02/11/2014

DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA E DO CERRADO

Explicação
Não me interpretem como surfista da onda, no que se refere a posicionamentos sobre a devastação ambiental que se dá na Amazônia e no Cerrado.
Não! Sobre esses temas já escrevi muito, exagerando ou não, emocional ou revoltado porque a Amazônia e o Cerrado são dois biomas importantíssimos. Com a Mata Atlântica – da qual hoje só há fragmentos – formam (ainda) um conjunto primoroso de equilíbrio ambiental, a vida exuberante naturalmente se extinguindo e renascendo nesse processo misterioso organizado pelos deuses da natureza.
Esse ciclo vem sendo duramente afetado pela ação predatória do homem.
Das dezenas de artigos que escrevi sobre questões ambientais notei que uns poucos interessados se aplicaram em sua leitura. Lembro que o meu “Queimadas e devastações” de 30.08.2010 foi transcrito nas páginas do CEPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos / INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Biomas



AMAZÔNIA DEGRADADA
A comunidade científica que estuda o meio ambiente chegou à conclusão que a degradação sistemática que se dá na Amazônia por anos a fio, afeta o ciclo de chuvas no Centro-Oeste e Sudeste atingindo a culminância neste ano de 2014 com seca jamais vista e não se sabe como será o ano de 2015.
A grande cidade de São Paulo, com mais de 10 milhões de pessoas nestes primeiros dias de novembro, está na iminência de ficar sem água para as necessidades básicas, uma possibilidade caótica.
Não há muito fizera uma metáfora, em defesa da Amazônia pugnando pelo desmatamento zero, que as chuvas eram o suor das árvores. E eis que essa metáfora não seria novidade no modo científico de explicar as chuvas que escasseiam por aqui.
Agora vozes autorizadas defendem que o desmatamento zero só não basta para repor à floresta alguma normalidade, é imprescindível o reflorestamento com vegetação nativa em todas as áreas degradadas pelos pastos que se perderam com a erosão. E essas intervenções, todos sabem, são criminosas, especialmente com as queimadas imensas para “limpar” terreno.
Meu apelo, meu grito de alerta: chega de gado, chega de carne, chega de soja que alimenta o gado em alto porcentual da produção. Os bois consomem florestas e água em profusão.
Até quando essa “prioridade” insana prevalecerá? Até quando a retirada ilegal da madeira? Até quando esse dinheiro sujo?
Nessas ações criminosas nada é respeitado, nem as próprias árvores, centenárias que sejam, nem a fauna. A estupidez é tanta que não se preocupam, esses bandidos, com a alteração ambiental graves que agora se torna flagrante.
Números: nos últimos 40 anos houve a destruição de 763 mil quilômetros quadrados da floresta Amazônica, equivalente a três Estados de São Paulo. Segundo Antônio Donato Nobre, do INPE em estudo a propósito:
Já foram destruídas pelo menos 42 bilhões de árvores na Amazônia (…) cerca de 2.000 árvores por minuto. Os danos dessa devastação já são sentidos, tanto no clima da Amazônia – que tem estação de seca aumentada a cada ano – quanto a milhares de quilômetros dali.” (1)
A floresta, com a umidade que exsuda, leva os denominados rios aéreos para outras regiões e as chuvas caem. Sua degradação impacta negativamente nessa sua tarefa natural em suprir o continente de água, os mananciais e as nascentes.

Devastação zero na Amazônia e reflorestamento em larga escala já. Sabem, estou falando nada mais nada menos da água como “resíduo” das ações da floresta que “soam” trilhões de litros. Eu disse ÁGUA!


O CERRADO EM PROCESSO DE EXTINÇÃO

A tragédia vem se materializando dia a dia.

Vou tentar explanar os pontos principais do que disse o cientista Altair Sales Barbosa da PUC - Goiás, em recente entrevista. (2)

O Cerrado é um bioma composto de vegetação que depende de solo oligotrófico  [nível baixo de nutrientes].

A vegetação do Cerrado é antiquíssima, de milhões de anos dos ciclos da Terra, anterior à própria Amazônia.

Nesse passo, a devastação que lá ocorre é irreversível, isto é, não permite sua recuperação natural, como é possível na Amazônia, pelo que o Cerrado está hoje em avançado processo de extinção.

Com o desenvolvimento das pastagens e culturas introduzidas entre outras ações maléficas do homem - inclusive produzindo carvão das espécies - a alteração do solo de maneira assim drástica afeta os lençóis freáticos porque "sem a vegetação nativa a água não pode mais se infiltrar na terra", como ocorria com o bioma preservado. Um desastre.

No Cerrado estão as nascentes que sustentam as grandes bacias sul-americanas: "em media dez pequenos rios do Cerrado desaparecem a cada ano que alimentam os maiores que, por isso, vão diminuindo a sua vazão."

E nesse diapasão, numa escala crescente.

Disse mais o entrevistado,

"De todas as formas de vegetação que existem, o Cerrado é o que mais limpa a atmosfera. Isso ocorre porque ele se alimenta basicamente de gás carbônico que está no ar, porque o seu solo é oligotrófico."

E ainda,

"As plantas do Cerrado são de crescimento lento. Quando Pedro Alvares Cabral chegou ao Brasil, os buritis que vemos hoje estavam nascendo, eles duram 500 anos para ter de 25 a 30 metros,  também por isso o bioma é irreversível."

Os buritis, pela alteração do solo, dificilmente podem ser cultivados, e se tal se der alcançando-se um resultado improvável, seu crescimento levará séculos.


COMO SE CONSTATA, SEM MEDIDAS CORRETIVAS IMEDIATAS, MUDANÇAS DE ATITUDES, O APOCALÍPSE VAI SENDO PLANTADO COM ECLOSÃO PARA BREVE.


RIO SÃO FRANCISCO

Não entrarei na polêmica do projeto da transposição do Rio São Francisco, obra iniciada em 2007  já com atraso de anos. A decisão política da obra já foi debatida até demais.

Do ponto de vista ambiental, há que acentuar que sua nascente recentemente secou como resultado da estiagem severa, jamais vista ou pouco vista por estas plagas do Centro-Sudeste.

Em longas extensões de suas margens, a mata ciliar foi devastada, ocorrem desbarrancamentos frequentes que afetam sua profundidade, joga-se lixo em suas bordas(?!).

Antes de iniciar as obras de transposição, o Rio São Francisco deveria ter passado por um processo cuidadoso de reconstituição de suas margens com a recomposição da mata ciliar e outras medidas que garantam sua perenidade.

Assim permanecendo, em poucos anos o sistema de transposição de elevadíssimo custo, será nada mais do que uma esperança frustrada, de desperdício e o grande rio uma caricatura do que foi.

Nem pensar, nem pensar.


VARIEDADES

Calçada 'cascuda'

Sei de muitos que implicam com árvores plantadas em frente à sua residência, mesmo que ela nada afetam a calçada ou mesmo a circulação. A sombra sempre lá está, porém.

Esses impacientes, implicam com as folhas, com as flores, com os frutos por isso, geralmente em residências mais novas encontra-se calçadas "cascudas", isto é, piso estéril, sem nenhum espaço para uma muda sequer.




Se você desejar contribuir para a melhoria ambiental, enfim, com a diminuição do aquecimento climático, plante uma ou duas árvores na sua calçada. Uma "célula" ecológica.

Uma árvore que não cresce muito produz poucas folhas, as flores são de pequeno porte, brancas, é a melaleuca.




Seus ramos espremidos têm o leve perfume de uma bala sofisticada. 


Dama da noite





Ela está no jardim, num cantinho, há décadas. Agora ela está florindo. À noite o seu perfume se irradia de tal modo que chega a dominar o sentido do olfato e o ambiente a metros.

Mas, é uma dama, tem que ser respeitada. Ela produz o seu perfume e quer que todos nas proximidades dele se inebriem. Ora, que seja...











Legendas:

(1) Jornal "O Estado de São Paulo" de 31.10.2014

(2) "Jornal Opção"de 01.11.2014. Entrevista de Altair Sales Barbosa, "O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água."



3 comentários:

paulo r marien disse...

Estou entrando em contato agora com seus textos, muito interessantes principalmente os que falam sobre o nosso meio ambiente, cheios de verdades.

paulo r marien disse...

Estou entrando em contato agora com os seus textos, muito interessantes principalmente os que falam sobre o nosso meio ambiemte, cheios de verdade. Saudações.

paulo r marien disse...

Interessante, gostaria que meus vizinhos lessem este texto, as ruas por aqui são tão áridas..