I - Pássaros e passarinhos
Já disse tantas vezes que pássaros e passarinhos (também as borboletas?) tem algo de brinquedo de Deus. É como para nós, quando crianças, empinar papagaio (diversão que vai sumindo como tantas outras) e torcer para que o vento batesse forte e levasse a armação colorida para o alto e ai, controlávamos, soltando a linha até que ele se tornasse quase invisível no céu.
Veja se não tenho razão quanto a serem brinquedos da Divindade, esse contraste de cores, de trinados, de belezas, conforme alguns "exemplares" abaixo.
Infelizmente não sei o "nome" deles - só alguns, o pavão, a coruja -, tão lindos, tão coloridos, tão inofensivos.
[E há os malvados que os aprisionam, comercializam e deixam que morram num cativeiro sórdido, gaiolas minúsculas, maldades.]
Você já teve a emoção de segurar um beija-flor afoito que entrou na sala, atraído pelo buque de suco de uva e não conseguia sair? E aí precisou ser agarrado?
II - Minha convivência com bem-te-vis
Tenho a impressão que os bem-te-vis no passado não eram tão, digamos, "domesticados". Hoje, como resultado de diminuição do seu habitat, eles estão por toda parte e, quando próximos, muito me agradam.
Já relatei uma dessas convivências duradouras, mas quero deixar registrado aqui, neste "Temas" que pode ser mais amplo a pessoas que não se encantam tanto com a velocidade do facebook.
Então, sobre essa convivência com os bem-te-vis, escrevi:
Um casal se instalou no vão do ar condicionado do meu escritório. Toda manhã, nestes últimos meses, aqueles trinados estridentes, do “bem-te-vi”, “bem-te-vi”, a sombra às minhas costas das suas idas-e-vindas ao ninho. A foto 'melhorzinha' um deles, atento posicionado sobre o ar condicionado, vigiando o ninho e a palha que sobra fora, embora eles a reponham sem parar. Na foto 'piorzinha' – o vidro é espelhado – o casal no andar de baixo exacerbando o trinado de que “bem-me-viu”...
A manhã começara
mal-humorada
Não bastara o café adocicado
Algo no jornal me deprimira
Uma notícia cruel e malvada.
Mas, ai um bem-te-vi
Na janela me avisou que me vira
Eu também te vi vigilante passarinho!
Encontro seus olhinhos entre as tiras da cortina.
Há um ninho nos vãos de ar condicionado, por ali.
A vida ainda se renova, bem vi.
Até quando, meu querido amarelinho estridente, até quando?
Não bastara o café adocicado
Algo no jornal me deprimira
Uma notícia cruel e malvada.
Mas, ai um bem-te-vi
Na janela me avisou que me vira
Eu também te vi vigilante passarinho!
Encontro seus olhinhos entre as tiras da cortina.
Há um ninho nos vãos de ar condicionado, por ali.
A vida ainda se renova, bem vi.
Até quando, meu querido amarelinho estridente, até quando?
Abelhas e cardeais
No Pantanal matogrossense, numa pousada para uma parada rápida, recomposição e descanso, uma surpresa porque impensado para os caipiras das cidades.
No Pantanal matogrossense, numa pousada para uma parada rápida, recomposição e descanso, uma surpresa porque impensado para os caipiras das cidades.
Numa pequena casinhola de madeira, quirera espalhada na sua também pequena base retangular, aguça o empenho das abelhas em obter...exatamente o quê?
- É o melzinho que tem o milho naquela parte branca, explica o caboclo.
Ora, pelo modo como elas se empenham sobre o milho picado, quase imóveis, parecem embriagadas ou querendo assim se tornar.
Não ligam em dividir a “iguaria” com dezenas de cardeais, aqueles pequenos passarinhos, de penugem vermelha na cabeça que se apoiam na casinhola e também avançam sobre a quirera. (Transcrito da crônica "Essas coisas de Mato Grosso" de 24.07.2012, neste blog)
III - Flores e canteiros
Alguns desses canteiros já divulguei em outro local.
Mas, as flores estão avançando ficando bonitas. entre "onze horas", gerânios, lírios, ixora,azálea... não tenho que me preocupar se a estética é pobre. As multicores são vivas, e compensam o "desarranjo".
A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA
Quanto já escrevi sobre isso. Mas, neste meu canto e em qualquer outro que se apresente, falarei sempre. Vejam que absurdo! Por aqui se comemora a diminuição de áreas devastadas como se tal medida significasse alguma esperança de preservação íntegra da grande Amazônia. Não critico o grande jornal de São Paulo, porque esse tipo de manchete é comum: "Desmate na Amazônia sobe pela 1ª vez em 4 anos".
A manchete esperada é esta: "Não há desmate na Amazônia há 4 anos".
Pois bem, a notícia dá conta de que a devastação de agosto de 2012 a julho de 2013 fora de 5.843 km² contra 4571 km² em no mesmo período de 2011 a 2012. A soma da irresponsabilidade em 2 anos: 10.414 km². EU DISSE 10,4 MIL QUILÔMETROS QUADRADOS.
(Desflorestamento no Pará, foto de Nelson Feitosa - Ibama)
Além da madeira ilegal levada a rodo, a área semi-desertificada servirá para plantio de soja, de cuja colheita parte servirá para o preparo de ração de gado ou para pasto do próprio gado.
Até quando esse nível de irresponsabilidade, de descaso a essa reserva que tem influência forte sobre o próprio clima da Terra?
Na 19ª Conferência do Clima realizada em Varsóvia foi enfatizada a tragédia provocada pelo tufão Hayan nas Filipinas. O negociador filipino Yeb Sano, muito emocionado com as 10 mil vítimas mortas pelo tufão, desafiou aqueles que não acreditam na realidade das mudanças climáticas, que visitassem as Filipinas naqueles dias tenebrosos.
(Devastação na Filipinas: Tufão Hayan)
E apelou Sano para que a conferência de Varsóvia fosse aquela que "acabe com essa loucura." (da degradação climática).
(Imaginem milhões e milhões de carros, no mundo todo, expelindo monóxido de carbono...imaginem!)
CHUVA DE OURO PEQUENA, SORRI
Tão sorridente, brilhante
Nem a ventania forte a verga
Admirada por quem passa
Indiferente para quem vê, não enxerga.
RIO TIETÊ POLUÍDO
O rio Tiete e o seu curso cortando todo o Estado de São Paulo. A sua degradação e a degradação generalizada dos mananciais.
Se tem algo que me preocupa é o rio Tietê por sua poluição contumaz e, o máximo de contradição, a necessidade crescente de água potável na Grande São Paulo.
O rio Tietê tem um traçado surpreendente. Nasce nas vizinhanças do mar, mas desce atravessando todo o Estado de São Paulo. Há uma explicação geológica: sua nascente se encontra na cidade de Salesópolis (110 km de São Paulo), a cerca de 1.100 ms. de altitude. No seu curso, ao atingir Barra Bonita (282 km de São Paulo) a altitude da cidade já se reduz para 450 m. E nessa “descida” sua foz se dá na barragem do lago Jupiá, Rio Paraná, depois de 1.150 quilômetros de percurso.
(Nascente do rio Tietê em Salesópolis entre pedras).
Se me desviar para explicações não naturais, diria que o Tietê é obra da Providência, como se adivinhasse que por ali surgiria uma imensa metrópole que precisaria de água, necessidade que se estenderia por todas as outras regiões e cidades banhadas pelo rio.Mas, o Rio Tietê vai bem na denominada região do Alto Tietê mas, como já tanto se disse, é um esgoto a céu aberto a partir da cidade de Mogi das Cruzes agravando-se a degradação já entrando em São Paulo. Muito se promete, mas nada muda. E há estudos prevendo que em pouco tempo municípios da grande São Paulo, incluindo a Capital, terão (e já têm) problemas de abastecimento de água potável.
Houvesse juízo político e o Rio Tietê seria uma prioridade já há décadas e hoje seria fonte de abastecimento de água na Grande São Paulo.
("Monstro do lixo" - Parque de Lavras - Salto [SP] autoras Iriana Scalet Roque e Suelio Bernadochi - do lixo "obtido" no Rio Tietê).
Em tempo: há noticia informando que convênio firmado entre o Governo do Estado de São Paulo e o governo da França resultará na aplicação das mesmas técnicas de despoluição utilizadas no Rio Sena, de Paris, ao Tietê de São Paulo. Todas as orações e esperanças renovadas.
PRIORIDADES ABANDONADAS
No que se refere aos municípios brasileiros, já se disse que a maioria deles deverá ser afetada pelo desabastecimento. Há ai, em curto prazo, um grave problema a ser enfrentado.
Claro que na produção de alimentos, o consumo de água é imenso. Mas, não posso defender, por absurdo, que haja diminuição nessa produção, mas não posso omitir o desperdício. Essa é uma questão central. Não há muito foi divulgado que o consumo de água para a produção de carne bovina, revelam dados assustadores: - para 200 kg de carne bovina, estima-se que o animal abatido após três anos de vida consumiu direta e indiretamente mais 1.300 quilos de grãos, 7.200 quilos de feno e outros, 24 mil litros de água para beber, 7 mil litros de água para manutenção geral. Para toda essa estrutura de alimentos e água, o boi abatido consumiu mais 3 milhões de litros de água, significando por quilo de carne, 15,5 mil litros de água consumida. (1)
Mas o e "efeito xixi"? Ora, direis, ele se dilui na natureza e acaba voltando para os mananciais como água isso quando não escorre "in natura" diretamente para os rios e reservatórios. E mais o estrume – que também afeta o aquecimento global -, misturada aos dejetos humanos temos uma bela sopa para dai extrair a água potável (?!) a cada dia com o crescimento de consumo. Temos uma perspectiva de caos em curto prazo.
O Brasil é realmente o país das contradições, do carnaval e do futebol. Vem vindo aí a Copa do Mundo em 2014 que está exigindo investimentos imensos para estádios, infraestrutura grandiosa no entorno, aeroportos ampliados mas pouco com a infraestrutura considerada gênero de primeira necessidade, como cuidar da água potável [eu disse água potável!], dos esgotos – pensar numa tecnologia agressiva para ele a para o lixo.
No futebol, se tudo der certo, gritaremos os gols do Brasil e, no final, campeões ou não, passadas aquelas emoções, ainda sob o cheiro forte da fumaça dos fogos, tudo voltará ao dia-a-dia com tudo por fazer...e grandes estádios ociosos.
Referências:
(1) Jornal O Estado de São Paulo de 21.03.2011. Acesse, artigo no mesmo sentido: http://www.syntonia.com/terra/artigo-impactos-ambientais-do-consumo-carnivoro/index.htm;