25/08/2023

TREMORES

Esta crônica é pouco ortodoxa pelas revelações que faço. É um esboço ou um incentivo do que poderá se constituir em exposição mais ampla, no qual esta crônica, melhor desenvolvida, seria uma página ou um capítulo.

Há muito que dizer... o tempo dá um tempo.

Eu já relatei que um dia fiz a primeira comunhão e minha mãe fez uma festinha comemorativa na casinha modesta onde morávamos no bairro Fundação (SCS) mesma sala onde brincava de escritório. Havia base redonda duma mesa de centro que ficava pouco acima dos pés na qual “arquivava” papeis do “meu” escritório.

Minha mãe fez questão dessa comemoração.

Aqueles foram tempos felizes, mas tudo tem o seu tempo.

Houve esse sentido religioso do qual me afastei.

Já avançando na adolescência vivi com meus irmãos mudanças inesperadas.

Não me animo agora a falar sobre isso se realmente acreditar no que aqui vou relatar.

Talvez um dia me anime a tanto numa explanação mais elaborada tentando resolver sob a minha ótica essas experiências de vida como essas que, penso, superei.

Minha irmã mais velha sempre demonstrara, digamos, “sensibilidade espiritual” e na busca de respostas às projeções interiores que não entendia enveredou pelo ocultismo, esoterismo e inclusive no Rosacrucianismo da AMORC, naqueles tempos muito na moda.

Não há dúvidas que essa sua busca influenciou meu irmão e também a mim.

Esses irmãos já faleceram.

O ocultismo concentra uma gama de caminhos e alguns são até perigosos quando se insiste em os trilhar sem os entender.

Mas, hoje, me parece, com tantas alternativas de conhecimento esse tipo de trilha é pouco enveredada, acho.

Havia uma máxima que dizia que aquele que enveredasse pelo ocultismo, sempre teria algum lampejo em sua mente, fragmentos desses caminhos pouco ou muito trilhados. Quanto a mim há muito não me preocupo porque desde sempre me julguei um pré-neófito.

Nem sempre a religiosidade, nesses estudos, era invocada.

No caso da AMORC não me lembro da menção, por exemplo, a Jesus e o que representava nesse “mundo alternativo”, até que li um livro, “A vida mística de Jesus” escrito por um dos principais líderes da Ordem no passado (H. Spencer Lewis).

Um livro ou uma corrente filosófica, posso qualificar desse modo, que muito me influenciou, foi “Conceito Rosacruz do Cosmos” ou “Cristianismo Místico” de Max Heidel.

No grosso volume de mais de 500 páginas entre muitos temas, sobre a presença de Jesus no mundo, escreveu ele:

“Se Cristo Jesus tivesse morrido simplesmente, ter-Lhe-ia sido impossível executar sua obra. Mas, os cristãos têm um Salvador ressuscitado. Alguém que está sempre presente para ajudar os que invoquem o Seu nome. Tendo sofrido de tudo como nós, e conhecendo plenamente as nossas necessidades, Ele é o lenitivo para os nossos erros e fracassos enquanto continuarmos tentando viver uma vida digna. Devemos ter sempre ante os nossos olhos que o único verdadeiro fracasso é deixar de tentar.”

Então, os pecados do tempo de Jesus e os de agora, agravados, estão por toda parte: guerras, assassinatos, desonestidades, perseguições…

Mas, a todos que queiram se voltar à “vida digna”, ele está presente. É um amigo que pode ajudar no invisível as angústias, o desespero e até o ter sempre por perto.

Quero dizer que desde há muito, nas minhas reflexões questiono passagens de Jesus no seu tempo. Não se trata de arrogância inconsequente. Mas, atribuí a mim o direito de refletir sobre alguns aspectos de sua vida e tudo aquilo que não me é dado entender.

Por isso que — e já me referi a esse versículo — aplico Mateus 6.6 (“se quiser falar com Deus”). Mas, cada vez mais estou me impondo buscar a sua amizade e proteção.

Não estou aqui fazendo pregação religiosa — nem pensar! — e vou relatar linhas a seguir experiência fora desses conceitos.

Mas, antes, é sempre bom lembrar que essas correntes esotéricas e mesmo o espiritismo doutrinam que a vida é regida pela “lei das consequências”, para o bem e para o mal. Pelos atos praticados. E essa lei age a seu tempo e hora até em reencarnações futuras.

E uma dúvida que tenho: o livre arbítrio, ainda que limitado, rege o destino duma vida? Como conciliar certos acontecimentos da vida que nada teriam a ver com nossas escolhas individuais?

Esses mistérios que me rodeiam.

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Eu disse que o ocultismo pode ser perigoso e pode provocar experiências estranhas.

Ele pode mexer com o psiquismo. Conheci casos graves sobre essa influência naqueles idos.

No livro Zanoni de Edward Bulwer-Lytton, cujo enredo seria de “ocultismo fantástico” segundo indevidamente qualifica a capa, o personagem que dá nome ao livro e outro personagem, Mejnour, tinham a dom da imortalidade, viviam havia séculos. Eles agiam numa linha ambígua entre os mortais embora a obra fale no aperfeiçoamento da alma interior para que os homens se tornem mais que homens (todos os seres humano).









Mas, um terceiro personagem por tentar desvendar os poderes de Mejnour atraiu espíritos horrendos que o perseguiam.

Quis ou não o Autor, a verdade é que ele estabeleceu a tênue linha entre a iniciação para o bem ou para a tragédia da possessão neste caso ao não merecedor daqueles conhecimentos herméticos.

Relatei isso no meu “Joana d’Art” (*). Se bem me lembro, quando lia os trechos mais assustadores do livro (eu li mais de uma vez), as luzes se apagaram na minha sala.

Um susto e na penumbra.

Uma outra vez — talvez não fosse o mesmo livro, mas outro com as mesmas incursões — estava sozinho numa chácara em Campo Limpo Paulista, num local isolado, tarde da noite, escuridão total. Essa segunda experiência me levou ao descontrole e à busca de alguma luz… de vela…


















Claro que muitos rirão, dirão que se tratara de mera coincidência — “muita” para o meu modo de pensar, porém.

No “Conceito Rosacruz do Cosmos” a possessão é admitida lendo-se uma história na qual seria comprovada a reencarnação.

E os Evangelhos, quanto Jesus expulsou esses espíritos do mal, dominadores!

Não encerrei ainda esse tema. Há os Terrores.


Referência:

(*) 




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