Uma vista
rápida de pontos de Mato Grosso, em pouco tempo, revelam muito. Cuiabá está em
obras, por conta da copa do mundo de futebol. No geral, não vi pontos altos de
beleza, como se dá em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.
Mas, nas
duas cidades há muito que fazer como de resto se observa em todo o país, em
locais mais em locais menos.
Quanto às
paisagens há muito que ver, melhor, que ver e até repensar sobre certas formações
geológicas que intrigam.
Na Chapada
dos Guimarães, aquela imensa área “cavoucada” na qual ecoa no fundo a queda d’água,
refinada, o véu da noiva. Tempos de seca, porém.
Mas, o que impressiona é, realmente, o mirante do denominado marco Geodésico, que seria o
centro da América Latina... mas os cálculos levam o centro geodésico do
continente para Cuiabá.
Pois é nesse
mirante que ao longe, do outro lado, se avistam imagens diminutas da capital,
não há como evitar: há um sentido de desafio naquela formação lá embaixo, uma
imensa cratera. Seria demais perguntar quais fenômenos na crosta terrestre
produziram aquele acidente? Quando?
É só querer,
despojando-se do micro comércio lá atrás, e de tudo o mais em volta que
perturbe – afinal, todo mundo tem direito ao silêncio – há o acometimento de
uma tênue emoção que leva a um sentimento místico. E nesses instantes, apesar
de tudo em volta, um sentido de paz, mas não a meditação – esta só se torna
viável no silêncio da reflexão.
A chegada em Poconé propicia atingir a
Transpantaneira, estradinha de terra, com pinguelas de madeira mal constituídas,
mas que, bem ou mal permitem atravessar os riachos que a cruzam.
Há imensas
áreas desmatadas no pantanal, pastos com bois e sem bois, muitas em vias de
degradação clamando pela recomposição natural.
Nos trinta
quilômetros adentro, nesta época de seca, se torce para cruzar com animais
livres naquelas matas que parecem adoentadas.
Mas, não. Poucos.
Jacarés negros ao sol nas margens, uma paca cruzando a estrada, pássaros
múltiplos e periquitos barulhentos, tucanos nas alturas...
Um raro
tuiuiú – ave com sua cabeça e pescoço negros – não é bonito. Mas, bonito é a sua
liberdade de bicar tranquilo naqueles charcos em busca de alimentos.
Numa pousada
para uma parada rápida, recomposição e descanso, uma surpresa porque impensado
para os caipiras das cidades.
Numa pequena
casinhola de madeira, quirera espalhada na sua também pequena base retangular,
aguça o empenho das abelhas em obter...exatamente o quê?
- É o
melzinho que tem o milho naquela parte branca, explica o caboclo.
Ora, pelo
modo como elas se empenham sobre o milho picado, quase imóveis, parecem
embriagadas ou querendo se tornar.
Não ligam em
dividir a “iguaria” com dezenas de cardeais, aqueles pequenos passarinhos, de
penugem vermelha na cabeça que se apoiam na casinhola e também avançam sobre a
quirera.
Estrangeiros
circulam por ali, hospedados, dias de simplicidade e convivência.
Fico imaginando
acordar naquele local tão diferenciado pelas seis horas da manhã e respirar
fundo ao som da natureza.
Um privilégio que, quem sabe, um dia terei. Fotos:
(1) Descida à Chapada dos Guimarães
(2) "Véu da noiva" que se vê daquele mirante
(3) Mirante do "marco geodésico"
(4) Tuiuiú
(5) Abelhas e cardeais na quirera
(6) Modelo de habitação pantaneira (Pousada Rio Claro)
Um comentário:
Parabéns, Milton! Euclides não teria feito melhor! Forte abraço.
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