NADA SEI DE ESSENCIAL
Ah, meus caros, aqueles tempos
De (ir) responsabilidade e
Imortalidade...
Isso era o que eu sentia
A felicidade era em si mesma
Não percebida mas vivida,
Mas, o existir não é sempre assim
Os chamados da vida que um dia chamam
Os dissabores até severos e os amores
Laços de família
Tudo vai vencendo, indo
Eis me aqui, agora, certo de minha mortalidade
Nestes tempos que… assustam.
Nada tem respeito, nem as florestas
Os animais
Habito em mim mesmo
Miro-me no espelho fixo-me nos olhos,
O que há atrás deles, onde habito?
Então, sabendo da mortalidade
Tantos do meu tempo se foram, já.
Sou instruído que da vida o essencial ninguém sabe
Não explico sequer o sabor duma manga
Do espocar duma rosa,
Bato nas janelas opacas da minha habitação
Não há resposta
Apenas um tênue sentido de religiosidade
Na interioridade, nos sonhos...
Os sonhos o que são?
Que interações há nos sonhos com vivos e... mortos?
Bem, não me é dado ir além do que sou
Um simples mortal com os dias contados...
E depois?
Nada sei do essencial...