27/08/2012

PENSAMENTOS IRREVERENTES...E JÁ PENSADOS



A pose foi inspirada na escultura "O Pensador" de Auguste Rodin. Homem em meditação. Me perdoo pela heresia.





PÁSSAROS

Estou tentando que os passarinhos aqui do pedaço desçam  para se alimentarem. Deixei rações próprias para eles. Mas, eles não descem, não vêm. Hoje uns pardais inseguros experimentaram. Mas, eu entendo, é algo “ancestral”, pelos maus-tratos aos seus semelhantes sempre, e agora aos em extinção, raros, transportados de modo precário, morrendo a maioria no trajeto. Eles generalizam: todos os homens não merecem confiança. Todos são iguais, perversos.
Mas, não vou desistir, quero-os por perto, sempre. Aliás, eu no meio deles, mas nem de longe tenho os atributos de São Francisco de Assis para tal privilégio.


(Neste blog: v.: “São Francisco de Assis, os homens e os animais” de 14.11.2010)







GADO TRUCIDADO, A CADA MINUTO...

...para alimentar a espécie humana. Certa feita, no interiorzão de São Paulo, por pouco não vi nascer um bezerro. O dono da fazenda que ali estava, ao ver que era um macho, foi logo dizendo que ele “viraria salsicha”.
Expressão mui desanimadora para a vida que acabava de se manifestar.
Eu tenho me perguntado porque esses animais, os bois e vacas, proliferam tanto.  Uma recorrência que me incomoda, além de minha compreensão, um desígnio que os coloca no mundo para o sacrifício brutal, para servirem de pasto aos homens e seus instintos menores, ancestrais, como algo por ora, ainda necessário?
Comentário de dois jovens americanos ao verem a destruição da floresta para “plantio de gado”: "a carne é gostosa, mas deveriam diminuir o consumo para preservar a floresta".

Espero que não tenham ido ao Mcdonalds logo depois...e aspirar aquele odor de sebo frito. Asco, asco!




(Neste blog: v.: “Renúncia à carne (animais brutalizados)” de 08.03.2009)





TIROS MORTAIS

Crueldade com crueldade se paga. Até setuagenária atira em ladrão mortalmente; deficientes avançam com suas muletas sobre assaltantes.
A reação é muito perigosa. De regra, a vítima mortal é a vítima do assalto.
Qual a ‘dívida’ que assumem aqueles que matam, em legítima defesa ou não?
Não sei a resposta e rezo ardentemente que eu não beba desse cálice, cujos efeitos passam a residir na alma. Acredito nisso.
Que tempos, o que fazer? Difícil viver.
Começo a fugir para Águas de São Pedro. Espero que a cidade nunca deixe de ser o que hoje é, pequena e educada.


MAIORIDADE PENAL

Com toda a violência grassando pelo mundo, as drogas virando cabeças de jovens e não tão jovens, está mesmo muito difícil viver.
Afetados ou não pelas drogas, mas pelos "exemplos" de violência sempre presente, os jovens acima de 15 anos tornam-se deliquentes perigosos, de grosso calibre, porque inimputáveis do ponto de vista penal.
Na questão da responsabilidade penal, há um receio hipócrita de baixar a maioridade penal para 16 anos. Mania de número par.  Que a maioridade penal seja, então, aos 17 anos, impar, como foi, também um número impar, a maioridade civil aos 21 anos. Agora, é aos 18 anos.

PAISAGENS BELAS

A devastação ambiental é notória. O curioso é que a grande população, vivendo no cinza e na poluição que vai se tornando, dia-a-dia, mais e mais insalubre, assim que pode, foge para perto do verde e das matas.
E aí:
- Puxa, como é bonito este lugar, olhem as flores, aquele ipê amarelo, aquela paineira florida.
De volta ao seu reduto, não se dá conta que a sua calçada é de concreto, há cegueira sequer em abrir um espaço para arbustos que florescem: um manacá, uma azálea, por exemplo.
“Dá muito trabalho”.
O cinza que ferem os olhos e os pulmões é merecido!

Águas de São Pedro já exibe um padrão de civilidade, embora haja detalhes, sempre eles, a denegrir um pouco os encantos reais que ela contém. Um padrão de qualidade de vida muito acima da média.


Marrecos ao sol, à beira da Represa das Palmeiras.



PRATA E PRETO
Não consigo entender a onda das automobilísticas que impuseram aos consumidores carros predominantemente nas cores prata e preto. Há muito. Já não basta a poluição do CO2 que afoga (de fog) São Paulo e ainda há certa tristeza com essas cores fora da decomposição da luz. Do arco-íris.



BIG BANG
Grandes cientistas, olhando para o alto, imaginam que a imensidão universal é produto de um big-bang. Ora, ora, essa teoria é pura imaginação, como uma forma de dar uma “satisfação” a esse imenso mistério, como imenso é o universo em expansão.
O big-bang estaria ainda explodindo?
E antes do big-bang? Bem, antes do big-bang, ora, alguém chutou a bola...
Eu, hem!

 

(Neste blog: v.: “Stephen W. Hawking e minhas implicâncias” de 05.09.2010)








Este blog

Já foi mais acessado. Parece que espaços tais como este estão sofrendo concorrência do Facebook no qual tudo é informado e tudo muito rápido e, de regra, tudo resumido. E variado. 
Sinal dos tempos: o “milagroso” recurso do fax está sendo substituído rapidamente pelo e-mail e outros.
As crônicas mais acessadas são as de sempre: “Fabula: A vaca e o leão” (04.07.2010), “Sete pecados capitais: soberba” (17.07.2011)), “Santos Dumont vs Irmãos Wrigth: pioneirismos” (21.01.2012).
Abaixo um demonstrativo de acesso em todo o mundo segundo estatística recente. Mas, muitos acessos como já disse antes, são atraídos por imagens e títulos, não necessariamente havendo interesse nas crônicas ilustradas por eles.


Referência:

O esquema da decomposição das cores foi extraído da "Enciclopédia EXITUS de Ciência e Tecnologia" - Vol. IV - Edição de 1981. 

04/08/2012

UM TIPO NOTÁVEL



(Dos altos e baixos que a vida prepara)

Deu-se naqueles idos fenômenos da década de 60 onde a vida tinha um sabor de festa, de imortalidade.
Pois, naquela minha vontade imensa de me arrumar na imprensa, de escrever artigos apondo meu nome, essas coisas, fez-me experimentar venturas e aventuras.
Imaginem que num tempo a perder na memória, a lápis, escrevi uma história sobre viagem à lua. De onde a influência? Não sei dizer. Talvez porque desde sempre a lua tem sido para mim um mistério a ser desvendado.  E continua até hoje. “No mundo da Lua”.
Mas, bom que eu confesse que o português, todas aquelas regras, conjunções, análises sintáticas foram sempre dificultosas para mim.
Na informalidade do que escrevia, certa vez, em aula, fui sorteado para ler a redação, lição de casa que a professora havia passado.
Li apressadamente e ao final, “apoteótico”, conclui com sonoro “michô”.
A professora, uma senhora de óculos, não entendeu bem a palavra e eu resolvi que não a repetiria. A professora ficou perplexa e lá veio o sermão:
- Imaginem uma língua tão rica como a nossa e o senhor usa uma palavra dessas que não entendi bem, uma gíria, para encerrar sua redação. Ora, ora... (1)
Foi, então, com esses antecedentes que passei a frequentar e trabalhar em redações da pequena imprensa da cidade. Elas me encantavam.
Por que não estudei jornalismo? Porque naqueles tempos, a predominância era a advocacia.
Havia sempre presente, geralmente à tarde, um sujeito, bom amigo, se não me engano corretor de anúncios do jornal que se esforçava muito em escrever algum texto.
Mas, era muito ruim na redação. Era eu quem dava alguma forma ao que ele pretendia transmitir. Não por ser eu a melhor opção, mas por estar disponível. Ou porque levava a sério seus textos. 
E assim passo a passo, foi organizando uma coluna social, aproximando-se das pessoas destacadas da cidade.
Sua coluna se tornou, com o tempo, bem atrativa, variada.
Por conta disso, um dia, foi convidado a assinar coluna social do jornal mais importante da região.
E com ela tornou-se muito conhecido na região. A coluna levava seu nome. E todo dia, lá estava ele ao lado de personalidades, de políticos, da riqueza, convidado especial dessas festas e jantares comuns nos meios sociais, relatando os passos da grã-finagem, sem esquecer a ‘futileza’ tão do agrado do fútil: “ó Ibrahim, põe meu nome no jornal.” 
Essas expressões comuns: "nímia gentileza"; "os nubentes exultantes disseram 'sim' sob as bençãos do padre X".

Seu êxito era total, merecido pelo esforço em melhorar e a facilidade que tinha em se relacionar com essas pessoas que, afinal, conquistara, tornando-se um “deles”.
Alguns anos depois, talvez nem tanto, sua coluna social deixou de se publicada. Outro nome apareceu no seu espaço.
Este meu amigo desapareceu completamente, pelo menos do meu ambiente de trabalho.
Um dia, tempos depois, eu o encontro casualmente. Estava carregando caixotes num caminhão.

O brilho da vaidade perdera a luz. Mas, a humildade tem seu brilho, seu valor. Na verdade, os extremos se tocam.

 Legendas:

(1) O dicionário Michaelis registra a palavra michar como verbo intransitivo - gíria. Assim: vint gír. Diminuir ou perder o valor; perder a coragem. Eu usei a pronúncia errada ("michô"), com o sentido de “acabou”.

Fotos:
1. Pavão albino
2. Pés no chão, na areia. Palmilha gasta.