil]
[É, também, uma lembrança ao Vote Brasil]
As queimadas, provocadas deliberadamente ou não, são as nossas tragédias diárias que se propagam pela incompetência oficial em coibi-las e combatê-las. Dai o agravamento da situação ambiental e a ampliação da desertificação em imensas áreas.
O meio ambiente pede ajuda:
"Esquecemo-nos, todavia, de um agente geológico notável – o homem. Este, de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e entre nós, nomeadamente assumiu, em todo o decorrer da história, o papel de um terrível fazedor de desertos. Começou isto por um desastroso legado indígena. Na agricultura primitiva dos silvícolas era instrumento fundamental – o fogo."
A citação acima, refere-se aos desertos provocados na região do nordeste com as queimadas praticadas de modo desastroso que, ao longo do tempo, foram devastando imensas áreas de "flora estupenda".
Não foi ela extraída de algum manual recente de entidade ecológica, entre tantas nacionais e internacionais que criticam a omissão brasileira na questão das queimadas havidas na floresta amazônica. Ela é de autoria de ninguém menos que Euclides da Cunha, ao estudar "a terra" em seu livro "Os Sertões", cuja primeira edição apareceu em 1902.
[Imagem infernal na floresta sob fogo sem controle]
Esse consagrado autor, já então no início do século passado, demonstrando certa perplexidade e amargura, apontava o absurdo das queimadas para abrir espaços para a atividade pastoril ou, "ao mesmo tempo o sertanista ganancioso e bravo, em busca do silvícola e do ouro".
Décadas e décadas se passaram e a prática do fogo continua destruindo desordenadamente as florestas brasileiras, quase que extinguindo a mata atlântica e agora, em proporções assustadoras, vai predando própria selva amazônica e o cerrado.
É brutal a omissão oficial a essa calamidade, cuja fumaça das queimadas – provocadas ou não - cega transeuntes, fecha aeroportos e dificulta a respiração de crianças, exatamente na região antes conhecida como o "pulmão do mundo", qualificativo que fora um orgulho para nós brasileiros, pelo menos para os que pensam um pouco mais à frente.
À omissão, aliam-se o absoluto desrespeito à vida, pela natureza e pelo mistério das matas virgens, com as milhares de vidas que sustentam, levadas de roldão, inapelavelmente, pelo fogo.
Esses indivíduos gananciosos e irresponsáveis que exploram madeira na Amazônia e outros biomas, não respeitam árvores centenárias, salvo pelo seu valor econômico, põem fogo na mata para abrir espaços para pastagens do modo mais desordenado e criminoso possível, de ordem a manter o maior rebanho bovino do mundo.
Nos dias de hoje, ensinam-se os princípios da ecologia e da preservação da natureza nas escolas, praticam-se solenidades simbólicas de plantio de árvores perante alunos que aplaudem e se comprometem com a idéia. Para o futuro. Mas, o futuro já corre sérios riscos. O grave problema se verifica no presente. Ações devem ser tomadas agora, energicamente, de tal maneira que sobre algo para ser cuidado no futuro.
“Diminuiu a devastação na Amazônia: em vez de sabe lá quantos campos de futebol por dia, a predação agora é apenas a metade.”
E há quem comemore esse engodo. É degradante.
Essa realidade é assustadora.
As autoridades que poderiam reverter esse processo criminoso omitem-se, fecham os olhos ao se depararem com a fumaça das queimadas e se voltam para ao dar de ombros, as desculpas de sempre: falta de estrutura de fiscalização e de combate às queimadas e, torcem para que de seus gabinetes não sejam afetados pelos seus resíduos.
O desrespeito chegou ao insuportável. O despreparo das entidades oficiais em enfrentar tais crimes é desanimador. Chega a ser patético.
Há algumas décadas, a publicação "O Correio da Unesco", reportava-se ao "Avanço do Deserto" na Terra, esclarecendo uma das reportagens:
"Muitos acreditam que os desertos do Oriente Médio e da região mediterrânea foram criados pelo homem. Há dois ou três mil anos, as vertentes e as planícies do Líbano, da Síria, o litoral do Egito e da Tunísia eram cobertos por rica vegetação (lembremos os famosos cedros do Líbano) e forneciam a Roma grandes quantidades de madeira, cereais, azeitonas, vinho e outros produtos.
O abate de árvores, a destruição das florestas e da vegetação herbácea e o pisoteio das pastagens, juntamente com a erosão pelo vento e pela água, transformaram esses territórios em semi-desertos".
Incluindo as queimadas que em muito aumenta a gravidade da tragédia, estamos seguindo há muito exatamente essa receita. A de construirmos desertos na região mais exuberante do planeta: a Amazônia.
É chegada a hora da urgência, sim, de encararmos a que ponto estamos e parar para pensar sobre o futuro e para nossas crianças, de tal ordem que vivam num mundo melhor e mais respeitoso com a natureza. Que se inspirem na simpatia que deve existir entre a árvore e o homem. Entre os animais e os homens e entre estes e a água, um elemento vital, preocupante, também descurado.
Há tanto por fazer e a cada ano, quando as coisas se acomodam após as crises constantes como esta que agora se assiste – esse circo de horrores – os projetos vão sendo postergados.
E o jogo da política menor, sórdida, volta a prevalecer com o mesmo ímpeto das queimadas.
A propósito:
MATA ATLÂNTICA EM MINAS VIRA CARVÃO PARA OS FORNOS DE SIDERÚRGICAS.
[Artigo de 15.06.2013. Origem: http://martinsmilton2.blogspot.com.br/2013/06/mata-atlantica-em-minas-vira-carvao.html]
Ainda
que escrevendo somente para mim, nos veículos restritos que tenho
disponível, inclusive neste, escrevi, entre outros, dezenas de artigos
revelando minha angústia com a devastação ambiental.
Essa
devastação no Brasil é dolorosa e preocupante, mas a grande maioria dos
povos se fecha num casulo principalmente por estas plagas, vibrando com
novelas, com o futebol em particular, ficando ao “Deus dará” a
providência para esses abusos ambientais inomináveis.
Afinal
de contas, ouve-se – e há literatura de autoajuda recomendando isso -,
“eu vivo o presente – o futuro a Deus pertence”; mas nesse futuro
insondável há o conjunto familiar, filhos e netos.
Há dias voltei a me escandalizar, porque já estive revoltado antes, com esta notícia e mesma notícia:
“(...) É a quarta vez consecutiva que o Estado [Minas Gerais] lidera o ranking de perda da floresta [Atlântica].”
“Sozinho,
o Estado foi responsável por metade do desmatamento do período, ali
realizado principalmente para fazer carvão para abastecer fornos de
siderúrgicas. Considerando somente as florestas (e não outros tipos de
vegetação da Mata Atlântica), houve perda de 10.7512 ha. no Estado entre
2011 e 2013 – um crescimento de70% em relação ao ano anterior.”(Jornal
“O Estado de São Paulo” de 05.06.2013).
É isso
Árvores
nobres, de uma reserva diminuta, algo em torno de 8% de sua extensão
original, sendo convertidas em carvão para sustentar, ainda hoje, com
tanta tecnologia disponível, siderúrgicas mineiras. Trata-se de
insanidade inacreditável, um crime que se mantem impune. Por quais
interesses essa prática se mantem é bem fácil entender: a linguagem do
dinheiro que a poucos beneficia.
E
a impunidade é tanta que o governo federal comemora, no que se refere à
Amazônia ainda cheia de elementos a desvendar, tantas vidas selvagens
sendo ceifadas, os quantos quilômetros foram devastados de um ano para
outro. Trata-se de postura enganosa porque de ano para ano, num mais
noutro menos, a floresta vai desaparecendo mesmo que todos saibam que é
ela que tempera o clima.
Há com efetividade um círculo de incompetência e irresponsabilidade porque os atos insanos se referem ao aqui de agora.
O futuro, ora, a Deus pertence.
No
trajeto do estado de São Paulo para Minas Gerais, via Anhaguera e na
sua continuação no território mineiro, são imensas as áreas devastadas,
largas extensões abandonadas. Há um misto de plantação de cana e milho.
Nessas áreas a perder de vista, não houve, de regra, a preservação
pequena que fosse, da vegetação nativa ou replantio de árvores, de micro
bosques.
Claro
que não adentrei em tais áreas, mas nada me convence que minas foram
levadas de roldão pela mesma devastação que aumenta a incidência da
seca.
O
que adianta se referir a tais omissões e insanidades? Se a ninguém,
serve a mim. Não serei eu quem se conformará. Não sou omisso.
2 comentários:
Pois é, Milton Martins... somos os únicos, neste planetinha desvairado, que liquidamos com todas as formas de vida e espécies: inclusive a própria.
Bons tempos, os do VB.
Forte abraço!
O ser humano, Mílton, pela sua ambição, egoísmo, orgulho, ateísmo, e imoralidade, é o culpado por todas essas tragédias. Ele ainda não sabe porquê existe, de onde vem e para onde vai.
Você faz alusão à crueldade contra os animais...isso, para mim também, é inconcebível, me arrasa.
Amigo, grande abraço!
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