Alhures sobre os sonhos, escrevi isto:
“...um sonho claro, inexplicável mas que se apresentara nítido ao acordar.
O que falar de sonhos? Confirmações de que o corpo mesmo que momentaneamente inanimado nas profundezas do inconsciente mantém a vida numa outra escala? Um sonho confuso, um pesadelo, de uma viagem clara e até premonitórios. Não é isso mesmo?”
Pois tendo em conta esse estágio de “comunicação” fora dos sentidos sensíveis, no começo do ano passado eu realmente sonhei com algo preocupante: dia ensolarado, e sem sombrear, uma nuvem negra pairava em baixa altura.
Então, em maio de 2020 descrevi essas imagens:
“O céu estava azul naqueles dias amenos de outono, mas havia uma nuvem negra pairando só percebida por quem entendia o momento grave. Significava como depois de constatou, que a vida de milhares de pessoas, de modo aleatório era submetida a risco mortal por doença insidiosa. E não há como explicar sua expansão, o desregramento de seus ataques, sobretudo, sua gravidade”.
Nós não temos o controle da vida, pelo menos na hora da morte.
Entre nós, tudo foi agravado porque a pandemia se aliou a agentes perversos, falsos profetas, falsos religiosos que em relação às suas ovelhas vislumbram o que poderão delas amealhar.
E aí, todos caem em oração e “oração” rogando à providência divina para amenizar ou curar a doença trágica.
Recitam orações num planeta devastado, desrespeitado que não consegue superar a agressão que recebe a cada dia.
Porque há vida nas florestas, é lá que fluem as nascentes, os rios aéreos. É lá que os animais sobrevivem e um número incontável de vida imperceptível.
Eu fico imaginando a dívida contraída pela humanidade pela destruição intensiva e insana de árvores centenárias convertidas em vil metal, não compreendidas nos serviços que prestam a todos, porque há a cegueira “espiritual” coletiva da indiferença.
Há, porém, os que sentem um vazio que se propaga por essa devastação: o vazio pelos desertos que avançam, o vazio pela brutalidade contra os animais que fazem parte de outro ciclo múltiplo de vida.
Há um preço a pagar. O planeta reage porque suas defesas estão sendo ceifadas. E essas, porque tudo faz parte do TODO, são nossas próprias defesas.
Então, as orações podem até subir às Divindades, mas há uma oração voltada para o próprio planeta que clama reavaliação de atitudes, de preservação e de recomposição de tudo o que pode ser reconstituído.
Tudo o mais são paliativos mesmo que a pandemia seja minimizada por providências da ciência.
Mas, nada mais será “normal” a menos que voltemos para o planeta e passemos a cuidar dele por tudo o que ele oferece: a própria vida.
Essa é a oração a ser repetida, de amor à Terra onde vivemos. Oração com reconstrução.
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