23/09/2023

TERRORES

Esta crônica eu relutei em divulgar porque se refere a experiências psíquicas (ou espirituais?) muito particulares. Mas, estou lendo “Confissões” de Santo Agostinho — filósofo católico, nascido em 354, apenas 41 anos depois do Édito de Milão, assinado em 313 por Constantino tornando o cristianismo religião oficial do Império Romano —, tempo tão próximo de Jesus, e constato que, antes da conversão de Agostinho ao cristianismo, suas confissões a Deus expunham as mesmas indagações que eu próprio faço hoje, tais os mistérios que rodeiam este planeta sofrido e o próprio Universo.

Eis que resolvi divulgar estas passagens. Nesse longo período de indiferença, creio, pior não foi porque eu nunca abandonara a força Universal — eu costumo chamar de “pensamento forte” — por tudo o que estudara e meditara sobre as relevâncias da vida, questionando com insistência as diferenças entre os semelhantes e, por causa dessas experiências sempre me pergunto o que domina o impulso de tantos desatinados que causam espanto e perplexidade tal a insanidade de seus atos?

Acho que, mudando um pouco conceito que li alhures e nem saberia dar detalhes, tantos anos se passaram mas, vez por outra, em termos da interioridade, da alma, tenho pensado que há os que, num impulso, revolvem os seus “porões”, aqueles resquícios de um passado insondável que eclodem de modo incontrolável num momento qualquer de provocação.

Aí o rancor, o ódio, o assassínio…e as tragédias que provocam.

Pois bem, na minha escala de proporcionalidade, há alguns anos, dando uma escapada possível das aulas da PUCSP com alguns colegas, fomos assistir “O bebê de Rosemary” um filme de terror sofisticado dirigido por Roman Polanski.

No enredo, havia em torno da futura mãe uma seita demoníaca que a controlava num convênio com o marido dela, esperando o nascimento de um bebê que atendesse aos desígnios do mal até porque o suposto pai fora uma entidade materializada num ritual sórdido de seus adoradores.

Aquela noite já não passei bem.

No dia seguinte, como uma marca de chumbo afetando severamente meu modo de encarar os desafios que a vida impõe, num lampejo esse peso foi agravado porque fiz ligação com relato de cena parecida de materialização de figura demoníaca descrita no livro “Mistérios e magias do Tibete” de Chiang Sing que garante que fora verdadeira e tão degradante, a ponto de recusar a autora dar detalhes em sua obra. 




Resenha, acessar: Mistérios e Magias do Tibete


 










Esse estado de carregar um fardo nefasto perdurou por uma semana. Havia revolvido o meu porão e teria que esperar a poeira baixar reagindo com meditação e oração.

A segunda vez que me senti mal se deu depois de, apenas numa noite, ler “O Exorcista” de William Peter Blatty.

É também uma obra que não faz terror “gratuito”, digamos, que pode ter algum significado para adeptos desses temas.

Fiquei, também, algum tempo, com os mesmos sintomas que acima relatei.

Para muitos essas obras são indiferentes, um passatempo mas não foram para mim.

Então, há muito deixei de assistir qualquer filme de terror — não perco mais tempo com eles — e no tocante a livros, dos tantos que tenho lido, alguns podem ter esse tema mas os tempos agora são outros.

Mas, quer pela maturidade quer pelos convênios que unilateralmente formulo a Deus esses terrores e outros que não relato nunca mais se manifestaram.

E, ademais, eu evito remexer nos meus porões.

A ira, para ficar somente nela, provoca mal-estar e quase sempre desarranjos de consciência.

Os sonhos podem informar coisas, revelações sutis e, a cada noite peço ao Criador, deixando um pouco seus mistérios Universais que me faça sonhar com almas melhores do que a minha ou vivenciar, nesse estado, experiências edificantes.

A idade ajuda ou leva à reflexão. Nesses temas tão pessoais, tão reservados eu preciso conversar com Alguém… porque eu sinto a minha fragilidade.


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