A VOZ DO MAR
AO MEIO-DIA...ILHABELA
O sol é o do
meio-dia e bate forte nas águas emitindo luzes que ofuscam. Menos que ondas, o
mar tepidamente bate nas pedras logo abaixo. As praias são irregulares e
estreitíssimas onde estou. Aquele som inigualável do vai-e-vem das águas: o que
elas me transmitem naquele instante?
A linguagem da serenidade.
Tive essa
sensação transcendente por alguns segundos.
E pergunto:
por que não é sempre assim?
As águas
batem com a mesma suavidade e me respondem:
- Não tente
me desvendar. Respeite as minhas anormalidades. Não há enigmas apenas siga
minhas regras e cuidados. Porque senão eu te devoro. E não que eu goste, mas
tenho que ser respeitado por causa da minha imensidão cujo controle se perde.
- Mas, o mar
revolto avança sobre a terra, cidades, destruindo tudo à frente e afogando
milhares de pessoas, sussurrei.
- Eu
pertenço a um conjunto de dádivas ofertado pelos deuses. Quando as profundezas
eclodem num grito de desespero de mudanças eu reajo na mesma proporção. À ira
dos deuses. E essa reação pode significar a destruição e a morte. Mas, sei que
você está neste mundo de violência sem causa. Lembre-se que há um sentido
de ação e reação. Ademais, vocês são os grandes destruidores e agentes do
desequilíbrio. Vocês recebem mensagens amargas e nem assim se dão conta de quão
nefastas são suas ações devastadoras.
Não respondi.
Contentei-me em ouvir o som harmonioso das ondas batendo nas pedras da praia,
porque vivia um momento de serenidade inspirada pela voz suave do mar, numa
pequena praia olhando ao longe na sua imensidão.
Mas, quanto
o mar inspirou poetas!
Olhei para
um lado, para o alto e os montes estavam ainda verdes. No amanhecer, nuvens
escuras se formavam no pico naquela alquimia de mata é água.
Crônica com
tema correlacionado:
“Ilhabela, nascentes e borboletas” de 14.03.2010.
BREVE VOLTA
A SÃO PAULO
Dia
15.05.2013 – “Centro Velho de São Paulo”
O denominado
Centro Velho de São Paulo foi ofuscado pela região da avenida Paulista, que
alguém já disse ser a mais paulista das avenidas da cidade.
Meu
compromisso se dará no Centro Velho. Os trens do Metrô funcionaram bem.
Saio da
Estação Tietê e desço na Estação São Bento. São 10h00. Os sinos do Convento /
Igreja do Largo batem freneticamente. Harmoniosamente. Agradável.
A rua estava
limpa. Surpresa?
Praça do
Patriarca, nome em homenagem ao Patriarca da Independência José Bonifácio de
Andrada e Silva: relativamente limpa. Há aqueles, que não se sabe de onde
insistem em produzir sujeira na praça.
Entro por
alguns instantes na Igreja de Santo Antônio. Ali, na solenidade do ambiente à
esquerda o confessionário. Flagro, quando a portinhola se abre, um padre de
branco, esperando novos confessores. E eles comparecem. Saem da confissão, pelo
jeito, mais leves, fazem o sinal da cruz reverente, de frente para o altar e
saem. Não sei das penitências.
À esquerda
da igrejinha de Santo Antônio, um prédio baixo, estreito, a sede paulista do extinto
banco de São Caetano do Sul, que trabalhava, então, na “velocidade dos
computadores”. Uma referência naquela cidade do ABC, sustentado pelo grosso dos depósitos da General Motors. Ah, aqueles tempos.
À direita,
na esquina com a Líbero Badaró, o também extinto Hotel Othon Palace, hoje uma
agência do Itaú.
Até ali
minhas impressões eram das melhores.
Mas, sempre
o “mas”: o Largo de São Francisco que sempre que posso por lá passo para rever
a Faculdade que me rejeitou, porque já expliquei ser péssimo aluno, então, e me
deparo, encostados na mureta à direita, um dormitório de uma dezena de mendigos. Mau cheiro.
Um casal dormia coberto por trapos em plena calçada da rua José Bonifácio,
“atrapalhando o trânsito” dos pedestres.
Mais tarde rumo
para a Praça da Sé para embarcar no Metrô. Paro um pouco na frente da Catedral.
Cheiro forte de banheiro público. Pessoas mal cheirosas.
Ora, a
pobreza não precisa cheirar daquele jeito.
Saio logo
dali. Deixo a minha cidade natal com
alguma angústia.
Crônicas
correlatas:
“Largo de
São Francisco. A Academia de São Paulo” de 30.05.2009
“Raízes
sancaetanenes” (I) de 21.06.2009 e (II) de 11.07.2009
“Crônica
Paulistana” de 26.07.2009
(Há outras)
Fotos:
1. Da Ilhabela, minhas
2. Da Avenida Paulista, da janela, de Isabel Vasconcelos, via celular
3. As demais, from Google
Um comentário:
É, sou mais Ilhabela!!!
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