15/11/2018

ESCOLA SEM PARTIDO. GÊNERO SEM IDEOLOGIA



Não sei bem se o que experimentei foi escola sem partido. Acho que sei sim. Já faz muito tempo, mas vou relatando essa experiência.

No primário, os professores que tive a felicidades de ter como mestres me deixaram marcas indeléveis de dignidade. 
Fui alfabetizado por um professor no 1º ano.


Até hoje me lembro dele e delas.

Qual a minha expectativa diária? Que os professores efetivos não faltassem, tal o “amor” que a eles devotava.

E quais os reconhecimentos que me marcaram depois de tantas décadas?

Algumas poucas vezes ter a melhor redação e a ler em classe, todos atentos.

Um livro por nunca ter faltando quando no 3º ano do primário presenteado pelo professa Carmen.

Um livro no 4º ano pela minha aplicação presenteado pela professora Olga.



Política, “ideologia de gênero”?
Nem pensar. Neste caso, uma afronta.

Falarei disso linhas a frente.

Não me acanho em reaver coisas de um passado tão remoto. É que, queiram ou não, esse passado passou por mim e de vez em quando bate um estranho sentido de “perda”. 

Livros: no começo histórias de Tarzan, que eu gostava muito. Depois, Monteiro Lobato e mais a frente livros mais complicados. E foi a partir daí que nunca mais larguei um livro.



No ginasial, já fui mau aluno mas sempre havia o prêmio de ter desenhado o melhor mapa da América do Sul, exibido pelo professor de geografia à classe.

Minha participação efetiva em atividades da escola, escrever para o jornalzinho.

Homenagens aos professores no dia 15 de outubro, religiosamente.

Política? Nem pensar

Desafios sexuais?

“Escola das ruas, troca de informações entre a molecada. Alguns eram mais sabidos que outros”. Nesse momento a "coisa sexual"
 já despertava forte.

O que posso dizer é que, nesses tempos, a molecada, regra geral, as exceções eram desconfianças, tinha uma grande necessidade da masculinidade.

As meninas eram recatadas, iam à missa das 10h00!

Mas, não posso negar conflitos interiores.

Esses não relatarei aqui, porque já o fiz no meu Joana d’Art, até com alguns detalhes depois de meditar sobre a oportunidade de explanar sobre isso no livro. Mas, foi bom.




Mas, todos aqueles colegas mais próximos, amigos e amigas, sobreviveram.

Isso tudo era a "alma" da escola.


No colegial, vivi os tempos dos militares, pós 64.

Envolvimento em grêmio estudantil. Colunas em jornais na cidade de São Caetano – análise política mas se referindo apenas aos assuntos locais. Muita participação, tempos memoráveis.

As aulas eram “normais”. O currículo ia sendo cumprido sem qualquer interrupção relevante.

Fora das salas, havia movimentação: começaram nos pátios da escola questionamentos sobre o modo como os militares agiam. A palavra ditadura passou a ser de uso corrente.

Mas, para a grande maioria, essas discussões, algumas radicais, eram de indiferença.

A formatura no clássico foi “feliz”. 1965, ano de muitas realizações. (*)




No curso de direito da PUC, as aulas, algumas empolgantes, outras enfadonhas, não tiveram em momento algum, desvio políticos. 

Havia indiferença com o que se passava lá fora. Ninguém estava preocupado com os "dedos-duros" voluntários que diziam existir em toda a Universidade.

Franco Montoro era professor e senador naqueles idos. Ele nunca defendeu qualquer ideia ou ideologia política. Suas aulas eram agradáveis sempre da matéria que ministrava, introdução à ciência do direito e ética do direito. Sem desvios. 

De vez em quando, lá estava o José Dirceu, aproveitando uma folga de aula e passando sua mensagem de combate aos miliares propondo a resistência ao que classificava de “ditadura”.

Falava em democracia mas depois, quando o movimento à esquerda se ampliou com armas em punho, passou a defender a ditadura de Cuba.

Mas, nada além disso.

As aulas foram sempre normais, apenas com algumas interrupções.

Às vezes, as aulas eram desviadas para o histórico Teatro Tuca ao lado do prédio principal da Universidade, para acompanhar alguma conferência sobre a teoria do direito.

Pode até ter ocorrido, mas não me lembro de nada sobre temas políticos, sobre as vantagens do socialismo e assemelhados. O Tuca até então era um "território livre".

[Em 1977, porém, houve invasão em suas dependências pelas forças policiais e militares que tinha por missão coibir com violência manifestação de estudantes de diversas Universidades que estavam por ali,  pleiteando  eleições, anistia e democracia. "Todos presos" gritou o coronel Erasmo Dias.]


MORAL DA HISTÓRIA: AO LONGO DE TODO O MEU PERCURSO NOS ESTUDOS, MINHAS ESCOLAS FORAM SEM PARTIDO.

A IDEOLOGIA DE GÊNERO E ASSEMELHADOS NO MEU TEMPO SERIA NOTÓRIA DISTORÇÃO, IMPENSÁVEL.

PORQUE COMO DISSE, OS JOVENS TINHAM CONSCIÊNCIA DE SUA MASCULINIDADE, OS MENINOS E FEMINILIDADE AS MENINAS. 

NOS TEMPOS DESSAS CONSCIÊNCIAS, HOUVE ANGÚSTIAS, NÃO NEGO.

E QUEM NÃO SOBREVIVEU E UNS MAIS QUE OUTROS, APROVEITANDO A VIDA?

ACENEM. 

ESSA FOI A "ALMA" DAS ESCOLAS QUE FREQUENTEI.
ESSA "ALMA" SOBREVIVE PORQUE HÁ MUITOS JOVENS ESFORÇADOS NOS ESTUDOS...


(*) No Diário do Grande ABC de 10.10.2018 tive oportunidade de relatar um pouco desse tempo "mágico". Essa matéria é encontrada na minha página do facebook,


Fotos:

Turma do 1º ano do grupo escolar, com o professor Paulo Tonini

Prédio de Grupo Escolar "Senador Flaquer" de São Caetano onde fiz o primário, como está hoje. Esse prédio tem mais de 90 anos.

Capa do meu livro "Joana d'Art". Informações adicionais, acessar:
https://joanadartlivroblogspo.blogspot.com/2018/04/informacoes-atualizadas-do-livro-joana.html

Minha participação em concurso de oratória em 1964 no Colégio "Bonifácio de Carvalho" de São Caetano do Sul.





23/11/2017

DOS LIVROS QUE LI


DOS LIVROS QUE LI é um blog cujo acesso se dá pelo "endereço" seguinte:

https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/ 


Os livros resenhados, comentados e até interpretados são esses relacionados abaixo. Pretendo que essa lista se amplie e estarei lendo outros livos para que isso ocorra. 
As críticas a essas minhas "intervenções literárias" serão sempre muito bem vindas.





82. A CASA DOS ESPÍRITOS de Isabel Allende

81. A VIDA SECRETA DAS PLANTAS de Peter Tompkins e Christopher Bird

80. RONCADOR (Jornada da "Bandeira Piratininga") de Willy Aureli


79. OS CARBONÁRIOS de Alfredo Sirkis



78. DOM CASMURRO de Machado de Assis


77. CRIME E CASTIGO de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski


76. O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO de Jerome David Salinger


75. COMO VIVER NESTE MUNDO de Jidu Krishnamurti

74. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA de Eusébio de Cesaréia

73. O ANTICRISTO de Friedrich Nietzsche
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html

72. SENHORA de José de Alencar

71.  RUMO À ESTAÇÃO FINLÂNDIA de Edmund Wilson
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/05/rumo-estacao-finlandia-de-edmund-wilson.html

70. 
CRIANÇAS DE GROZNI de Åsne Seierstad
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/04/criancas-de-grozni-de-asne-seierstad.html

69. AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE de Paramahansa Yogananda
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/03/autobiografia-de-um-iogue-de.html

68. ENEIDA de Públio Virgílio Maro


67. AS PORTAS DA PERCEPÇÃO e CÉU E INFERNO de Aldous Huxley 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/12/as-portas-da-percepcao-e-o-ceu-e.html
 
66. O RETRATO DE DORIAN GRAY de Oscar Wilde 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/11/o-retrato-de-dorian-gray-de-oscar-wilde.html 

65. A REVOLUÇÃO DOS BICHOS de George Orwell 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/10/a-revolucao-dos-bichos-de-george-orwell_23.html 

64. TUPARI de Franz Caspar 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/10/tupari-de-franz-caspar-entre-os-indios.html

63. ODISSEIA de Homero
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/09/odisseia-de-homero.html

62. O MORRO DOS VENTOS UIVANTES de Emily Bronte
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/08/o-morro-dos-ventos-uivantes-de-emily.html

61. LEONARDO DA VINCI de Walter Isaacson 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/06/leonardo-da-vinci-de-walter-isaacson.html

60. ÉDIPO REI de Sófocles
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/05/edipo-rei-de-sofocles-livro-60.html

59. DEMIAN de Hermann Hesse
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/05/demian-de-hermann-hesse-livro-59.html

58. O ATENEU de Raul Pompeia
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/05/o-ateneu-de-raul-pompeia-livro-58.html

57.  A VIDA MÍSTICA DE JESUS de H. Spencer Lewis
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/04/a-vida-mistica-de-jesus-de-h-spencer.html

56. RAZÃO E SENSIBILIDADE de Jane Austen
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/03/razao-e-sensibilidade-de-jane-auten.html

55. A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER de Milan Kundera
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/02/a-insustentavel-leveza-do-ser-de-milan.html

54. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS de Machado de Assis
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/02/54-memorias-postumas-de-bras-cubas-de.html

53. URUPÊS de Monteiro Lobato
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/01/urupes-de-monteiro-lobato_4.html

52. OS TEMPLÁRIOS de Piers Paul Read
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/12/52-os-templarios-de-piers-paul-read.html

51. O NEGOCIADOR de Frederick Forsyth
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/11/51-o-negociador-de-frederick-forsyth.html

50. A GUERRA DO FIM DO MUNDO de Mario Vargas Lhosa
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/09/50-guerra-do-fim-do-mundo-de-mario.html

49. TIL de José de Alencar 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/08/49-til-de-jose-de-alencar.html


48. O HOMEM COMUM de Philip Roth
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/48-o-homem-comum-de-philip-roth.html

47. O JOGADOR de Fiódor Dostoiévski
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/47-o-jogador-de-fiodor-mikhailovitch.html

46. A DIVINA COMÉDIA (Paraíso) de Dante Alighieri
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/46-divina-comedia-paraiso-de-dante.html

45. AGOSTO de Rubem Fonseca
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/06/45-agosto-de-rubem-fonseca.html

44. MOBY DICK de Herman Melville
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/06/44-moby-dick-de-herman-melville.html

43. AS CIÊNCIAS SECRETAS DE HITLER de Nigel Pennick
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/04/as-ciencias-secretas-de-hitler-de-nigel.html

42. OTELO, O MOURO DE VENEZA de Willian Shakespeare
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/04/42-o-mouro-de-veneza-de-william.html

41. A DIVINA COMÉDIA (Purgatório) de Dante Alighieri
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/03/41-divina-comedia-purgatorio-de-dante.html

40. O PROCESSO de Franz Kafka
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/03/40-o-processo-de-franz-kafka.html

39. GERMINAL de Émile Zola
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/02/39-germinal-de-emile-zola.html

38. HORIZONTE PERDIDO de James Hilton
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/02/38-horizonte-perdido-de-james-hilton.html

37. A ESCOLHA DE SOFIA de Willian Styron  
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/02/37-escolha-de-sofia-de-willian-styron.html

36.  A DIVINA COMÉDIA (INFERNO) de Dante Alighieri
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/36-divina-comedia-inferno-de-dante.html

35. O LIVREIRO DE CABUL de Asne Seierstad
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/35-o-livreiro-de-cabul-de-asne-seierstad.html

34. RECORDAÇÕES DA CASA DOS MORTOS de Fiódor Dostoiévski
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/34-recordacao-da-casa-dos-mortos-de.html

33.  O MENINO DA LISTA DE SCHINDLER de Leon Leyson
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/33-o-menino-da-lista-de-schindler-de.html

32. NADA DE NOVO NO FRONT de Erich Maria Remarque
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/12/32-nada-de-novo-no-front-de-erich-maria.html

31. MEMORIAL DO CONVENTO de José Saramago 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/12/31-memorial-do-convento-de-jose-saramago.html

5. SÃO FRANCISCO DE ASSIS pelos Autores Johannes Joergensen e Jacques Le Goff
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/06/5-sao-francisco-de-assis.html

1. “VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA” de Eduardo Galeano
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/06/veias-abertas-da-america-latina-de.html



22/02/2017

DE H. G. WELLS (Herbert George) A STEPHEN HAWKING



Desta feita, nesta crônica, reúno um grande Autor de ficção e historiador do século XIX/XX (1866-1946), como foi H. G. Wells e o grande cientista Stephen Hawking (físico e cosmólogo britânico).

“Guerra dos mundos” de H. G. Wells

Para conhecer a resenha e comentários do livro de Wells, acessar: 

TEXTO AMPLIADO



De Wells a Orson Welles

O livro de Wells descreve cenas de terror no modo como os marcianos agiam.
Na noite de 30 de outubro de 1938 – véspera do dia das bruxas -, nos tempos do domínio do rádio, o jovem Orson Welles adaptou a “guerra dos mundos” numa transmissão com todos os timbres de realismo, detalhando a invasão marciana na cidade de Grover's Mill, no estado de Nova Jersey (EUA).

[Uma referência que a própria cidade ostenta por ter sido em seu território a “invasão marciana” de Welles].

A transmissão interrompeu a programação normal da emissora, instalando-se o terror e pânico desmedido entre milhares de ouvintes tal qual se dera no livro, que fugiam para algum lugar se afastando do perigo iminente de destruição marciana e sobreviver.

[Mais informações sobre a transmissão de Welles: http://www.dw.com/pt-br/1938-p%C3%A2nico-ap%C3%B3s-transmiss%C3%A3o-de-guerra-dos-mundos/a-956037].

Revelada logo depois que a transmissão de Orson Welles fora convincente interpretação baseada no livro do H. G. Wells, suplantada a perplexidade geral propiciou a ele, Welles, abertura das portas de Hollywood onde dirigiu, com roteiro de sua autoria e intepretação, o filme “Cidadão Kane” apontado sempre como uma obra prima dele e do cinema americano. 

Tragédias que marcam

A destruição praticada pelos marcianos relatada em “A Guerra dos mundos”, com todos os detalhes naquele clima de terror nem de longe se aproxima do que se passou nas duas Grandes Guerras, especialmente na segunda na qual houve a devastação de Londres pelo nazismo, tanto quanto descrevera o livro pela invasão extraterrestre.

Não há como esquecer, por outra, a tragédia das bombas atômicas no Japão.

As guerras localizadas mantidas por razões até fúteis, por um pedaço de território, por um poder decorrendo o massacre impiedoso de vidas inocentes, estranhas a elas mas que ficam a mercê da monstruosidade dos contendores.

Há, também, a batalha da fome eclodindo em muitos países.

Essa e a “guerra dos mundos” real.

Wells e o cinema americano

Muitos são os filmes americanos que investem no tema de invasão alienígena com grandes destruições provocadas pelos invasores malvados.

Dois, porém, são diretamente inspirados na obra de Wells:

1953: “Guerra dos Mundos” dirigido por Byron Haskin, muito bem dirigido mas que omitiu alguns episódios do livro de Wells, como por exemplo, o de serem os marcianos carniceiros. E também as armas letais que faziam parte daquelas trípodes de 30 metros de altura cujos raios direcionados eram letais.

Nesse filme os ataques se davam pelos próprios discos voadores emitindo aqueles raios desintegradores com um som característico muito apropriado para a gravidade dos seus resultados. Por esses recursos foi premiado com o “Oscar” de efeitos especiais.

Tanto como no livro, as armas de defesa do exército eram inofensivas para conter o furor assassino dos invasores.

O filme também causou sustos naqueles tempos em que o cinema fora uma opção primeira de entretenimento, pelo que causava emoções e impactos genuínos.

















(As duas fotos ilustram bem cenas do filme de 1953, inclusive o “olho móvel” ameaçador, imaginado pelo seu diretor, que se estendia a partir dos discos e que explorava ambientes semidestruídos em busca de vítimas escondidas).

2005: “Guerra dos Mundos” dirigido por Steven Spielberg destacou no seu filme o lado carniceiro dos invasores, com dramatizações que não constaram do livro de Wells. Foi sucesso de bilheteria.

Klaatu e Gort

Se bem me lembro, um filme americano no qual o extraterrestre viera em missão de paz – mas nem por isso sem levar um tiro precipitado de um militar ao sair da nave -, fora “O dia em que a terra parou” de 1951 do diretor Robert Wise, tendo como personagens o agente pacifista Klaatu e o robô Gort, este um defensor que emite raios mortais pulverizando armas e inimigos.















A mensagem pacifista do extraterrestre tinha a ver com a eclosão da guerra fria e o que de trágico poderia advir dela.

Todos os demais filmes são catastróficos nos quais os extraterrestres invasores vão destruindo a Terra, principalmente a sempre “culpada” Nova York.

STEPHEN HAWKING

Mas, e Stephen Hawking? (2)

O livro de H. G. Wells se refere aos marcianos que sentiam seu planeta num processo de exaustão e com aparelhos sofisticados que “escapavam à nossa compreensão”, olhavam para a Terra, invejosos.

Por essas condições favoráveis, resolveram atacar a Terra e liquidar toda sua estrutura, além de serem carniceiros.

Há um documentário que apresenta breve entrevista com Stephen Hawking no qual se revela favorável às viagens espaciais e admite a conquista de bases espaciais a nossa volta, porque os recursos naturais neste pequeno planeta se exaurem além de nossa capacidade técnica de reconstrução.

Acentua que foram grandes os progressos nos últimos cem anos, “mas”, diz ele, “se quisermos continuar além nos próximos 100 anos, o nosso futuro está no espaço”.

[Pontos que se tocam entre a ficção de Welles sobre Marte e as afirmações do cientista Stephen Hawking sobre a Terra...

Essas bases poderão ser inabitadas porque caso contrário há sempre a preocupação com a violência que poderá ser adotada pelos nossos conquistadores nessas eventuais conquistas eis que por aqui não faltam atos assustadores de crueldade].

Ele minimiza a presença de ETs entre nós ou que até mesmo venham nos visitando, chegando a colocar em dúvida as abduções que se dão, segundo ele, sempre com “gente esquisita”.

[Quanto a mim penso que alguma coisa além da esquisitice das vítimas pode estar ocorrendo – nos relatos os abduzidos, de regra, são submetidos a experiências físicas dolorosas].

Mas, em havendo contato com uma civilização significativamente desenvolvida, “pode ser similar ao encontro de Colombo com os índios. E os registros históricos atestam que esse encontro não foi bom para os índios”.

E também:

“... em vez de tentar achar vida no cosmos e se comunicar com esses seres extraterrestres, seria melhor que os humanos fizessem tudo o que pudessem para evitar esse contato”. (3)

Ou mais, os alienígenas estariam mais para a destruição no filme “Independence day” e pouco com o ET bonzinho que voava de bicicleta com as crianças, do filme de Spielberg.

Degradação

Não de hoje tenho preocupação com a degradação ambiental que se avoluma, enquanto cresce a população mundial que, por sua vez, necessita de mais espaço para sobreviver e, como decorrência o aumento da poluição, o ataque às florestas e outras reservas naturais, mesmo de água.

Os desertos crescem e não há qualquer tecnologia para reaver essas imensas áreas estéreis. Ou que haja interesse em desenvolver tal tecnologia.

Se tivermos que buscar bases no “universo próximo” à Terra em dias não distantes como sugere Stephen Hawking as causas começam com o descaso ambiental atual tão greve que para mim chegam à emoção.

Nossos netos sentirão esses efeitos dramáticos... se nada for feito para reagir a esse estágio atual de devastação.

Legendas

(1) H. G. Wells não é apenas escritor de ficção. Tenho comigo edição de 1939, em três volumes, da “História Universal” de sua autoria.











(2) Stephen Hawking sofre de doença degenerativa se comunicando por um computador acoplado à sua cadeira de rodas, no qual “um software permite que ele escolha palavras de uma lista e as reproduza através de um sintetizador de voz”.

(3) “O Estado de São Paulo” de 10.05.2010, transcrevendo artigo de Alok Jha do “The Guardian”. As afirmações de Stephen Hawking foram feitas em documentário para o Discovery Channel. Hawking é doutor em Cosmologia, autor do livro “Uma breve história do tempo”. 


11/01/2017

DAS RESENHAS DOS LIVROS QUE CONSEGUI LER

Exercício mental:

Nestes tempos de comunicação eletrônica, assumo a minha perplexidade pelos recursos postos à disposição. Entre esses recursos, predomina o facebook, um misto de alienação e empolgação que abriu a possibilidade a todos de se comunicarem. Considero um meio democrático antes inimaginável.
Pois bem, eu mesmo não nego minha empolgação com o facebook que vem sendo considerado por muitos um veículo que afasta as mentes da leitura tradicional. A charge de John Holcrof abaixo dá esse sentido.



Por causa disso e para não me curvar de modo exacerbado aos recursos impressionantes do facebook e de outros recursos disponíveis é que faço breve resenha dos livros que li nos últimos meses, na verdade um verdadeiro exercício mental.



“Fahrenheit 451” de Ray Bradbury

Para a resenha completa deste livro, acessar:

 TEXTO AMPLIADO

“Dez contos para canções de Chico Buarque”

Esse livro foi publicado pela Companhia das Letras e patrocinado pela Caixa Econômica Federal.
Edição esmerada que talvez explique o vínculo do compositor – cantor com o lulopetismo.

O livro inclui dez contos tendo como fonte de inspiração o mesmo número de canções de Chico Buarque

No geral o livro é ruim.

Sei que é fácil criticar obras alheias, mas há contos no livro que homenageiam a minha mediocridade.

Salvam-se os contos de Carolla  Saavedra (“Entrelaces”), Luiz Fernando Veríssimo (“Feijoada completa”) e Mia Couto (“Olhos nus: olhos). Talvez um ou dois mais.

Tem um conto denominado “A calça branca”, sobre namorados homens muito ruim. Nada contra o namoro homossexual, mas esse conto passou batido na análise da qualidade.

Mesmo com as ressalvas acima, o livro é descartável...












“O Aleph” de Jorge Luiz Borges



É o um livro de contos do consagrado autor argentino. No total são 17 contos.

O livro se caracteriza por um estilo de maior erudição o que pode exigir uma segunda leitura. Há um quê de místico nos contos especialmente no último, o Aleph que dá nome ao livro.

Esse conto tem uma característica: o narrador se relaciona, ainda que exista rancor contido entre ambos, o primo de sua musa, Beatriz.

Esse interlocutor passa a escrever um poema interminável, desprezado pelo narrador que era obrigado a ouvir aborrecido estrofes e estrofes.

Mas, onde entra o Aleph?

Naquele círculo de alucinações ou nem tanto, o poeta disse o ter descoberto no porão de sua casa, esclarecendo que um Aleph é “um dos pontos do espaço que contém todos os outros pontos”.

No porão, o próprio narrador acaba captando o Aleph sendo exposto a revelações universais e de si próprio: “...vi meu rosto e minhas vísceras, vi teu rosto, e senti vertigem e chorei, porque meus olhos tinham visto aquele objeto secreto e conjectural cujo nome os homens usurpam mas que nenhum homem contemplou: o inconcebível universo.”

Aí eclode aquele sentimento tremendo que afeta e fere todos os seres humanos, num dado momento da vida:  a inveja. O poeta que apenas suportava foi premiado pelo longo poema e o narrador, pela sua obra, não recebeu nenhuma referência.

[De acordo com os estudiosos da linguística, o aleph do idioma fenício teria dado origem ao alpha grego que, posteriormente, originou a letra “a” no alfabeto latino.
Para os adeptos das doutrinas cabalísticas, o aleph é interpretado como um símbolo místico e espiritual, responsável por representar Deus como “o começo de tudo”. De: www.significados.com.br] 


“Transplante de menina” de Tatiana Belinky


Tatiana Belinky, juntamente com seu marido Júlio Gouveia fez parte da pré-história da televisão, nos primórdios da Tupi na qual adaptaram entre outras, as obras de Monteiro Lobato, “O sítio do pica-pau amarelo”. Fora escritora, autora de inúmeras obras de literatura infantil.

Neste, a do ”Transplante de menina”, autobiográfico, pode ser considerado “juvenil”.

Russa, nascida em São Petersburgo, com 10 anos de idade, no final da década de 20, quando o país vivia as contradições de conflitos internos graves, viajou com seus pais para o Brasil.

É a partir daí que relata as todas as suas experiências, as dificuldades de adaptação, da língua, de moradia até que residiram em São Paulo, na rua Jaguaribe, no bairro Santa Cecília.

Dai a convivência com outras crianças brasileiras, o bullying que não era assim conhecido, sua coragem e aventuras.

Nas primeiras páginas, ela escreveu isto:

“Hoje – e já há muito tempo – eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de “paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo (...). E no Brasil, não gostaria de  viver em qualquer outro lugar a não ser em São Paulo, essa “Pauliceia Desvairada”, essa megalópole caótica, fervilhante, dinâmica – e, sim, muito linda, onde cresci, estudei e lancei minhas raízes. E onde espero descansar quando chegar o meu dia”.

O relato se encerra em 1932, fazendo a Autora referência à revolução constitucionalista de que eclodira naquele ano, com a derrota dos paulistas.

Tatiana Belinky faleceu em 2013.












“O velho e o mar” de Ernest Hemingway



Para a resenha do livro, acessar: 

TEXTO AMPLIADO










O homem que calculava” de Malba Tahan (Julio Cesar de Mello e Souza)


Para a resenha deste livro, acessar:

TEXTO AMPLIADO