23/12/2024

CENAS DO COTIDIANO (X)

Temas:

1. A passarinha agressiva

2. O domínio dos celulares em uma hora

3. Super-homens 

A PASSARINHA AGRESSIVA

Este é o "meu" clima, o dia a dia sentindo as mudas crescerem e se tornarem árvores.


Nesse ambiente e mais os alimentos que lhes são oferecidos os passarinhos por aqui circulam. Há um pica-pau que pernoita numa ameixeira bem desenvolvida.

Então, os pássaros se acostumaram com o movimento, com o entra e sai das pessoas e carro.

Pois há dias, dois passarinho, talvez sabiás-laranjeiras ou talvez curruíras começaram um ninho no vão da garagem, bem protegido sob o telhado.

Até que o ninho ficou pronto e a passarinha lá se assentou tranquilamente, protegida. Tranquila é que não.



Lá de cima, perto, vendo a movimentação, voava para a ameixeira e, voltando a normalidade dela, retornava ao ninho.

Uns dias depois, ela começou a fazer voos rasantes às minhas costas, como que protestando pela minha presença constante. E, então, foi para o ataque, inofensivo, esbarrando as asas na cabeça.

Ela não sossegava, a ponto de ter eu cuidados especiais para não a espantar. Como sair com o carro?

Numa manhã, ela lá não estava.

A torcida para que voltasse. Não voltou.

Deixou três ovinhos. Os abandonou. Só ficou o ninho.  

Claro que ela não percebia quem a protegia.


O DOMÍNIO DOS CELULARES EM APENAS UMA HORA

Nessas andanças de domingo, resolvi mudar de trajeto e seguir por uma pista de ciclismo, no meio de vegetação alta ambiente muito propício a alguma reflexão.

As árvores amenizavam a temperatura.

Distante, vejo se aproximar duas crianças pedalando bicicletinhas o que me deixou contente porque pelo menos naquele momento não estavam dominadas pelos encantos do celular.

Mas, não. O pai curvado dedilhava o celular não prestando atenção às crianças. Mais atrás, a mãe.

Em seguida, um ciclista pedalando devagar, fixado no celular sem prestar muita atenção com quem vinha à sua frente.

E por fim, já fora dessa pista, de longe acompanho uma jovem que mesmo atravessando a rua não tirava os olhos do celular.

Mais próximo ela estanca num passagem estreita sempre com o celular. Me desvio e ao lado dela provoco:

— Se eu lhe tirar o celular o que você fará da vida? 

Ela me olha perplexa, como se despertasse de sono profundo, emite um som e volta para o celular.

Pois é, o celular tem tudo de apaixonante e de alienante, incentivo ao não pensar e a desviver... 











Sem exageros!


SUPER-HOMENS

Assisti o documentário de Cristopher Reeve, o ator americanos que interpretou tão bem no cinema os quadrinhos de Superman.

Essa interpretação o fez o super-homem, assim chamado comumente.

Em 1995 nesses mistérios que a vida impõe, ele sofreu grave acidente. Ele foi atirado do cavalo numa competição de hipismo, batendo a cabeça contra uma cerca, fraturando a primeira e a segunda vértebra cervical, fazendo-o tetraplégico da pescoço para baixo.

Conseguindo sobreviver precariamente, tornou-se agente na busca de recuperação de pessoas com as mesmas lesões. Esse trabalho foi importante e reconhecido. Ele faleceu em 2004 aos 52 anos.








Esse tipo de experiência que até agride nossa incompreensão me faz refletir muito porque há esse simbolismo do "super-homem humano" mas sujeito aos perigos insondáveis da vida que o faz tão frágil.

Por um "mecanismo" mental que não explico, esse evento com o ator me lembrou um filósofo do qual não sou admirador muito mencionado pelos filósofos contemporâneos, suas frases sempre citadas: Friedrich Nietzsche. (*)

Em duas de suas obras ele faz menção em viver como super-homem e homem superior, mas esqueceu de lembrar quão frágil é o ser humano que sequer se conforma com a mortalidade. Para ele Deus estava morto. Ele pregava que o super-homem deveria se libertar dos dogmas religiosos.

Pois bem, o filósofo nos último anos de vida, pelos 46 anos de idade, foi perdendo a razão num grave colapso mental. Talvez fosse resultado da sífilis que adquirira na juventude. Com a loucura viveu por certa de 11 anos sendo cuidado pela mãe. Faleceu aos 56 anos.

Neste estágio de vida não há super-homens, mas só seres frágeis que nada explicam nem mesmo o tecido da pétala duma rosa. Humano, demasiado humano.

Referências:

(*) Acessar:

O ANTI-CRISTO

ASSIM FALOU ZARATUSTRA


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