Muitas são as experiências interessantes com abelhas relatadas sempre. A minha é simples e de não agressão embora eu me expusesse a tanto no meio delas. Hoje, como tantos outros animais e insetos úteis elas estão num processo de extinção, quer pela degradação ambiental, quer pelos agrotóxicos espargidos nas plantações. Dentre os "animais" que polinizam, a abelha é o principal indivíduo. Elas equilibram a produção de frutas e outros alimentos que tende gradativamente à diminuição.
Estes são os tempos das tragédias ambientais.
Como essa preocupação não afeta a quem deveria, porque hoje tudo é imediato e na linguagem do dinheiro faço minhas homenagens às abelhas torcendo por elas e enaltecendo a necessidade de sua proteção.
Abelhas
São essas pequenas coisas que ficam, um
carinho só, um sonho que com o tempo vai se desfazendo. Não sei bem porque é ou
foi assim. Me parece que para muitas coisas há uma fadiga natural e, com ela,
certo desencanto e a ansiedade de mudança eclode.
Pois, foi assim.
O terreno não ia a sete mil m². Era tomado
por eucaliptos. Para torná-lo aproveitável comecei um trabalho de arrumação do
terreno. Um pequeno trator se incumbiu da devastação.
Mas, no lugar dos eucaliptos, em todos os cantos foram plantadas árvores
frutíferas, abertos canteiros, flores e, com elas os beija-flores e abelhas.
Muitas árvores e plantas foram queimadas pela geada que por lá se dera nalguns invernos.
Depois, construí uma casa de madeira, bem
própria para o campo. Arrumadinha mas com alguns detalhes meio precários, caso
dos vãos entre o telhado e o forro, que permitiram que morcegos frugíveros ali
passassem a viver, ruidosos a noite inteira sobre o forro.
E mais, tempos depois, num dos lados do
telhado, bem na aba da varanda, a pouca altura, instalou-se um enxame de
abelhas.
A colmeia cresceu muito. O mel quase que
varava pelo o forro frágil de fibra tipo “eucatex”. Chegamos a extrair mel em
razoável quantidade.
No calor insuportável dos dias de verão, as
abelhas pareciam sofrer muito porque as telhas de amianto aumentavam a
temperatura ficando a colmeia “prensada” num forno.
Em grande quantidade elas deixavam o abrigo no
telhado e, “nervosas”, saiam em busca de alimento ou permaneciam esvoaçando
ruidosas a poucos metros do chão.
Tinha por hábito passar no meio delas. Elas
se embaraçavam nos meus cabelos, mas nunca foram agressivas. Jamais fui vítima
de seus ferrões, salvo uma única vez em que uma delas, vendo-se presa atrás da
lente de meus óculos, ameaçou a picada que não consumou. Se se consumasse,
poderia ter atraído o ataque de outras e teria sido perigoso...ou doloroso o suficiente para
não mais esquecer.
Essas abelhas eram agressivas. Certa feita,
num pequeno serviço de terraplenagem por perto, o tratorista foi violentamente
atacado por elas.
Para mim, essa relação de confiança
demonstrada pelas abelhas, transcende o acaso, deixando transparecer que até
elas respeitam sentimentos de não agressão e de tolerância.
Mas, não havia como, um dia tiveram que ser
retiradas por quem bem delas cuidava.
Mas, essa minha convivência com elas,
pode não ser pacífica. A reação pode não ser a mesma em qualquer outra
circunstância ou pessoa podendo ser perigoso.
O tratorista a metros de
distância da colmeia teve essa experiência ao ligar o trator.
Tantos anos depois, ficaram essas saudosas lembranças.
Tantos anos depois, ficaram essas saudosas lembranças.
[Foi lá
que numa pequena área de mata baixa, vizinha, devo ter encostado a perna numa
taturana venenosa. Foi uma das dores mais atrozes que senti.]
Vespas
Quando vim para o interior de São Paulo mudando-me com a família do ABC ,
aluguei uma casa assobradada. Na parte de baixo espécie de salão de jogos,
dando para o quintal, instalara-se, parecia fazer algum tempo, um ninho de
vespas, aquelas cujas picadas são muito dolorosas.
As crianças querendo fustigar os marimbondos
que ali viviam quietos e amistosos, passaram, numa tarde de sábado, a mirar
tênis no ninho. Claro que o vespeiro ficou agitado e agressivo. As vespas se
aproximavam tentando identificar o agressor.
Impedidos por mim de continuarem atiçando os
bichos, depois de algum tempo, não houve jeito, tive que recolher os tênis bem debaixo do ninho semidestruído.
No momento em que estiquei o braço direito
para recolher um dos tênis em local bem abaixo donde esvoaçavam as vespas, uns
cinco indivíduos me atacaram, picando apenas o braço ameaçador.
Eles não me atacaram para agredir, apenas
para se defenderem da iminência de nova violação.
Meu braço inchou, mas eu apreendi a lição da
não agressão e da justa defesa.
Fotos
1. Trator trabalhando no terreno e primeira "moradia"
2. Casa pré-fabricada. Na aba à esquerda da varanda, habitavam as abelhas
3. Abelhas
4. Vespas
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