01/12/2023

A LENDA DE SÃO CRISTÓVÃO NUM LIVRO IMPENSADO

Vez por outra divulgo resenha de livros que leio para meu consumo — lembretes do essencial — embora divulgue publicamente num blog.

Não tenho por costume fazer escolha desse ou daquele livro, salvo uma ou outra exceção ao perceber que a obra pouco me acrescentará. E já me deparei com muitas dessas, mas a minha regra é não parar o que começara a ler...

Mas, há livros que busco e alguns me caem às mãos como que por “encanto”.

Um desses livros, que obtive num “sebo” mas hoje voltou ao mercado livreiro é “O Mistério das Catedrais” de Fulcanelli.








Claro que esse livro sempre aparece (ia) como referência para explicar o simbolismo de figuras em relevo ou baixo-relevo em algumas catedrais especialmente a Notre-Dame de Paris, os sentidos ocultos, alquímicos e filosóficos praticamente indecifráveis para os não aficionados nessa cultura.

O livro fora para mim de difícil compreensão porque esses símbolos são representações ocultas, contendo, como qualifica o autor, significados “herméticos”.

A origem da palavra “gótico”!

Então, não vou expor alguns dos elementos básicos que registrei do livro que podem ser encontrados no blog “Dos livros que li”. (*)

Considerando as esplêndidas catedrais diz o Autor:

Os construtores da Idade Média tinham como apanágio a fé e a modéstia. Artesão anônimos de puras obras-primas, construíram para a Verdade, para a afirmação do seu ideal, para a propagação e a nobreza da sua ciência. Os do Renascimento, preocupados sobretudo com a sua personalidade, ciosos do seu valor, construíram para a posteridade do seu nome.”

O Autor, então, se fixa nas figuras de alto e baixo relevos na estrutura de Notre-Dame de Paris (construída entre 1163 a 1245) destacando os símbolos não cristãos entalhados em suas paredes e reentrâncias.



Catedral de Notre-Dame de Paris



A Catedral de Notre-Dame de Amiens (construída entre 1220 a 1268) tem a seguinte abertura do livro: “A exemplo de Paris, Amiens oferece-nos um notável conjunto de baixos-relevos herméticos”.



 Catedral de Notre-Dame de Amiens (Amiens cidade a 120 quilômetros de Paris)



Nesta também o Autor analisa as imagens encontradas nas paredes do templo.

E a partir de uma dessas imagens “O orvalho do filósofo”, num certo trecho lembra que a faculdade de criar pertence só a Deus, o único Criador. Mas, necessitando do auxílio da Natureza esse auxílio será recusado se, “por desgraça ou ignorância, não colocais a Natureza em estado de aplicar as suas leis.”

E a condição primordial para o resultado é a ausência de luz.

Lembra o Autor que certos fenômenos se dão na absoluta escuridão: o ato da procriação, o germinar das sementes, o sono noturno que recompõe as forças perdidas durante o dia, a renovação das células, o funcionamento do organismo de digestão e excreção. Assim, também, com experiências químicas e alquímicas.

O poder do sol é destruidor de determinadas substâncias.

E agora  trabalhai de dia se vos apraz; mas não nos acuseis se os vossos esforços terminarem em fracasso”.

Em Bourges, cidade próxima de Paris, ao sul, no palacete Lallemant – “uma das mais sedutoras e mais raras moradas filosofais” – há um baixo-relevo de São Cristóvão. 

E é aqui, num livro tão reservado que descubro aquilo que não conhecia, a lenda de São Cristóvão:

Essa lenda do santo poderia representar, do ponto de vista oculto, o transporte do ouro ao carregar o menino Jesus na travessia do rio:

Tratava-se dum homem muito forte, agigantado, que decidiu que serviria ao rei mais poderoso da terra. E assim fez, para alegria do rei que encontrara um servidor tão leal e tão forte.

Certo dia decepcionou-se o santo ao vir o rei se benzer ao ouvir o nome do diabo. Ao saber que o rei temia o diabo, abandonou-o por não deter o poder absoluto. Procurou, então, por satã para servi-lo. Sua lealdade ao diabo durou até o momento em que o via desviando-se de uma cruz.

Ao saber que o diabo receava o símbolo de Cristo, resolveu procurá-lo porque seria ele o mais poderoso da terra.

Mas não o encontrava. Para diminuir sua angústia, um sábio levou-o à beira de um rio e sugeriu que ele atravessasse os viajantes nos seus ombros fortes para que não se afogassem. E nesse serviço encontraria quem procurava, prometera o sábio.

E assim fez. Um dia, muito cansado, ouve batidas na porta de sua cabana. Uma voz de criança se faz ouvir. Levantou-se o gigante e arrumou-a em seus ombros partindo logo para a travessia.

 No meio do rio, as correntes tornaram-se revoltas e o menino tornara-se um fardo, além do que podia suportar o gigante. 



Imagem de São Cristóvão - Azulejo - Igreja Matriz de Rio Tinto - Concelho de Gondomar - Porto / Portugal


O São Cristóvão histórico fora perseguido por inimigos dos cristãos sendo trucidado lá pelo ano 250 DC






Ao perguntar por que um menino era assim tão pesado, recebeu a revelação: apresentara-se o próprio Cristo, o peso do mundo e, pelos serviços que prestara o gigante aos viajantes fora batizado por Ele e pelo Espírito Santo, recebendo o nome de Cristóvão - "Aquele que carrega Cristo" (chama-se Offerus).

Acentuam as páginas finais do livro:

A Natureza não abre a todos indistintamente a porta do santuário. Nestas páginas, o profano descobrirá talvez alguma prova de uma ciência verdadeira e positiva.”


Citação:

(*) Acessar: DOS LIVROS QUE LI (ACERVO COMPLETO)



18/11/2023

CENAS DO COTIDIANO (IV)

 



 Apenas dando uma olhada discreta...



MUDEI O TÍTULO DE "JANELA DISCRETA" PARA "CENAS DO COTIDIANO"

CENAS DO COTIDIANO:

I. A chave que se desmaterializou a voltou a existir

II. O Google não é a inteligência artificial?

III. Tempos de desastres ambientais e o calorão

😒

I - A peça que se desmaterializou e voltou a existir

Acho que no primeiro ano do Ginasial eu tive aulas de trabalhos manuais que visavam propiciar ao aluno o desenvolvimento de aptidões, a criatividade e o interesse para resolver pequenas tarefas domésticas do cotidiano.

Esse talento remoto que tenho desse tempo e, talvez, pelo meu pai que, por pedaços de madeira fazia quase tudo de pequeno tamanho, incluindo brinquedos, carrocinhas, caixas... isso tudo ficou no meu subconsciente (ou no inconsciente? Não assimilei, ainda a linha divisória entre um e outro desses dois fenômenos psíquicos).

Pois bem, dia desses fazendo um trabalho com furadeira como que "por encanto", sumiu esta peça, chave para apertar as brocas no "mandril".



         




Essa chave tem 8 centímetros e, ao sumiço,  foi procurada à exaustão, até mesmo rastelando a área do gramado onde ele poderia ter caído. 

O pequeno pote de parafusos e pregos foi despejado uma dezena de vezes. E nada. Dei como perdida. 

— Duende fazendo traquinagem sempre dizia aos meus filhos pequenos quando alguma coisa sumia. 

Com alguma dificuldade comprei outra chave que servia na furadeira.

Eu tenho comigo, ainda, caixas de madeira feitas pelo meu pai que devem chegar há 60 anos. Elas estão comigo para guardar documentos mas uma delas serve exatamente para guardar a furadeira.

Resolvi reformá-la e pintá-la.

Nesses momentos havia a presença remota de meu pai que falecerá havia já 36 anos.

Esta é a caixa ainda não pintada, mas já reforçada tanto tempo depois de feita. E o pote de pregos e parafusos está ao lado.











Então, nesse trabalho precisei dum pequeno parafuso. Voltei a despejar o pote.

Para meu espanto, a chave desaparecida reapareceu destacada do monte de pregos e parafusos como se quisesse me surpreender. Fiquei atônito, porque o pote fora revirado várias vezes não só à procura da chave como, depois, em busca de parafusos e pregos.

Talvez houvera naquele momento de um trabalho humilde da reforma que fazia naquela caixa feita pelo meu pai há tanto tempo, sua presença forte na memória e, dai, por isso, deu-se um movimento de transcendência.

Não posso explicar diferente disso.

II. O Google não é a inteligência artificial?

Acho que sim.

Vejam só. A plataforma acabou com os dicionários — ou a necessidade constante deles — as enciclopédias, os atlas e milhões de livros técnicos, guias de ruas...

Mas, vou dizendo que sou ledor constante de livro impresso e não ando com o celular pendurado no pescoço, só os óculos.

A IA creio terá a muito a dever ao Google.




Virou expressão cotidiana:

"Dá um Google".

Na minha profissão (advocacia) — agora restringindo muito pelo tempo de exercício — então com o Google efervescente naqueles dias, havia lido nalgum publicação uma decisão do STF que mais tarde dela precisaria de modo impreterível.

Fui ao portal do STF e não a localizei. Então,

"dei um Google" e achei a decisão...

Simples assim.

III.  Tempos de desastres ambientais e o calorão

Já tem gente séria questionando as imensas áreas de plantio de soja, a perder de vista, sem qualquer reserva verde. E há os que já questionam os pastos para o imenso rebanho bovino que, digam o que quiserem, participa ativamente do efeito estufa.

Nos dois casos, as florestas foram devastadas implacavelmente. 

E há aí um receita perversa: parte da produção da soja alimenta o gado.

E há os depravados que fazem queimadas, não se preocupam com os animais que morrem, derrubam árvores e com tudo isso feito, todos lamentam o calor.

São os farsantes, os estúpidos.

E os omissos não se dignam a plantar uma árvore na sua calçada por causa das folhas que são obrigados a varrer. Se fecham e ficam na frente da televisão, ligando o ventilador.







Sinais de tempos futuros sem muito futuro.

Deus meu, quanto já falei sobre isso neste meu canto silencioso!




















26/10/2023

CENAS DO COTIDIANO (iii)

Esta seção deve sempre trazer impressões do cotidiano, até vivências banais. Mas desta vez, excepcionalmente, há um pouco de filosofia, digamos.

MUDEI O TÍTULO DE "JANELA DISCRETA" PARA "CENAS DO COTIDIANO"

Temas
● As árvores são acolhedoras
● Os filhos são caros (R$)?


Ap
enas dando uma olhada discreta...

 










AS ÁRVORES SÃO ACOLHEDORAS
Recebi essas impressões, descansando sob uma amoreira e ameixeira aqui no meu quintal.



...um chamado silencioso, esse sentido de acolhimento que retribuem elas (as árvores), aos cuidados que recebem.




 


Mas, tenho que dar um crédito a uma reflexão do filósofo Nietzsche de quem não gosto muito embora dele só tenha lidos apenas dois livros. Dia desses vou tentar ler mais um qualquer...

Então, no "facebook" um membro divulgou do filósofo, a frase seguinte:

"Nós nos sentimos bem em meio à natureza porque ela não nos julga".

Não nos julga?

Há muito tempo, em Manaus, passando por lá, constatei que os compromissos à tarde eram marcados ou antes ou depois das chuvas.

Agora, o Amazonas sofre seca nunca vista. Os rios secam. A fumaça das queimadas sufoca. A floresta vai sendo exterminada. As temperaturas se elevam no planeta. “A culpa é do el nino”...

Se a natureza não nos julga (aí as árvores) ela reage severamente não por vingança, mas porque ela compõe o essencial do planeta e não consegue se recuperar a tempo.

As crises atuais, que se agravam e a continuar esse estágio de irresponsabilidade antiambiental pode levar a um colapso inimaginável.

Então, a despeito dessas minhas ponderações, num dado momento, sob as minhas árvores que florescem sadias, recebi um chamado silencioso, esse sentido de acolhimento que retribuem elas, aos cuidados que recebem.


OS FILHOS SÃO CAROS (R$)? 

Dois filósofos, chamemo-los assim, que vivem na mídia disseram que um casal ter filhos será muito oneroso, para  vida toda.
Um deles sei que não tem e provavelmente não terá filhos.
Então ironizei naquele meu jeito de ironizar: "talvez ambos, se mirando no espelho, pensando nos seus pais, estejam fazendo uma autocrítica".
Pois bem, aqui em Piracicaba, há o Parque da Rua dos Porto, uma área de lazer, de caminhadas e tem até o quiosque da Biblioteca Pública "em público". Já falei desse quiosque já emprestei MUITOS livros e ainda tenho de lá, uma pilha pendente de leitura.
Nesse Parque há uma área de lazer também para os cachorros de estimação, tudo arrumadinho para o conforto dos estimados de quatro patas.




Área de lazer dos cachorros no Parque da Rua do Porto - Piracicaba








E, então, eu até já disse sobre isso: eu tenho observado casais não só de idosos, de meia idade e também jovens segurando a cordinha de seus cãezinhos e alguns até soltos... 
Onde estão os bebês em passeio nos seus carrinhos? 
Calculo cinco cachorrinhos para um bebê, minha estatística no "olhômetro".
Claro que os cachorros não dão o trabalho de um filho e, exigem pouco e vivem quanto, 15 anos?
Se maltratados eles voltam e lambem a mão do agressor.
Dia desses ouvi de uma palestrante espírita que os cachorros, principalmente os vira-latas, que no seu amor conseguem atrair para si um pouco das preocupações de seus donos, de suas angústias...

Não pelo que disseram os filósofos referidos, mas eu tenho refletido muito nestes novos tempos de celulares, de meios de comunicação e de mudança de vida de milhões de pessoas. 
Nestes tempos incertos.
E, nesse meio, o conforto e a despreocupação em alimentar apenas um cachorrinho e não um bebê pensando no futuro.
Que futuro?



23/09/2023

TERRORES

Esta crônica eu relutei em divulgar porque se refere a experiências psíquicas (ou espirituais?) muito particulares. Mas, estou lendo “Confissões” de Santo Agostinho — filósofo católico, nascido em 354, apenas 41 anos depois do Édito de Milão, assinado em 313 por Constantino tornando o cristianismo religião oficial do Império Romano —, tempo tão próximo de Jesus, e constato que, antes da conversão de Agostinho ao cristianismo, suas confissões a Deus expunham as mesmas indagações que eu próprio faço hoje, tais os mistérios que rodeiam este planeta sofrido e o próprio Universo.

Eis que resolvi divulgar estas passagens. Nesse longo período de indiferença, creio, pior não foi porque eu nunca abandonara a força Universal — eu costumo chamar de “pensamento forte” — por tudo o que estudara e meditara sobre as relevâncias da vida, questionando com insistência as diferenças entre os semelhantes e, por causa dessas experiências sempre me pergunto o que domina o impulso de tantos desatinados que causam espanto e perplexidade tal a insanidade de seus atos?

Acho que, mudando um pouco conceito que li alhures e nem saberia dar detalhes, tantos anos se passaram mas, vez por outra, em termos da interioridade, da alma, tenho pensado que há os que, num impulso, revolvem os seus “porões”, aqueles resquícios de um passado insondável que eclodem de modo incontrolável num momento qualquer de provocação.

Aí o rancor, o ódio, o assassínio…e as tragédias que provocam.

Pois bem, na minha escala de proporcionalidade, há alguns anos, dando uma escapada possível das aulas da PUCSP com alguns colegas, fomos assistir “O bebê de Rosemary” um filme de terror sofisticado dirigido por Roman Polanski.

No enredo, havia em torno da futura mãe uma seita demoníaca que a controlava num convênio com o marido dela, esperando o nascimento de um bebê que atendesse aos desígnios do mal até porque o suposto pai fora uma entidade materializada num ritual sórdido de seus adoradores.

Aquela noite já não passei bem.

No dia seguinte, como uma marca de chumbo afetando severamente meu modo de encarar os desafios que a vida impõe, num lampejo esse peso foi agravado porque fiz ligação com relato de cena parecida de materialização de figura demoníaca descrita no livro “Mistérios e magias do Tibete” de Chiang Sing que garante que fora verdadeira e tão degradante, a ponto de recusar a autora dar detalhes em sua obra. 




Resenha, acessar: Mistérios e Magias do Tibete


 










Esse estado de carregar um fardo nefasto perdurou por uma semana. Havia revolvido o meu porão e teria que esperar a poeira baixar reagindo com meditação e oração.

A segunda vez que me senti mal se deu depois de, apenas numa noite, ler “O Exorcista” de William Peter Blatty.

É também uma obra que não faz terror “gratuito”, digamos, que pode ter algum significado para adeptos desses temas.

Fiquei, também, algum tempo, com os mesmos sintomas que acima relatei.

Para muitos essas obras são indiferentes, um passatempo mas não foram para mim.

Então, há muito deixei de assistir qualquer filme de terror — não perco mais tempo com eles — e no tocante a livros, dos tantos que tenho lido, alguns podem ter esse tema mas os tempos agora são outros.

Mas, quer pela maturidade quer pelos convênios que unilateralmente formulo a Deus esses terrores e outros que não relato nunca mais se manifestaram.

E, ademais, eu evito remexer nos meus porões.

A ira, para ficar somente nela, provoca mal-estar e quase sempre desarranjos de consciência.

Os sonhos podem informar coisas, revelações sutis e, a cada noite peço ao Criador, deixando um pouco seus mistérios Universais que me faça sonhar com almas melhores do que a minha ou vivenciar, nesse estado, experiências edificantes.

A idade ajuda ou leva à reflexão. Nesses temas tão pessoais, tão reservados eu preciso conversar com Alguém… porque eu sinto a minha fragilidade.


Tema correlato, acessarTREMORES




22/09/2023

CENAS DO COTIDIANO (ii)



  Apenas dando uma olhada discreta...





MUDEI O TÍTULO DE "JANELA DISCRETA" PARA "CENAS DO COTIDIANO"

O CHEIRO DA MORTE

Aquelas assuntos que não agradam mas que fazem parte do cotidiano. 
E aqui tudo se refere ao cotidiano.
Aqui neste meu pequeno quintal há à noite, com alguma regularidade morcegos que se encantam em voar pela casa e estranhamente pousarem de cabeça para baixo ao lado de uma luminária mas, principalmente gambazinhos.
Um deles, por muito tempo fora alimentado por mim, deixando à noite para ele algum tipo de alimento, uma fruta, uma banana, pão de forma...
Ele me via e fugia rapidamente. Não bastavam palavras carinhosas para que ele não tivesse medo.







Este aqui foi flagrado há algum tempo, em outro local mas também favorecido pelas jantinhas. Então, não é o mesmo deste relato.









Um dia desses pela manhã eu o encontro na vasilha de água dos passarinhos bebendo calmamente.
— Talvez ele estivesse sedento porque pela comida de ontem, pensei.
Ele não se assustou, não fugiu e, vagarosamente, foi nos rumos de uma pitangueira e subiu alguns galhos.
Ele me encarou tranquilo. Eu o deixei por ali. 
Uns três dias depois começou a exalar o forte odor da morte ali perto de onde ele bebera.
Aquele cheiro que penetra nas narinas e por ela fica na memória. Aquele mesmo odor que senti, um dia, há muito que, por dever de ofício, estive no IML de São Paulo.
Procuro de todos os lados a causa do cheiro até que, escondido atrás de uns vasos, lá estava o corpo do gambazinho inerte escondidinho exigindo recolhimento imediato.
Então, o bichinho uma manhã se exibiu a mim e me "informou" que partiria.
Naquele estado de deterioração de seu pequeno corpo, também para ele a luz se apagara.
E sem luz para todos os efeitos são os mesmos...

O IPÊ AMARELO FLORESCEU

Aqui num canto há umas bananeiras que podem dar cachos grandes, mas as bananas não são saborosas como eu gostaria. De regra, viram bananadas.
No meio delas, de modo discreto, despontou um ipê que sabia ser amarelo que teve muito dificuldade de se desenvolver.
Até que, depois de muito tempo, ele ultrapassou as folhas da bananeira e foi para o alto, acima delas.
E, então, nestes dias eu via pelas ruas e áreas verdes que os ipês estavam em pleno florescimento e me  perguntava:
— Mas, porque esse "meu" não dá flores?









As primeiras flores do ipê







Até que, numa manhã dessas suas flores sorriram.
Foi bom demais ver aqueles brilhos amarelos sob o sol.
E fazendo um tapetinho na terra com as flores que se soltam pena que tão rapidamente.
Foi a primeira florada. 
Nas próximas épocas esse "meu" ipê deve se tornar mais exuberante.

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL. FALO DISSO HÁ MAIS DE 40 ANOS

Foram várias artigos sobre o tema. Na pequena / média imprensa do ABC quando lá residia
Tenho sido até repetitivo.
Não encontrei daqueles tempo comentários nos quais incentivava o plantio de árvores em quintais e calçadas. Quanto a essas muitas são piso estéril que apenas ampliam o calor.
Num artigo de outubro de 1983, este trecho que selecionei:

"Sobrevivendo as árvores, sobreviveremos, florescendo, suportaremos,
Somos apenas parte desse conjunto todo da fauna e da flora. Mas, na nossa imodéstia nos assumimos como os mais inteligentes... e ficamos cegos à nossa brutalidade inconsequente e irresponsável com as demais formas de vida que nos amam em silêncio e nos ensinam solenemente não obstante nossa cegueira tecnocrática."

Hoje explodem as temperaturas resultado da devastação ambiental severa.
Sei que já apelei alhures aos moradores que plantassem árvore no quintal se possível ou na calçada na frente da casa.
Vejam: 1000 adesões, mil árvores, 5000 adesões, cinco mil árvores... ajudando a melhor o clima.
Há um apelo mais insistente sobre isso nestes tempos. Mas, a minha preocupação é o sentir das mudanças climáticas na "pele" mas a predominância da indiferença como tem se verificado desde sempre (*)

Referência

(*) Da Ordem dos Advogados do Brasil de Piracicaba, este convite:

"É com grande entusiasmo que a Comissão de Meio Ambiente e Direito Urbanístico convida você para um evento dedicado à conscientização e à preservação do meio ambiente, programado para o dia 23 de setembro de 2023, às 09:00, no Bairro Santa Rita. 

Junte-se a nós para uma envolvente roda de conversa sobre o "Mapeamento Florístico de Piracicaba", seguida por uma significativa atividade de "Plantio de mudas de árvores". 

Como seria bom se outras entidades aderissem.




25/08/2023

CENAS DO COTIDIANO (i)

 



Apenas dando uma olhada discreta...




MUDEI O TÍTULO DE "JANELA DISCRETA" PARA "CENAS DO COTIDIANO"

JATOBÁS

Essas andanças por aí, principalmente nos domingos, me deparo com jatobás espalhados na beira da área verde e a calçada.

Perco a vergonha e cato alguns.

Quebro a casca dura e lá está o “bombom” verde, uma leve lembrança quando rodeava os campos, à beira do já poluído rio Tamanduateí em SCSul.













Experimento aquela fruta verde que embala o caroço duro.

Sabor de infância.

“Juro” que não mostrei a ninguém o riso debochado dos dentes verdes resíduos da fruta grudenta, não fiz anéis com o caroço e nem fiz munição de estilingue.

Só a volta à infância. Há coisas que ainda existem e hoje poucos se dão conta.

São tempos dos celulares.


BOMBONS SEM TAMANHO – DÚZIA DE DEZ

Separo o invólucro do bombom “serenata de amor da Garoto;

Cato a lente para confirmar se havia ou não “gordura trans”.

E então leio:

Novo peso de 19 g para 16,5 g. Redução de 2,5 g (13%).











Mas, que detalhe!

Redução de algumas gramas para aumentar os lucros, porque os preços não baixam proporcionalmente ou, por outra, são elevados periodicamente.

Essa prática é corrente hoje numa série de produtos.

Chego no mercadinho aqui do bairro e aponto para o proprietário que a lata do leite em pó desnatado não tem mais 300 g., mas apenas 280 g.

E ele me diz de bate pronto:

— Todo mundo reclama e ninguém faz nada.

A dúzia de ovos é de (10) dez.












Todo mundo faz piada e “ninguém faz nada!”.

Vejam isto (-) 30 gramas:












Pobre do consumidor, sempre lesado e nunca ousado.


DRAGÕES - DE - KOMODO

Esses super-lagartos vivem na Ilha de Komodo na Indonésia, um país com milhares de Ilhas.












No mapa se localiza-se ao sul a  Ilha de Komodo, onde estão esses animais que parecem ficção. Eles podem ter até 3 metros de cumprimento e pesar até 90 quilos.

Eles não mastigam suas presas. Eles as mordem inoculam o veneno que há na sua saliva e esperam o enfraquecimento delas. E, então, as engolem com chifres e cascos e tudo o mais.

Há um motivo para falar desses animais horrorosos mas que fazem parte da fauna planetária Um vídeo mostrou o exato momento em que um deles começa a engolir, salvo engano, uma ovelha.

Vivo, ainda, o animal atacado pelo dragão, começou a berrar com o seu mééé estridente que foi mantido audível até quando totalmente engolido, já no estômago do "monstro".

E eu que não tenho simpatia pelo dragão vendo e ouvindo isso!

Esses dragões impressionantes engolindo as presas com chifres e cascos pelo que depreende-se que seu estômago seja composto por algum líquido parecido com ácido...

... Brincadeirinha.

Foto de perfil sem sorriso e linguarudo. E feio.