Esta crônica é pouco ortodoxa pelas revelações que faço. É um esboço ou um incentivo do que poderá se constituir em exposição mais ampla, no qual esta crônica, melhor desenvolvida, seria uma página ou um capítulo.
Há muito que dizer... o tempo dá um tempo.
Eu
já relatei que um dia fiz a primeira comunhão e minha mãe fez uma
festinha comemorativa na casinha modesta onde morávamos no bairro
Fundação (SCS) mesma sala onde brincava de escritório. Havia base
redonda duma mesa de centro que ficava pouco acima dos pés na qual
“arquivava” papeis do “meu” escritório.
Minha
mãe fez questão dessa comemoração.
Aqueles
foram tempos felizes, mas tudo tem o seu tempo.
Houve esse sentido religioso do qual me afastei.
Já avançando na adolescência vivi com meus irmãos mudanças
inesperadas.
Não
me animo agora a falar sobre isso se realmente acreditar no que aqui
vou relatar.
Talvez
um dia me anime a tanto numa explanação mais elaborada tentando
resolver sob a minha ótica essas experiências de vida como essas
que, penso, superei.
Minha
irmã mais velha sempre demonstrara, digamos, “sensibilidade
espiritual” e na busca de respostas às projeções interiores que
não entendia enveredou pelo ocultismo, esoterismo e inclusive no
Rosacrucianismo da AMORC, naqueles tempos muito na moda.
Não
há dúvidas que essa sua busca influenciou meu irmão e também a
mim.
Esses
irmãos já faleceram.
O
ocultismo concentra uma gama de caminhos e alguns são até perigosos
quando se insiste em os trilhar sem os entender.
Mas,
hoje, me parece, com tantas alternativas de conhecimento esse tipo de
trilha é pouco enveredada, acho.
Havia
uma máxima que dizia que aquele que enveredasse pelo ocultismo,
sempre teria algum lampejo em sua mente, fragmentos desses caminhos
pouco ou muito trilhados. Quanto a mim há muito não me preocupo
porque desde sempre me julguei um pré-neófito.
Nem
sempre a religiosidade, nesses estudos, era invocada.
No
caso da AMORC não me lembro da menção, por exemplo, a Jesus e o
que representava nesse “mundo alternativo”, até que li um livro,
“A vida mística de Jesus” escrito por um dos principais líderes
da Ordem no passado (H. Spencer Lewis).
Um
livro ou uma corrente filosófica, posso qualificar desse modo, que
muito me influenciou, foi “Conceito Rosacruz do Cosmos” ou
“Cristianismo Místico” de Max Heidel.
No
grosso volume de mais de 500 páginas entre muitos temas, sobre a
presença de Jesus no mundo, escreveu ele:
“Se
Cristo Jesus tivesse morrido simplesmente, ter-Lhe-ia sido impossível
executar sua obra. Mas, os cristãos têm um Salvador ressuscitado.
Alguém que está sempre
presente para ajudar os que invoquem o Seu nome. Tendo sofrido de
tudo como nós, e conhecendo plenamente as nossas necessidades, Ele é
o lenitivo para os nossos erros e fracassos enquanto continuarmos
tentando viver uma vida digna. Devemos ter sempre ante os nossos
olhos que o único verdadeiro fracasso é deixar de
tentar.”
Então,
os pecados do tempo de Jesus e os de agora, agravados, estão por
toda parte: guerras, assassinatos, desonestidades, perseguições…
Mas,
a todos que queiram se voltar à “vida digna”, ele está
presente. É um amigo que pode ajudar no invisível as angústias, o
desespero e até o ter sempre por perto.
Quero
dizer que desde há muito, nas minhas reflexões questiono passagens
de Jesus no seu tempo. Não se trata de arrogância inconsequente.
Mas, atribuí a mim o direito de refletir sobre alguns aspectos de
sua vida e tudo aquilo que não me é dado entender.
Por
isso que — e já me referi a esse versículo — aplico Mateus 6.6
(“se quiser falar com Deus”). Mas, cada vez mais estou me impondo
buscar a sua amizade e proteção.
Não
estou aqui fazendo pregação religiosa — nem pensar! — e vou
relatar linhas a seguir experiência fora desses conceitos.
Mas,
antes, é sempre bom lembrar que essas correntes esotéricas e mesmo
o espiritismo doutrinam que a vida é regida pela “lei das
consequências”, para o bem e para o mal. Pelos atos praticados. E
essa lei age a seu tempo e hora até em reencarnações futuras.
E
uma dúvida que tenho: o livre arbítrio, ainda que limitado, rege o
destino duma vida? Como conciliar certos acontecimentos da vida que
nada teriam a ver com nossas escolhas individuais?
Esses
mistérios que me rodeiam.
▬
/ ● / ▬
Eu
disse que o ocultismo pode ser perigoso e pode provocar experiências
estranhas.
Ele
pode mexer com o psiquismo. Conheci casos graves sobre essa
influência naqueles idos.
No
livro Zanoni de Edward Bulwer-Lytton, cujo
enredo
seria de “ocultismo fantástico” segundo
indevidamente qualifica a capa,
o personagem que dá nome ao livro e outro personagem, Mejnour,
tinham a
dom
da imortalidade, viviam
havia séculos.
Eles agiam numa linha ambígua entre
os mortais embora
a obra fale no aperfeiçoamento da
alma
interior
para que os homens se tornem mais que homens (todos
os
seres humano).
Mas,
um terceiro personagem por tentar desvendar os poderes de Mejnour
atraiu
espíritos horrendos que o perseguiam.
Quis
ou não o Autor, a verdade é que ele estabeleceu a tênue linha
entre a iniciação para
o
bem ou para
a tragédia
da
possessão neste
caso ao não merecedor daqueles
conhecimentos
herméticos.
Relatei
isso no meu “Joana d’Art” (*). Se
bem me lembro, quando
lia os
trechos mais assustadores do livro (eu
li mais de uma vez),
as luzes se apagaram na
minha sala.
Um
susto e na penumbra.
Uma
outra vez — talvez não fosse o mesmo livro, mas outro com as
mesmas incursões — estava
sozinho numa chácara em Campo Limpo Paulista, num local isolado,
tarde
da noite, escuridão total.
Essa
segunda experiência
me levou
ao descontrole e à
busca de alguma luz… de vela…
Claro
que muitos rirão,
dirão
que se tratara
de mera coincidência — “muita” para o meu modo de pensar,
porém.
No
“Conceito Rosacruz do Cosmos” a possessão é admitida lendo-se
uma história na qual seria comprovada a reencarnação.
E
os Evangelhos, quanto Jesus expulsou esses espíritos do mal,
dominadores!
Não
encerrei ainda esse tema. Há os Terrores.
Referência:
(*)