15/11/2018

ESCOLA SEM PARTIDO. GÊNERO SEM IDEOLOGIA



Não sei bem se o que experimentei foi escola sem partido. Acho que sei sim. Já faz muito tempo, mas vou relatando essa experiência.

No primário, os professores que tive a felicidades de ter como mestres me deixaram marcas indeléveis de dignidade. 
Fui alfabetizado por um professor no 1º ano.


Até hoje me lembro dele e delas.

Qual a minha expectativa diária? Que os professores efetivos não faltassem, tal o “amor” que a eles devotava.

E quais os reconhecimentos que me marcaram depois de tantas décadas?

Algumas poucas vezes ter a melhor redação e a ler em classe, todos atentos.

Um livro por nunca ter faltando quando no 3º ano do primário presenteado pelo professa Carmen.

Um livro no 4º ano pela minha aplicação presenteado pela professora Olga.



Política, “ideologia de gênero”?
Nem pensar. Neste caso, uma afronta.

Falarei disso linhas a frente.

Não me acanho em reaver coisas de um passado tão remoto. É que, queiram ou não, esse passado passou por mim e de vez em quando bate um estranho sentido de “perda”. 

Livros: no começo histórias de Tarzan, que eu gostava muito. Depois, Monteiro Lobato e mais a frente livros mais complicados. E foi a partir daí que nunca mais larguei um livro.



No ginasial, já fui mau aluno mas sempre havia o prêmio de ter desenhado o melhor mapa da América do Sul, exibido pelo professor de geografia à classe.

Minha participação efetiva em atividades da escola, escrever para o jornalzinho.

Homenagens aos professores no dia 15 de outubro, religiosamente.

Política? Nem pensar

Desafios sexuais?

“Escola das ruas, troca de informações entre a molecada. Alguns eram mais sabidos que outros”. Nesse momento a "coisa sexual"
 já despertava forte.

O que posso dizer é que, nesses tempos, a molecada, regra geral, as exceções eram desconfianças, tinha uma grande necessidade da masculinidade.

As meninas eram recatadas, iam à missa das 10h00!

Mas, não posso negar conflitos interiores.

Esses não relatarei aqui, porque já o fiz no meu Joana d’Art, até com alguns detalhes depois de meditar sobre a oportunidade de explanar sobre isso no livro. Mas, foi bom.




Mas, todos aqueles colegas mais próximos, amigos e amigas, sobreviveram.

Isso tudo era a "alma" da escola.


No colegial, vivi os tempos dos militares, pós 64.

Envolvimento em grêmio estudantil. Colunas em jornais na cidade de São Caetano – análise política mas se referindo apenas aos assuntos locais. Muita participação, tempos memoráveis.

As aulas eram “normais”. O currículo ia sendo cumprido sem qualquer interrupção relevante.

Fora das salas, havia movimentação: começaram nos pátios da escola questionamentos sobre o modo como os militares agiam. A palavra ditadura passou a ser de uso corrente.

Mas, para a grande maioria, essas discussões, algumas radicais, eram de indiferença.

A formatura no clássico foi “feliz”. 1965, ano de muitas realizações. (*)




No curso de direito da PUC, as aulas, algumas empolgantes, outras enfadonhas, não tiveram em momento algum, desvio políticos. 

Havia indiferença com o que se passava lá fora. Ninguém estava preocupado com os "dedos-duros" voluntários que diziam existir em toda a Universidade.

Franco Montoro era professor e senador naqueles idos. Ele nunca defendeu qualquer ideia ou ideologia política. Suas aulas eram agradáveis sempre da matéria que ministrava, introdução à ciência do direito e ética do direito. Sem desvios. 

De vez em quando, lá estava o José Dirceu, aproveitando uma folga de aula e passando sua mensagem de combate aos miliares propondo a resistência ao que classificava de “ditadura”.

Falava em democracia mas depois, quando o movimento à esquerda se ampliou com armas em punho, passou a defender a ditadura de Cuba.

Mas, nada além disso.

As aulas foram sempre normais, apenas com algumas interrupções.

Às vezes, as aulas eram desviadas para o histórico Teatro Tuca ao lado do prédio principal da Universidade, para acompanhar alguma conferência sobre a teoria do direito.

Pode até ter ocorrido, mas não me lembro de nada sobre temas políticos, sobre as vantagens do socialismo e assemelhados. O Tuca até então era um "território livre".

[Em 1977, porém, houve invasão em suas dependências pelas forças policiais e militares que tinha por missão coibir com violência manifestação de estudantes de diversas Universidades que estavam por ali,  pleiteando  eleições, anistia e democracia. "Todos presos" gritou o coronel Erasmo Dias.]


MORAL DA HISTÓRIA: AO LONGO DE TODO O MEU PERCURSO NOS ESTUDOS, MINHAS ESCOLAS FORAM SEM PARTIDO.

A IDEOLOGIA DE GÊNERO E ASSEMELHADOS NO MEU TEMPO SERIA NOTÓRIA DISTORÇÃO, IMPENSÁVEL.

PORQUE COMO DISSE, OS JOVENS TINHAM CONSCIÊNCIA DE SUA MASCULINIDADE, OS MENINOS E FEMINILIDADE AS MENINAS. 

NOS TEMPOS DESSAS CONSCIÊNCIAS, HOUVE ANGÚSTIAS, NÃO NEGO.

E QUEM NÃO SOBREVIVEU E UNS MAIS QUE OUTROS, APROVEITANDO A VIDA?

ACENEM. 

ESSA FOI A "ALMA" DAS ESCOLAS QUE FREQUENTEI.
ESSA "ALMA" SOBREVIVE PORQUE HÁ MUITOS JOVENS ESFORÇADOS NOS ESTUDOS...


(*) No Diário do Grande ABC de 10.10.2018 tive oportunidade de relatar um pouco desse tempo "mágico". Essa matéria é encontrada na minha página do facebook,


Fotos:

Turma do 1º ano do grupo escolar, com o professor Paulo Tonini

Prédio de Grupo Escolar "Senador Flaquer" de São Caetano onde fiz o primário, como está hoje. Esse prédio tem mais de 90 anos.

Capa do meu livro "Joana d'Art". Informações adicionais, acessar:
https://joanadartlivroblogspo.blogspot.com/2018/04/informacoes-atualizadas-do-livro-joana.html

Minha participação em concurso de oratória em 1964 no Colégio "Bonifácio de Carvalho" de São Caetano do Sul.





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