"A extração ilegal de madeira corre em ritmo acelerado na Amazônia, fazendo com que o volume do desmatamento acumulado de agosto de 2019 a março deste ano já chegue ao dobro do verificado no mesmo intervalo anterior, quando a derrubada recorde da floresta virou alerta global. Uma área superior a três vezes a cidade de São Paulo já foi abaixo neste período." (*)
Então, nada como um dia como este para meditar "religiosamente" um pouco sobre isso.
Volto-me para o simbolismo do "Gênesis" bíblico, mas se simbólico o que relata da criação constitui-se grande lição a se pensar.
Com efeito, no decorrer do milagre da criação, Deus seguiu esta ordem:
No terceiro dia:
11. E disse Deus. Produza a terra erva verde que dê semente, árvores frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a face a terra. E assim foi.
No quinto dia:
25. E fez Deus as bestas-feras da terra conforme a sua espécie, e todo réptil da terra conforme, a sua espécie. E viu Deus que era bom.
No sexto dia:
27. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou: macho e fêmea os criou.
30. E todo o animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há a alma vivente, toda a erva verde será para mantimento. E assim foi.
De notar que o 'verde' foi criado já no 3º dia; os animais, de "almas viventes", no quinto dia e o homem somente na 6º dia. Coube a ele, "dominar (presidir) sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado e sobre toda a terra e sobre todo réptil que se move sobre a terra" (1.26).
Há nesses versículos todos um sentido de religiosidade profunda. O dominar ou presidir toda essa criação não significa devastar, destruir, desrespeitar. O verde como alimento não só para ele como para todos os animais de "alma vivente".
Na medida que esses milagres da criação são desrespeitados, sem reposição do que destruído, qualquer manifestação dita religiosa é hipócrita.
E a hipocrisia mais se sustenta, a quem bater no peito e disser ao vento e aos bajuladores: "creio em Deus". E cai de joelhos perante falsos profetas e amealha os favores dos seu adeptos com a alma desorientada que merecem a compreensão.
Disse Jesus Cristo, em seu "sermão da montanha", segundo Mateus (6.5):
"E quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão".
Como pode um arrogado religioso desdenhar, como desdenhado tem, e a não presidir com amor esses milagres anteriores da criação? Mas, não, com palavras e desdém lançá-los, cúmplice, aos insanos que os destroem? A que preço que não seja o preço vil?
Hipócritas.
No filme "Quo Vadis" de 1951, sem entrar nos rigores da própria história, ao incendiar Roma, Nero na sua loucura, tinha um "projeto" de reconstrução da cidade.
Para se livrar da ira do povo pelo crime atribuiu aos cristãos o incêndio que engendrara contra a própria Roma e seu povo simples.
Era ele rodeado de bajuladores que enalteciam seus "talentos" medíocres de poeta e cantor. Havia um conselheiro, Petrônio, que ao enaltecer esses "talentos" o que fazia era impedir que a loucura do "divino" fosse mais trágica e mais assassina.
E havia o "general" Tigelino que em tudo o conduzia para a barbárie e crimes, mas era neutralizado pelo ponderado Petrônio.
Sim, Nero na sua loucura julgava-se divino. E essa condição de divindade era propagado ao romanos pelos seus bajuladores.
Sim, a culpa pelos seus desatinos é dos outros.
Nestes tempos caóticos, muitos são os que se penalizam com os animais.
Com efeito, muitos vertem lágrimas com um cavalo que morre de tanto esforço que lhe é imposto no dia a dia, por um "dono" irresponsável.
Todos enaltecem os cuidados com os animais domésticos que são tratados, muitos, como crianças mimadas. Nada contra, desde que não se esqueçam das crianças.
No descaso e no deboche grosseiro nos apelos que apontam a devastação da Amazônia, os animais que morrem ou pelos incêndios criminosos ou pela sobrevivência impossibilitada pela quebra dos recursos alimentares são milhares.
Calem-se hipócritas políticos e os omissos que dão de ombros porque todos são cúmplices dessa tragédia!
E nem pensem que esses crimes não repercutem no planeta que de um modo ou outro adverte ou penaliza pelo abuso e desordem ambiental e moral praticados pelos homens.
Eu mesmo já revelei meu asco pela maneira como agem chineses, em determinadas regiões que se alimentam de tudo o que se mexe, sejam insetos, morcegos na sopa, sapos, ratos crus, animais exóticos e domésticos e o que mais a imaginar.
Esses ataques aos animais e insetos tem a ver com a tragédia imposta pelo ditador truculento Mao Tse Tung que "governou" a China de 1949 a 1976 (ano do falecimento) que impôs a morte pela fome a milhões de chineses.
E o abate nesses mercados chineses dos horrores se dá com extrema crueldade.
Mas, não se admirem de modo hipócrita com o que ocorre na China porque todos os que consomem carne como alimento não olham para o que se passa na barbárie dos matadouros.
Não querem saber dos porcos "aprisionados" imóveis em gaiolas até que tenham o peso para o abate!
Eu tenho pensado muito nessa crueldade e tenho minhas intuições.
Nos tempos das cavernas, os hominídeos aprenderam a caçar os animais e se alimentavam de sua carne.
Li não faz muito dois livros clássicos, "Odisseia" escrito há 900 AC por Homero do qual registrei o seguinte:
É nessa visita emocionada entre pai e filho é que se sabe que o velho Laertes (pai de Ulisses) cultivava frutas em seus campos. Essa é única referência a esse tipo de alimento em toda a Odisseia. A predominância sempre fora nos festins constantes, a carne. o pão e o vinho.
Essa mesma predominância carnívora e do sacrifício dos animais ocorre no Eneida, escrito por Virgílio anos antes do nascimento de Jesus Cristo. (**).
O sacrifício de animais nos altares é mencionado na Bíblia.
Me parece que o sacrifício dos animais para alimentação - o gado prolifera bastante - tem a ver com decisões divinas em reconhecer que a maioria dos homens ainda guarda a herança dos seus ancestrais dos tempos das cavernas.
Mas, há a lei da causa e efeito.
E abatem barbaramente aqueles seres dotados de "almas viventes" que deveriam ser preservados por eles.
Sim, este é o planeta da barbárie, das diferenças, das penitências e nesse quadro caótico ou de redenção ou de expurgo.
Vejo de modo não otimista o obscurantismo e o caos futuros que atingirão as próximas futuras gerações.
Tudo o que é noticiado vindo da China, pelo seu regime político fechado, ditatorial recebo com reservas.
Mas o que é verdade é a compra de carne bovina pela China, algo em torno de 350 mil toneladas em 2019. Uma parcela para superar a fome de mais de 1 bilhão de habitantes.
Mas, qual a preocupação ambiental que foi divulgada recentemente por diversos meios de comunicação? A de que a China vem promovendo ampla cobertura vegetal (reflorestamento) como um modo de diminuir a sua imensa poluição:
"Como parte do plano para construir uma China Formosa, o país prometeu aumentar sua taxa de cobertura florestal para 26% até o ano de 2035.
Para cumprir o objetivo, Zhang enfatizou que o país deve acelerar o ritmo de reflorestamento, com cerca de 6,67 milhões de hectares de árvores recém-plantadas todos os anos, e deve implementar uma estrita proteção dos recursos florestais.
Mais medidas serão tomadas para promover a restauração ecológica das pastagens e será impulsionada a criação de parques nacionais pilotos, salientou Zhang." (***)Dá-se, então, uma reversão de atitudes. Por aqui se desmata de modo criminoso sem controle nenhum, o que pode e o que não pode, tanto para obter madeira como para aumentar pastos, para maior produção de carne especialmente para exportação incluindo a China.
A China por sua vez, refloresta, contando com a carne brasileira a preço de liquidação e não olha para o desastre ambiental que por aqui se avoluma para sustentá-la mesmo que em parte.
Hoje, o poder central é rodeado de bajuladores que se aproveitam dos meios de comunicação, as tais redes sociais, para santificá-lo, para comparar com o passado os seus discursos desastrados, pelas falsidades que divulgam, pelo rancor que não falta, pelas suas contradições e incompetências.
Deturpam apelos preservacionista sejam quais sejam os interlocutores, sem pensar um pouco no que de verdade contêm esses apelos.
E partem para a agressão, para a distorção inescrupulosa.
Os imediatistas, ignaros cuja visão se perde olhando para os pés e não para o infinito.
Referências:
(*) "O Estado de São Paulo" de 09.04.2020 (de André Borges)
(**) Acessar:
"Odisseia":
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/09/odisseia-de-homero.html
"Eneida":
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/01/eneida-de-publio-virgilio-maro.html
(***) "Xinhua Português" de 12.03.2019
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