Esta crônica já publicada em outros espaços, até mesmo no meu “Artigos” um blog no qual exponho minha face de zanga por tudo o que vejo em minha volta, não concordo e me revolto (já disse, a minha “face 2”). (1).
Quantas vezes vacilo me questionando o que espero dessas minhas opiniões irresignadas. Mas, quando chega o fim de semana ou uma hora qualquer de alguma reflexão resisto à preguiça e escrevo, se não para ninguém, pelo menos para mim. (2)
Lá fora o meu deserto. E esbravejo.
Volto à crônica. Ela se identifica com este “Temas”, bem mais acessado que aqueloutro.
No imenso “Guerra e Paz”, Leon Tolstoi, ao descrever a barbárie das batalhas de conquista de Napoleão – o romance é todo centrado na invasão à Rússia – defende que também a História não se rege apenas pela só ação do livre-arbítrio do homem, mas por certas leis imperceptíveis. Daí para a História, diz ele, “também é necessário renunciar à liberdade da qual temos consciência e reconhecer uma dependência que não sentimos” e que a História não investiga os “elementos homogêneos, infinitesimais que conduzem as massas”.
Essa crença do autor russo é preocupante ao indicar que os horrores da guerra teriam uma causa transcendente, além das meras “causas imediatas e próximas” como adota a História nos livros para explicar as conflagrações.
Há tempos, vinha meditando sobre tais ideias e me perguntava o que diria Tolstoi sobre a ascensão de Hitler e do nazismo na Alemanha que além das conquistas territoriais, patrocinaram a matança de milhões de judeus – um povo que provém dos remotos tempos bíblicos - algumas minorias e milhões de soldados e civis também vítimas do conflito sem contar a gigantesca destruição de cidades inteiras.
Há uns anos, indagações surpreendentes fez o Papa Bento XVI ao visitar o campo de concentração em Auschwitz, Polônia, local de extermínio e tortura nazista onde exalam os horrores do sofrimento a maioria judia:
- “Onde estava Deus naqueles dias? Por que ele se manteve em silêncio? Como ele permitiu essa opressão sem fim, esse triunfo do mal?” perguntara o papa. E acrescentaria ser “impossível adivinhar o plano de Deus.”
Esse desabafo papal, digamos assim, incomodou-me porque me levara de novo às ideias de Tolstoi. O horror nazista não fora, então, a mera expressão do livre-arbítrio de um louco que convenceu quase um país inteiro do acerto de suas ações criminosas e, pior, amealhou adeptos até mesmo fora dele? Quais leis conduziram, então, a mão assassina do nazismo?
E as bombas atômicas americanas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945 que decretaram a rendição do Japão sob os efeitos de escombros inimagináveis e milhares de mortos? “Impossível adivinhar o plano de Deus”, disse o Papa.
Há um livro que me impressionou, “Mistério e Magias do Tibete”, de Chiang Sing que me levou mesmo a escrever, com base em revelações trazidas na obra, artigo de natureza política explanando sobre a invasão chinesa naquele país.
Essa autora se aproxima de Tolstoi ao revelar que as Divindades “quando a Humanidade estaciona e é incapaz de evoluir de acordo com as leis do Amor” abre a jaula onde mantidos espíritos maléficos, “potências das Trevas”, que encarnam entre os homens: “São elas que fazem as guerras, que desencadeiam os crimes e as baixas paixões, os déspotas e perseguidores”. Nessa jaula estão os Herodes, os Atilas, os Neros, os papa perversos, “todos os que oprimiram e ensanguentaram a terra.” (3)
E eu incluo Hitler nessa súcia.
E nesse passo, “quando a Humanidade para no meio do caminho evolutivo, é preciso sacudi-la, agitá-la, como se faz com um rebanho indolente.” E como decorrência, instala-se o pânico universal por conta “dessas almas más” e “então, a evolução se precipita, os fracos morrem, os fortes lutam e alcançam a evolução”.
Há aqui que se fazer concessões à doutrina reencarnacionista.
Olho para as estrelas à noite e constato a minha pequenez, a pequenez do planeta e me recolho sem pensar nessa imensidão celeste, algo como um primata do início da evolução que não entendia sequer o fogo e a água. Entendo hoje?
As fotos do supertelescópio Hubble dão a dimensão artística do universo. O que mais nos resta dessa imensidão insondável que não seja a ignorância?
Acho que nessa nossa pequenez mental, olhando para o chão, ciscando, desrespeitando o equilíbrio do planeta com a devastação ambiental impiedosa que se processa, pode significar por conta dos denominados “fenômenos naturais” cada vez mais destruidores, gradual depuração.
E então, não há como invocar Deus pelo que advier daí: “Onde estava Ele?”.
Melhor: “Onde estamos nós hoje neste mundo pequeno que estamos devastando de modo implacável, irresponsável, lançando sem cessar, por essas ações, tal qual bombas com seus efeitos irreparáveis. A linguagem que prevalece acima de tudo é a do dinheiro, da corrupção, do egoismo. Por isso, não precisamos que novas "potências das trevas" sejam desenjauladas. De modo inconsequente estamos fazendo o seu papel.
Referências:
(1) Meu blog “Artigos” de 12.10.2009 e também no www.votebrasil.com
(2) “Preguiça” – “Sete Pecados Capitais” de 16.01.2011
(3) “Tibet: o que teme a China” no meu blog “Artigos” e no www.votebrasil.com. de 16.04.2009. V. também “Mistérios e Magias do Tibet” 27.02.2011
Fotos /Imagens
(1) Google
(2) Hubble: "Pillar of creation"
(3) Fottus.com/sem-categoria/apocalipse
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