09/05/2022

VOLTA AOS TEMPOS POÉTICOS (II)

NADA SEI DE ESSENCIAL    


Ah, meus caros, aqueles tempos

De (ir) responsabilidade e

Imortalidade...

Isso era o que eu sentia

A felicidade era em si mesma

Não percebida mas vivida,

Mas, o existir não é sempre assim

Os chamados da vida que um dia chamam

Os dissabores até severos e os amores

Laços de família

Tudo vai vencendo, indo

Eis me aqui, agora, certo de minha mortalidade

Nestes tempos que… assustam.

Nada tem respeito, nem as florestas

Os animais

Habito em mim mesmo

Miro-me no espelho fixo-me nos olhos,

O que há atrás deles, onde habito?

Então, sabendo da mortalidade

Tantos do meu tempo se foram, já.

Sou instruído que da vida o essencial ninguém sabe

Não explico sequer o sabor duma manga

Do espocar duma rosa,

Bato nas janelas opacas da minha habitação

Não há resposta

Apenas um tênue sentido de religiosidade

Na interioridade, nos sonhos...

Os sonhos o que são? 

Que interações há nos sonhos com vivos e... mortos

Bem, não me é dado ir além do que sou

Um simples mortal com os dias contados...

E depois?

Nada sei do essencial...