18/11/2023

CENAS DO COTIDIANO (IV)

 



 Apenas dando uma olhada discreta...



MUDEI O TÍTULO DE "JANELA DISCRETA" PARA "CENAS DO COTIDIANO"

CENAS DO COTIDIANO:

I. A chave que se desmaterializou a voltou a existir

II. O Google não é a inteligência artificial?

III. Tempos de desastres ambientais e o calorão

😒

I - A peça que se desmaterializou e voltou a existir

Acho que no primeiro ano do Ginasial eu tive aulas de trabalhos manuais que visavam propiciar ao aluno o desenvolvimento de aptidões, a criatividade e o interesse para resolver pequenas tarefas domésticas do cotidiano.

Esse talento remoto que tenho desse tempo e, talvez, pelo meu pai que, por pedaços de madeira fazia quase tudo de pequeno tamanho, incluindo brinquedos, carrocinhas, caixas... isso tudo ficou no meu subconsciente (ou no inconsciente? Não assimilei, ainda a linha divisória entre um e outro desses dois fenômenos psíquicos).

Pois bem, dia desses fazendo um trabalho com furadeira como que "por encanto", sumiu esta peça, chave para apertar as brocas no "mandril".



         




Essa chave tem 8 centímetros e, ao sumiço,  foi procurada à exaustão, até mesmo rastelando a área do gramado onde ele poderia ter caído. 

O pequeno pote de parafusos e pregos foi despejado uma dezena de vezes. E nada. Dei como perdida. 

— Duende fazendo traquinagem sempre dizia aos meus filhos pequenos quando alguma coisa sumia. 

Com alguma dificuldade comprei outra chave que servia na furadeira.

Eu tenho comigo, ainda, caixas de madeira feitas pelo meu pai que devem chegar há 60 anos. Elas estão comigo para guardar documentos mas uma delas serve exatamente para guardar a furadeira.

Resolvi reformá-la e pintá-la.

Nesses momentos havia a presença remota de meu pai que falecerá havia já 36 anos.

Esta é a caixa ainda não pintada, mas já reforçada tanto tempo depois de feita. E o pote de pregos e parafusos está ao lado.











Então, nesse trabalho precisei dum pequeno parafuso. Voltei a despejar o pote.

Para meu espanto, a chave desaparecida reapareceu destacada do monte de pregos e parafusos como se quisesse me surpreender. Fiquei atônito, porque o pote fora revirado várias vezes não só à procura da chave como, depois, em busca de parafusos e pregos.

Talvez houvera naquele momento de um trabalho humilde da reforma que fazia naquela caixa feita pelo meu pai há tanto tempo, sua presença forte na memória e, dai, por isso, deu-se um movimento de transcendência.

Não posso explicar diferente disso.

II. O Google não é a inteligência artificial?

Acho que sim.

Vejam só. A plataforma acabou com os dicionários — ou a necessidade constante deles — as enciclopédias, os atlas e milhões de livros técnicos, guias de ruas...

Mas, vou dizendo que sou ledor constante de livro impresso e não ando com o celular pendurado no pescoço, só os óculos.

A IA creio terá a muito a dever ao Google.




Virou expressão cotidiana:

"Dá um Google".

Na minha profissão (advocacia) — agora restringindo muito pelo tempo de exercício — então com o Google efervescente naqueles dias, havia lido nalgum publicação uma decisão do STF que mais tarde dela precisaria de modo impreterível.

Fui ao portal do STF e não a localizei. Então,

"dei um Google" e achei a decisão...

Simples assim.

III.  Tempos de desastres ambientais e o calorão

Já tem gente séria questionando as imensas áreas de plantio de soja, a perder de vista, sem qualquer reserva verde. E há os que já questionam os pastos para o imenso rebanho bovino que, digam o que quiserem, participa ativamente do efeito estufa.

Nos dois casos, as florestas foram devastadas implacavelmente. 

E há aí um receita perversa: parte da produção da soja alimenta o gado.

E há os depravados que fazem queimadas, não se preocupam com os animais que morrem, derrubam árvores e com tudo isso feito, todos lamentam o calor.

São os farsantes, os estúpidos.

E os omissos não se dignam a plantar uma árvore na sua calçada por causa das folhas que são obrigados a varrer. Se fecham e ficam na frente da televisão, ligando o ventilador.







Sinais de tempos futuros sem muito futuro.

Deus meu, quanto já falei sobre isso neste meu canto silencioso!