26/04/2022

VOLTA AOS TEMPOS POÉTICOS

 O MENINO DO DEDO VERDE de Maurice Druon


Esse livro, mesmo o tradutor, D. Marcos Barbosa, aproxima sua mensagem à do "Pequeno Príncipe" porque o menino Tistu, além de questionar muitas das mazelas da sociedade e mesmo de sua casa, porque seus pais eram muito ricos, produzindo canhões. 

Incapaz de frequentar a escola normal porque adormecia, então seus pais decidiram que ele recebesse instrução do jardineiro Bigode, quando descobre que seu polegar tinha o poder de fazer brotar plantas em qualquer lugar que fosse.

E, então, ao receber lições de "ordem" do sr. Trovão, ele humaniza a prisão com plantas e flores que seu polegar verde possibilita.

Toda essa humanização com as plantas ele vai praticando em segredo, só sabido pelo jardineiro Bigode até que eclode uma guerra.

A fábrica do seu pai começa a produzir canhões para os dois lados em conflito, situação que ele, além da guerra, não compreendia.

Quando questiona Trovão sobre essa anomalia, recebe um bofetão. 

Tistu, então, resolve fazer dos canhões, floreiras impedindo seu funcionamento. A guerra é "cancelada".

Com a fábrica de canhões desmoralizadas seu pai resolve produzir plantas e flores.

Tistu conversava com o pônei Ginástico. Ele se despede subindo pela escada às alturas, despedindo-se do animal.

Tistu era um anjo.


Nestes tempos atuais, este planeta sofrido, devastado, desrespeitado em suas fontes essenciais, com guerras sujas ressurgindo nem sei se o Tistu daria um jeito. Mas, ele faz falta.

Diria que o verde, no seu todo, é parte da essência do planeta. Nem sei só nós somos também uma essência. Acho que não porque somos tremendamente predadores, inconsequentes, movidos pelo fator dinheiro, lucro, ambição desenfreada.

Ora, direis, estás em emoção e em exagero. Não, não penso desse modo até porque há muito percebi que este planeta é o mundo das diferenças, das divergências e até... da destruição.

Sinto tempos cada vez mais difíceis de viver neste planeta das penitências, das diferenças para as próximas, bem próximas gerações.

Só não sou apocalíptico...  ainda.


A AMIGA DA CATALUNHA

Embora seja paulistano, "a essência da minha vida", digamos, foi moldada no ABC, especialmente em São Caetano do Sul.

Uma coisa que me intriga até hoje foi estudar o colegial no Colégio "Cel. Bonifácio de Carvalho" (no "Coronel"). Porque, minha graça, quantas vezes disse isso, havia o primor de tantas alternativas, um sentido de imortalidade, de realizações, de felicidade não  apreendida, então, até um pouco mais da metade da década de 60. Aquele tempo quem viveu em SANCA pode dizer que viveu num planeta paralelo.

Nunca vi, das vezes que encontro ex-alunos do "Coronel" não registraram que lá estudaram.

Feita essa introdução, tenho uma amiga daqueles tempos que vinda da Catalunha, lá estudou e sempre se refere ao Colégio de modo carinhoso.

No blog "Dos livros lidos", na resenha do livro Stalin, ele me remeteu da Catalunha, está mensagem em 22 de abril:

Maria Rosa Cuartero Soler

Meu querido amigo Milton : amanhã, aqui na Espanha, também é o dia do LIVRO 📙 e o dia de SÃO JORGE, neste caso o Salvador da CATALUNHA, do malvado DRAGÃO  que queria destruir a nossa maravilhosa cidade. É festivo, só no PAÍS CATALÃO. As ruas de todos nós, estão cheias de paradinhas, cheias de livros 📚 , e de ROSAS VERMELHAS, envoltadas em celofane, com a bandeira deste lindo (no Brasil, seria ESTADO), na Espanha, é odiada. Nesse lindo dia, nos comemoramos também o dia do AMOR. As mulheres, damos de presente pro homem que mais amamos, um livro 📙  e os homens que  amam as mulheres, sejam elas as que sejam, como namoradas, esposas, mães, filhas, e até boas amigas, uma ROSA 🌹  e tudo está cheio da nossa bandeira, que a mais, pede a LIBERDADE.


A imagem abaixo inspira a comemoração do Dia de São Jorge e dia do livro (23.04):


Tradução da mensagem em catalão:

Um símbolo...uma identidade de
pais... uma mostra de estima...Qualquer
motivo e para te desejar 
FELIZ DIA DE SÃO JORGE

(E, diz ela: você pode ver que o idioma
não é muito diferenciado do brasileiro)

E, por fim, em outra mensagem conclui ela: "Nunca quero perder sua amizade"



Família da Maria Rosa: seu filho Márius, profissional destacado da Saúde e sua netinha Ivet em 20 de setembro de 2021.

A capital da Catalunha é Barcelona. Os que a descrevem a consideram cidade magnífica.

    A Catedral de Barcelona

É em Barcelona que acontece uma das maiores celebrações em homenagem a São Jorge porque é o padroeiro da Catalunha desde o século 15. Então, todos os anos a cidade se colore com flores para celebrar o dia de Sant Jordi, em 23 de abril. A data também passou a marcar o dia dos namorados (do amor) e o dia do livro.

A Catalunha tem aspirações de independência em relação à Espanha, pelas suas tradições próprias, sua cultura diferenciada e sua língua, a catalã. E, também, pelo seu poderio industrial, comercial e econômico.

A Catalunha no mapa da Espanha


POEMETO

Zé da sacola


Vocês o conhecem?

É o José da sacola?

Pedindo esmola

É o José sem ninguém

É o Zé das brigas

Que não liga às intrigas

E o Jô sem escola

Que pede e esmola


Lá vem o Zé maltrapilho

Vive da caridade

Que sujeitinho sujo!

Ah! Como lhe rói a saudade


É o Jô que dorme na rua

Que injuria a usura

Ri da sorte, ri da vida

E a alma? Essa é pura.


É o Zé da sacola

Esse poemeto foi escrito em 1966, nem sei se pessoas assim tem "alma pura" pela lei da causa e efeito, por nada realizarem. Talvez se um Zé desses tiver pensamentos puros conforme a alma, terá reflexos favoráveis no ânimo do planeta. Pensamentos puros são captados por aqueles sintonizados com esse nível de recepção.

E pensamentos evoluídos, aqueles que engrandecem, não têm como chegar nestes tempos sórdidos, do baixo calão, e do chulo hoje proferidos como “liberdade de expressão".

Pensamentos construtivos não vencem o bloqueio da mente assim turvada.

LIVROS LIDOS - MEU BLOG

Sei que falar de livros o alcance é limitado e isso sem qualquer presunção de minha parte que os preservo muito. É isso aí e ponto.

Tenho AINDA um blog "DOS LIVROS LIDOS" que tem acessos limitados até porque o Google não cadastra todos. Esses acessos, ainda assim, se realizam em países diversos.

Eu desconfio um pouco, ou um pouco mais, das estatísticas registradas pelo próprio blog porque há sempre a ação indevida dos hackers mesmo para atacar simples resenhas de livro.

De qualquer modo, os seis livros mais acessados são, nessa ordem:

1 - A Divina Comédia (Inferno) de Dante Alighieri

2 - A Insustentável Leveza do ser de Milan Kundera

3 - Odisseia de Homero

4 - Rumo à Estação Finlândia de Edmund Wilson

5 - Mistérios e Magias do Tibet de Chiang Sing

6 - O Mistério das Catedrais de Fulacanelli

Os países que mais têm acessado o blog dos livros, são:

Estados Unidos

Brasil

Ucrânia

Suécia

Rússia

Alemanha


Essas resenhas que tenho feito, nesta data de 91 livros tem por objetivo desembaralhar o que tenho lido e se apresentar como lembrete a mim e a quem mais interessar.

Em alguns livros me dediquei muito na resenha e comentários, entre eles "Os Sertões" de Euclides da Cunha e "Rumo à Estação Finlândia" de Edmund Wilson obras muito acima da média. Mas, há outras tantas.

O endereço abaixo dá acesso aos 91 livros acessados até agora:

Acessar: Dos livros que li

SOBRE SÃO FRANCISCO

Texto recuperado

São Francisco viveu de 1182 a 1226 falecendo em Assis, Itália.

Impôs-se a pobreza absoluta.

Bom, e a visita ao seu túmulo em Assis?

Pois estou em Assis. Quando então, uma basílica reformada depois de abalada em parte por um terremoto, nos rumo do túmulo de São Francisco.

Sobe-se uma ladeira não muito íngreme, rodeada de pequenas lojas e barracas de souvenirs" que exploram sem cerimônias, o comércio, tendo como chamariz, claro, a imagem do próprio santo.

Mas, isso não deslustra aquilo que chamarei "a força espiritual de São Francisco", porque ao se descer até o túmulo, dentro da catedral, esse mundo de sacrifícios e atribulações fica distante, lá fora.

As impressões são daquele dia da visita. O ambiente com pouca iluminação.

Parece-me que, sejam céticos, sejam crentes, sente-se invadir um sentimento de serenidade.

Para alguns, volta-se contra o rosto uma suave sensação de iluminamento.

Para outros, exalta a emoção espontânea que provoca um "nó" na garganta.

Não sei se me excedo nas impressões, pode-se ouvir um silencioso mas eloquente discurso de paz, amor e fraternidade que influenciam mesmo os descrentes. E, por isso, parece haver um convite à permanência, ali, por um pouco mais tempo do que a expectativa inicial indicara.

Mas, é preciso dizer que essas sensações interiores, pelo que apreendi é lá estar sem oposição ou preconceitos. Apenas lá estar.

E, mais ainda, vivenciar um ambiente de profunda solenidade, exatamente aquilo que ele, em vida, renunciara com toda convicção.

Mais sobre São Francisco, acessar:

Livros lidos sobre S. Francisco











06/04/2022

CRÔNICAS E OUTRAS LUCUBRAÇÕES.

1. O ENCONTRO DAS CRÔNICAS: os efeitos do tempo

Em 1994 escrevi uma crônica que se referia à velhice e as lembranças que ficam da infância. O título: "Desfecho de uma vida simples".

Baseando-me em fatos daqui e dali, de saber e ouvir dizer, escrevi a crônica relatando a decepção do idoso ao descobrir que de tudo de precioso de sua infância nada mais restava.

No tocante a Bíblia que ele abriu em oração naquele momento de amargura, fora uma experiência real da qual eu participei; uma professora de filosofia, religiosa, que não revelara nunca qual ramo espiritual que professava, em algumas aulas, aos interessados, fazia um tipo de jogo: ela abria sua Bíblia ao acaso lia o versículo "sorteado" na página assim aberta e, então, pedia aos alunos que lessem o texto escolhido. Brilhavam os olhos da professora à medida que os aluno participando do "jogo" revelavam diferentes interpretações do texto bíblico. E naquele exercício havia uma sensação de leveza.

Pois bem.

Para encerrar a crônica citada eu fiz exatamente isso. Abri a Bíblia ao acaso e o versículo "sorteado" foi muito apropriado para o desfecho da crônica.

Se a crônica interessar, acesse, clicando: Desfecho de uma vida simples

Essa crônica foi publicada recentemente num revista digital que congrega ex-alunos do Ginásio "Amaral Wagner" de Utinga (Santo André) denominado "O Ginasiano". (*)

O jornalista Ademir Medici em sua coluna no "Diário do Grande ABC" de 2 de abril último fez o seguinte comentário mas será preciso lembrar que essa análise partiu de um amigo o que pode conter gentilezas da parte dele:

"Milton Martins, em "Desfecho de uma vida simples", fala do homem que, ao completar 80 anos, resolve voltar à sua terra natal. Todo estilo de Anibal Machado, jornalista e escritor que faz parte da primeira linha dos autores brasileiros."

Mas, quem é esse escritor Anibal Machado que sequer ouvira falar?

Fui pesquisar sobre Anibal Machado. Quem era ele?

Para minha surpresa, é ele o autor do livro "Viagem aos seios de Duília: 

Eu não li o livro até agora. Conheci essa história por um filme brasileiro com o mesmo nome que gostei muito.

O enredo é simples: quando pré-adolescente ao jovem apaixonado, a menina Duília lhe mostra os seios.

Ele fica com aquela imagem encantadora. 

Envelhece, se aposenta, solteirão  sai em busca de Duília enfrentando uma viagem tormentosa, O personagem, então, encontra a mulher, mas o tempo fora implacável com ela: viúva, uma senhora envelhecida, avó, cujos encantos se perderam naturalmente depois de tantos anos.

Sobre essa obra, mas pelo filme que gostei, escrevi uma crônica que pode ser encontrada no meio de outras, acessando:

Em Croniquestas (I)

Para mim tudo isso foi um encanto. Essa descoberta.

Bom que se diga que eu também enveredei pelo passado. 

Em 2018 andei a pé por São Caetano e relatei essa experiência também numa crônica.

Se for de interesse, acessar: Memórias de São Caetano 50 anos depois

Pensei em voltar à cidade e rever lembranças que faltaram,  marcantes de minha juventude, mas resolvi não fazê-lo. Afinal o tempo passou e os ânimos, hoje, são outros.

E, ademais, minhas "árvores centenárias" há muito se foram e eu não preciso voltar lá para saber. Quem ler a crônica "Desfecho de uma vida simples" vai entender o que estou dizendo.

(*) A publicação digital "O Ginasiano" é idealização de  Dilson Nunes, ex-aluno do Amaral Wagner que também a edita.


2. A PROXIMIDADE DO BEM E DO MAL

Criei coragem e divulgo esta menos que uma reflexão, uma constatação, e nas madrugadas da vida, que desafiam a minha compreensão. Não adianta, me consolo e reafirmo que o essencial da vida, nós todos não sabemos.

Olhem, estas são explanações minhas e somente minhas. Em todos esses livros que tenho lido geralmente aqueles com temas ocultistas, é revelada uma distância muito tênue entre o bem e o mal.

Isso se revela, por exemplo, no livro "Zanoni" de Edward Bulwer-Lyton (*) no qual o Autor expõe numa passagem que, na tentativa de desvendar mistérios universais pela “magia” ao inepto para tanto, pode a experiência se transformar num distúrbio mental grave. 

Sim dá para sentir o bem e o mal em sutis influências que se transpõem: um pensamento construtivo, qualquer que seja, pode ser turvado instantaneamente por um outro de influência destrutiva ou de inveja, ou de ódio. Jesus Cristo foi assediado pelo demônio. Até Pedro foi rejeitado quando advertiu Jesus de que ele não seria sacrificado como anunciara aos seus discípulos (Mateus 16, 22-23).

Tenho pensado muito nisso. Tenho sentido essas manifestações contraditórias do bem e do mal com constância. A essa proximidade entre o bem e o mal vem-me à mente a imagem dum ônibus, sentados lado a lado, roçando ombros um dos passageiros com alto valor moral caridoso e o outro exalando a perversidade de uma alma doentia dando guarida à destruição à sua volta.

Como se explica tanta diferença nesta planeta? É o planeta notoriamente das contradições. 

Que mistério é esse?  

(*) Acessar resenha do livro: Zanoni