"Gazeta de Piracicaba" de 29.05.2020
A imprensa não tem se omitido em noticiar a predação da floresta Amazônica (*) como nunca se viu nessas proporções.
É que houve uma mudança de rumo, para pior, nestes últimos tempos, que tem revelado tolerância com essa prática criminosa provocada por grileiros e madeireiros ilegais que lá agem quase que livremente.
Esse
tema para mim é de muita sensibilidade e, nestes tempos em que
muitos se proclamam crentes em Deus tenho meditado muito,
"religiosamente"
sobre essa
devastação deletéria cada
vez mais impune
que, se não defendida por interesses políticos radicais,
muitos são os que se omitem como se aquele patrimônio “espiritual”
pouco significasse para
o futuro do planeta.
Volto-me
, então,
para
o simbolismo do "Gênesis" bíblico, mas se simbólico o
que relata da criação constitui-se, porém,
grande
lição a pensar.
Com
efeito, no decorrer do milagre da criação, Deus seguiu esta
ordem:
No
terceiro dia:
11.
E disse Deus. Produza a terra erva verde que dê semente, árvores
frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está
nela sobre a face a terra. E assim foi.
No
quinto dia:
25.
E fez Deus as bestas-feras da terra conforme a sua espécie, e todo
réptil da terra conforme, a sua espécie. E viu Deus que era
bom.
No
sexto dia:
27.
E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou: macho
e fêmea os criou.
30.
E todo o animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo o réptil
da terra, em que há a alma vivente, toda a erva verde será para
mantimento. E assim foi.
De
notar que o 'verde' foi
criado já no 3º dia; os animais, de "almas viventes", no
quinto dia e o homem somente na 6º dia. Coube a ele, "dominar
(presidir) sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado e sobre toda a terra e sobre todo réptil que se move
sobre a terra" (1.26).
Há
nesses versículos todos um sentido de religiosidade profunda. O
dominar ou presidir toda essa criação não significa devastar,
destruir, desrespeitar. O verde como alimento foi
destinado
não só para o homem que viria depois, como
para todos os animais de "alma vivente".
Na
medida que esses milagres da criação são desrespeitados, sem
reposição do que destruído, qualquer manifestação dita religiosa
é hipócrita, porque
além do verde, florestas imensas que sabemos que temperam o clima há
no seu entrelaçamento os animais e espécies que têm o direito de
viver nos
seus recantos mas
que são vítimas da quebra de seu habitat ou mortos pelos incêndios
ou pela predação humana implacável na
devastação.
E na linguagem do dinheiro que prevalece, poucos os que se dão conta do significado dessas criações que vieram antes de nós, que sequer entendemos com o rigor que seria pensado mas que o simbolismo desses versículos do Gênesis nos levam a refletir.
A floresta tem sua “alma” e implora a preservação e os animais “almas viventes”. Merecem respeito e amor.
(*) Está sendo “liberada” a devastação, também, na Mata Atlântica
Nenhum comentário:
Postar um comentário