13/08/2021

O FAZEDOR DE DESERTOS – Folha do ABC de 02.09.1984


Esse artigo de 1984 tem alguns pontos de repercussão da época, de teorias (“passarinhada” foi um festa com churrasco de passarinhos que se deu numa cidade vizinha de São Paulo).

No estágio atual de desvios climáticos graves de hoje, o artigo de “ontem” não deixou de apontar essas imensas dificuldades atuais que tendem a se agravar com a devastação ambiental severa.

Em artigos mais recentes voltei a me valer das advertências de Euclides da Cunha em “Os Sertões” sobre as queimadas que se davam e se dão agora, mais do que nunca nas matas sob fogo implacável.

Este o trecho um pouco mais elucidativo extraído da grande obra:

"Esquecemo-nos, todavia, de um agente geológico notável - o homem. Este de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e entre nos, nomeadamente, assumiu em todo o decorrer da história o papel de um terrível fazedores de desertos. Começou isto por um desastroso legado indígena. Na agricultura primitiva dos silvícolas era instrumento fundamental - o fogo." (*)

Encontrei a prática das queimadas pelos indígenas em duas outras obras. Os relatos são do final das décadas de 30 e 40:

Tupari” de Franz Caspar:

Para preparação de suas culturas, havia com muita regularidade, desmatamentos e até mesmo incêndios perigosos mas que não avançavam, pelo que se depreende do relato do Autor, além do "planejado". (**)

E também na obra “Roncador” de Willy Aureli:

Os xavantes segundo relata o livro frequentemente faziam fogo queimando imensas extensões da floresta sem que houvesse qualquer explicação quanto à utilidade prática. Não se tratava de desmatamento para plantio.” (***)

São tragédias hoje agravadas na Amazônia pela grilagem e extração ilegal de madeira. O tema é árduo porque se tornou espécie de cultura da devastação impune.

Esse artigo de 1984 no semanário “Folha do ABC” foi o possível de localizar. Há anteriores muito mais antigos sobre o mesmo tema que se perderam naqueles idos do registro em papel.

Eis o teor desse artigo de 1984:


FAZEDOR DE DESERTOS


"Esquecemo-nos, todavia, de um agente geológico notável – o homem. Este, de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e entre nós, nomeadamente, assumiu, em todo o decorrer da história, o papel de um terrível fazedor de desertos.” Euclides da Cunha, “Os Sertões”.

As linhas acima, de Euclides da Cunha foram escrita no início do século (passado), quando os recursos energéticos não representavam, como hoje, o polo central do desenvolvimento tecnológico para satisfazer as necessidades básicas ou supérfluas de uma humanidade sempre e inevitavelmente crescente.

Aqui já nos manifestamos numa linha ecológica que nos parece, daqui para frente, numa progressão geométrica o grande desafio que enfrentaremos, não como demonstração piegas de “amor à natureza”, mas como elemento de sobrevivência.

Enquanto isso, os técnicos, diante dos fenômenos naturais incomuns que se intensificam no mundo todo, costumam achar explicações científicas e racionais concluindo, em outras palavras, que se trata de um capricho da natureza.

Ora, certos aspectos não podem mais ser enquadrados nessa ótica limitada. O materialismo se dilui insolúvel, por exemplo, quando se medita sobre a vida e a morte. Como é incompreensível, diante de nossos olhos, o corpo morto, inerte e sem brilho.

Dessa forma, acima dos cálculos e dos gráficos, latentes e poderosas permanecem as mensagens intuitivas que, silenciosamente, vão nos dando a medida das coisas. E a essas, não é nada coerente ignorarmos.

A natureza age com outras forças. Notem os prognósticos dos meteorologistas, cuja única tarefa é analisar as condições do tempo. Passam horas diante dos seus instrumentos e gráficos e com que frequência erram em suas previsões.

Todas essas conturbações que estamos vivendo tendem a se intensificar. As enchentes no Sul, além do desmatamento indiscriminado e irresponsável ao longo de décadas, se deve (a despeito dos desmentidos técnicos), à imensa reserva aquática debitada à Usina de Itaipu que passou a representar o desequilíbrio maior numa região já sensível aos efeitos das frentes frias.

Há mesmo que se pergunte que tipo de reação natural suportaremos futuramente com a monumental extração petrolífera que se verifica em todos os recantos do globo terrestre.

Definitivamente, a preocupação pelo meio ambiente não pode mais ser tratada com o riso debochado dos que se sentem seguros do sucesso e que entendem o mundo como mero instrumento de lucro e poder.

Achamos que essa questão devesse se transformar numa disciplina escolar. Já para a infância de tal sorte que as crianças quando adultas tivessem nessa matéria a responsabilidade e o trato que não estamos tendo.

Hoje, esse mínimo de bom senso nos parece uma utopia: empresas impunemente poluem a atmosfera, os rios, verifica-se a existência de “passarinhadas”, árvores serem tratadas com descaso e mutiladas e mesmo o fim dos jardins e hortas residenciais.

Mudemos ou lutemos para mudar essa mentalidade acomodada e insensível. Está em jogo nossa sobrevivência e a possibilidade de conviver com nossos semelhantes, sem aumentarmos a tensão a níveis insuportáveis e belicosos. 



Referências



12/06/2021

EU E MEU INGLÊS RUIM NOS ESTADOS UNIDOS

Memória (*)


Todo profissional que trabalha em empresas do ramo automotivo (mas não só) – americanas – “corre o risco” de passar uns dias nos Estados Unidos. Isso aconteceu comigo em 1989. Fiquei por lá por uns 35 dias.

Espero não ser maçante com este relato uma mera experiência profissional e gastronômica.

Em 1988 o Brasil tivera inflação de quase 1000%. Em 1989 a moeda passou a se chamar “cruzado novo” dando-se em janeiro o corte de três zeros. Mas, nada adiantou. As utilidades tinham preço em milhões de cruzados. Em 1989 a inflação chegaria a quase 2000%.

Chega-se nos Estados Unidos com uma situação dessas no Brasil. Visita à multinacional do ramo automotivo, em Peória (Illinois).

Embora tivesse comigo um colega que falava bem o inglês, coube a mim, com meu inglês ruim explicar pros americanos a loucura da inflação brasileira.

- Bem, nós resolvemos a inflação com a “monetary corretion” e é possível controlá-la com a equiparação ao dólar.

Reage o americano perplexo:

- Mas, vocês cortaram três zeros do dinheiro! Para quê a inflação se tem a correção monetária?

Responder o quê?

Essa explicação fora dada várias vezes porque a perplexidade era justificável.

Um dia qualquer, porém, numa visita a uma fábrica na cidade de Aurora, um dos funcionários que nos acompanhava fez deboche dos 90% (?) de inflação mensal.

Perdi a paciência e com inglês ruim e tudo parti para o sermão. Mais ou menos isto:

- Você conhece o Brasil? Você não quer saber do poderio de São Paulo? Você sabe que a VW emprega milhares de trabalhadores numa fábrica imensa? Você certamente sabe dos lucros que “nossa” empresa obtém no Brasil, com inflação e tudo, não sabe? Na verdade bem ou mal conseguimos conviver com a inflação e o país não vai parar por causa disso.

Depois dessa intervenção “estranhamente” ninguém mais tocou no tema “inflation”. (**)

O último compromisso da viagem fora uma visita na fábrica da Chrysler em Detroit. Eu havia trabalhado na filial no ABC um motivo para a facilitação da visita.

Escolhemos conhecer a linha de montagem.

Quero dizer, antes, que em 1983 escrevera um artigo numa revista jurídico-trabalhista, sobre “relações trabalhistas” explanando também sobre a automação a partir de um robô que num acidente provocara a morte de um trabalhador japonês. No debate que suscitou, então, a previsão era de que os robôs tomariam as funções dos trabalhadores, obrigando todos a renunciar de um modo ou outro. E disse eu, então, naqueles escritos como decorrência da modernidade anunciada e da “renúncia”: “atingiremos, então, a civilização e filosofaremos”. 

Bobagem deslumbrada: quase 40 anos depois milhares de trabalhos não existem mais e nada de filosofia, muitos os conflitos que eclodem. E o que pensar da modernidade eletrônica que a cada dia nos surpreende? Tudo digital? [Em 2009 nos EUA fui “apresentado” ao GPS!]

Pois bem, a linha de montagem da Chrysler me impressionou muito: entravam as latarias (“esqueletos”) no começo da linha e na outra extremidade os carros saiam praticamente prontos, com intensa atividade dos robôs com pouca intervenção dos profissionais na linha. Não digo que automação já não começara aqui, mas não com essa eficiência.

Pensei nas consequências aos trabalhadores não especializada que nos meus tempos de Chrysler eram caçados intensamente no mercado. A VW naqueles tempos empregava 35 mil empregados. A informação atual no Google é que agora só emprega 15 mil trabalhadores.

Hoje, o que fazem aqueles trabalhadores com baixa especialização ou nenhuma que chamávamos “práticos”?

Pensado nisso tudo, um certo encanto com o próprio país, então o desfecho comemorando o êxito da viagem, o aproveitamento e a melhora do meu inglês que hoje se perdeu...

Na volta ao hotel, que transpirava luxo por todos os lados subíramos ao restaurante situado no terraço giratório, envidraçado, sofisticado, que permitia ver a cidade por todos os ângulos enquanto se movia lentamente.

Com amigos de última hora fizemos nossos pedidos e enquanto aguardávamos a comida, num copo imenso, foram servidos camarões temperados, brinde da casa.

Já meio cismado com “frutos do mar” porque havia anos assumira não comer carne de qualquer espécie (o peixe de vez em quando, apenas), mas eram eles ainda uma forma de compor algum cardápio em situações especiais, como se dava ali, comecei a comer camarões.

Num dado momento pergunto, apontando para alguns exemplares no copo:

O que são estas linhas pretas aqui, em cima dos camarões?

Um dos que ocupavam a mesa, me respondeu com ironia:

São os intestininhos do bicho. Eles são os temperinhos...

Dizem sempre que os camarões são espécie de urubus minúsculos dos mares que se alimentavam de tudo o que apodrece.

Nada de delicadezas e afetações, mas meu estômago revirou, um assombroso sopro em forma de arroto exalou silencioso. A minha repulsão tornara-se impossível disfarçar.

Mal jantei, um macarrão temperado razoavelmente ou algo assim, apimentado. Seria a salvação, depois de comer por longo tempo pizzas adocicadas, fritas, catfish frito… sem generalizações, há bons restaurantes lá.

Por isso acho que o arroz e feijão constituem uma mistura alquímica.

Tive outras experiências ruins mais tarde com o camarão, alergias e “revoltas” digestivas.

E assim, hoje, todo camarão à minha frente me faz ver aquelas linhas pretas às quais degustei em Detroit com um vinho branco da melhor qualidade.

Não será preciso dizer que os “frutos do mar” foram também abolidos do meu cardápio. Para sempre.

"Culpa" dos americanos.

De todas essas experiências só posso me referir a uma frase comum: “tudo tem seu tempo”, mas as memórias ficam.


(*) Parte desta crônica já foi divulgada em outras publicações neste blog

(**) O "Plano Real" eclodiria com sucesso em 1994




Detroit vista de Windsor, no Canadá.


O GINASIANO


 


26/04/2021

TODO DIA É DIA DO LIVRO

No dia 23 de abril é comemorado o “dia mundial do livro” (nesse dia ou no dia 22 se reverencia a morte do espanhol Miguel de Cervantes (autor de Dom Quixote). Me sentiria constrangido em dizer algo desse dia com tanto atraso! Mas, não, porque para mim todo dia é dia do livro. Antecipo-me ao 'Dia do Livro" no Brasil, festejado em 29 de outubro.

Desde sempre, com variações, estive ligado ao livro. Qual a origem dessa ligação? Talvez de meu pai que, lia clássicos, como “A Odisseia” e “A Ilíada”, de Homero. “Eneida” de Virgílio. Também, “O Sertões”, de Euclides da Cunha, “A História Universal” de H. G. Wells e até mesmo toda a obra do sertanista Willy Aureli. E outros.

Quanto a mim, nesse tempo, além dos gibis do “Pato Donald / Mickey", as eletrizantes aventuras do “Fantasma”, o “espírito que anda” nas selvas africanas entre outros.

A partir dai, devo ter lido todas as obras de Edgar Rice Burroughs, aventuras de Tarzan, empolgantes demais para aqueles meus idos saudosos de pré-adolescência.

Quantos li e perdi a memória de seu enredo? Muitos.

Fui despertado dessa perda de memória há tempos após ler as mil páginas de “Guerra e Paz” de Leon Tolstoi e também o eletrizante “Crime de Castigo” de Dostoiévski. O primeiro li, ainda, uma única vez, tal o seu tamanho. O segundo, pelo menos duas vezes, não necessariamente guardando os detalhes da história instigante.

Aí, vem a maturidade – não necessariamente a serenidade sempre a ser buscada – e comecei a me incomodar com a confusão de personagens dos livros lidos.

Então, resolvi resenhar cada livro lido. Tarefa difícil, tem hora que penso em jogar tudo pra cima e largar mão. Mas, é uma tarefa que gosto, confesso. 

Então, para resenhar “Os Sertões” do Euclides da Cunha entre releitura e resenha acho que foram uns dois meses e muitas páginas da resenha; o mesmo se deu com “Rumo à Estação Finlândia” de Edmund Wilson, muitas páginas – que valeram a pena.

Entre leituras e releituras já resenhei 83 livros, realmente lidos e não apenas resumos de contracapa, tudo com críticas originais minhas, jamais consultando outros ledores que se propõem a essa tarefa de tal ordem a não sofrer qualquer tipo de influência.

Ademais, nestes tempos atuais de isolamento os livros têm sido minha “reserva moral”.

O que faria sem eles nestes longos espaços de tempo disponibilizados por força da pandemia?

Não nesta ordem, alguns dos melhores livros que li entre os 83 resenhados:

1. “Rumo à Estação Finlândia” de Edmund Wilson – livro excepcional que trata do antes, durante e depois do socialismo/comunismo e do marxismo, que recebeu, não faz muito, comentário elogioso de Maria Vargas Llosa;

2. “Odisseia” de Homero – a história de Ulisses um dos invasores de Troia, que relata não só a violência, mas os percalços no enfrentamento de monstros mitológicos, no final das contas as dificuldades da vida mas, sobretudo, a fidelidade de sua mulher Penélope;

3. “Leonardo Da Vinci” de Walter Isaacson – biografia nos detalhes do gênio da Renascença, artista, pesquisador do corpo humano, inventor e tudo o mais.

4. “A Divina Comédia” de Dante Alighieri – o relato do Autor em sua viagem ao inferno, ao purgatório, conduzido pelo poeta Virgílio a pedido da amada de Alighieri, a doce Beatriz. E, depois, ao paraíso. Virgílio é o autor da obra universal “Eneida” (que também resenhei). Dividi “A Divina Comédia” nas três partes que compõem a obra – o “Inferno” é o mais acessado no blog dos livros lidos;

5. “Os Sertões” de Euclides da Cunha – a tragédia de Canudos e o genocídio de seus habitantes e do seu guia, o beato Antônio Conselheiro pelas forças republicanas depois de seguidas derrotas impostas pelos “jagunços”. Essa obra, quando trata da terra, tem alertas ecológicos.

Há muitos outros livros excepcionais. Poderia incluir mais uns dez na lista sem erro.

Preciso destacar uma obra pouco conhecida, "Minha formação" de Joaquim Nabuco que relata sua luta emocionante em prol da abolição da escravatura, visitando mesmo o papa Leão XIII a quem pediu que interviesse em prol da liberdade dos escravos.

Ou a surpresa do romance entre Diadorim e Riobaldo, no "Grande Sertões: Veredas" de Guimarães Rosa (que preciso reler), uma amor em princípio inconcebível, mas...

Dissertar, por exemplo, entre a semelhança das personagens, adúlteras, “Ana Karenina” de Leon Tolstoi e "Madame Bovari" de Gustave Flaubert, declarando desde logo as razões por que prefiro a obra de Tolstoi, mais realista até pelo registro da sociedade hipócrita da época, 

No tocante a Machado de Assis, vou cometer um sacrilégio, mas um dos livros ruins que li e explico os motivos na resenha, foi “Memórias Póstumas de Braz Cubas”. Mas, depois de um começo “meloso”, digamos, “Dom Casmurro” eclode num relato excepcional. Li outras obras do autor, mas preciso relê-las para resenhar e comentar.

Há, livros desnecessários. Destaco um grande "inspirador" de palestrantes de filosofia: “Assim falou Zaratustra” de Friedrich Nietzsche livro repleto de contradições e páginas desconexas que precisam ser “interpretadas”.

Na minha frente, me desafiando, "A Ilíada" de Homero. Volumoso e denso. Essa, a grande aventura, silenciosa, que espoca das páginas desses livros excepcionais, de suas páginas impressas.

Todas essas resenhas, 83 livros, estão disponíveis. O acesso está abaixo. Números em vermelho são livros recomendados:

DOS LIVROS QUE LI é um blog cujo acesso se dá pelo "endereço" seguinte:


https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/ 


Os livros resenhados, comentados e até interpretados são esses relacionados abaixo. Pretendo que essa lista se amplie e estarei lendo outros livros para que isso ocorra. 
As críticas a essas minhas "intervenções literárias" serão sempre muito bem vindas.



83. ASSIM FALOU ZARATUSTRA de Friedrich Nietzsche

82. A CASA DOS ESPÍRITOS de Isabel Allende

81. A VIDA SECRETA DAS PLANTAS de Peter Tompkins e Christopher Bird

80. RONCADOR (Jornada da "Bandeira Piratininga") de Willy Aureli


79. OS CARBONÁRIOS de Alfredo Sirkis



78. DOM CASMURRO de Machado de Assis


77. CRIME E CASTIGO de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski


76. O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO de Jerome David Salinger


75. COMO VIVER NESTE MUNDO de Jidu Krishnamurti

74. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA de Eusébio de Cesaréia

73. O ANTICRISTO de Friedrich Nietzsche
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html

72. SENHORA de José de Alencar

71.  RUMO À ESTAÇÃO FINLÂNDIA de Edmund Wilson
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/05/rumo-estacao-finlandia-de-edmund-wilson.html

70. 
CRIANÇAS DE GROZNI de Åsne Seierstad
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/04/criancas-de-grozni-de-asne-seierstad.html

69. AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE de Paramahansa Yogananda
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/03/autobiografia-de-um-iogue-de.html

68. ENEIDA de Públio Virgílio Maro


67. AS PORTAS DA PERCEPÇÃO e CÉU E INFERNO de Aldous Huxley 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/12/as-portas-da-percepcao-e-o-ceu-e.html
 
66. O RETRATO DE DORIAN GRAY de Oscar Wilde 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/11/o-retrato-de-dorian-gray-de-oscar-wilde.html 

65. A REVOLUÇÃO DOS BICHOS de George Orwell 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/10/a-revolucao-dos-bichos-de-george-orwell_23.html 

64. TUPARI de Franz Caspar 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/10/tupari-de-franz-caspar-entre-os-indios.html

63. ODISSEIA de Homero
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/09/odisseia-de-homero.html

62. O MORRO DOS VENTOS UIVANTES de Emily Bronte
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/08/o-morro-dos-ventos-uivantes-de-emily.html

61. LEONARDO DA VINCI de Walter Isaacson 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/06/leonardo-da-vinci-de-walter-isaacson.html

60. ÉDIPO REI de Sófocles
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/05/edipo-rei-de-sofocles-livro-60.html

59. DEMIAN de Hermann Hesse
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/05/demian-de-hermann-hesse-livro-59.html

58. O ATENEU de Raul Pompeia
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/05/o-ateneu-de-raul-pompeia-livro-58.html

57.  A VIDA MÍSTICA DE JESUS de H. Spencer Lewis
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/04/a-vida-mistica-de-jesus-de-h-spencer.html

56. RAZÃO E SENSIBILIDADE de Jane Austen
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/03/razao-e-sensibilidade-de-jane-auten.html

55. A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER de Milan Kundera
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/02/a-insustentavel-leveza-do-ser-de-milan.html

54. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS de Machado de Assis
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/02/54-memorias-postumas-de-bras-cubas-de.html

53. URUPÊS de Monteiro Lobato
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2019/01/urupes-de-monteiro-lobato_4.html

52. OS TEMPLÁRIOS de Piers Paul Read
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/12/52-os-templarios-de-piers-paul-read.html

51. O NEGOCIADOR de Frederick Forsyth
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/11/51-o-negociador-de-frederick-forsyth.html

50. A GUERRA DO FIM DO MUNDO de Mario Vargas Lhosa
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/09/50-guerra-do-fim-do-mundo-de-mario.html

49. TIL de José de Alencar 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/08/49-til-de-jose-de-alencar.html


48. O HOMEM COMUM de Philip Roth
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/48-o-homem-comum-de-philip-roth.html

47. O JOGADOR de Fiódor Dostoiévski
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/47-o-jogador-de-fiodor-mikhailovitch.html

46. A DIVINA COMÉDIA (Paraíso) de Dante Alighieri
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/46-divina-comedia-paraiso-de-dante.html

45. AGOSTO de Rubem Fonseca
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/06/45-agosto-de-rubem-fonseca.html

44. MOBY DICK de Herman Melville
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/06/44-moby-dick-de-herman-melville.html

43. AS CIÊNCIAS SECRETAS DE HITLER de Nigel Pennick
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/04/as-ciencias-secretas-de-hitler-de-nigel.html

42. OTELO, O MOURO DE VENEZA de Willian Shakespeare
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/04/42-o-mouro-de-veneza-de-william.html

41. A DIVINA COMÉDIA (Purgatório) de Dante Alighieri
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/03/41-divina-comedia-purgatorio-de-dante.html

40. O PROCESSO de Franz Kafka
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/03/40-o-processo-de-franz-kafka.html

39. GERMINAL de Émile Zola
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/02/39-germinal-de-emile-zola.html

38. HORIZONTE PERDIDO de James Hilton
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/02/38-horizonte-perdido-de-james-hilton.html

37. A ESCOLHA DE SOFIA de Willian Styron  
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/02/37-escolha-de-sofia-de-willian-styron.html

36.  A DIVINA COMÉDIA (INFERNO) de Dante Alighieri
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/36-divina-comedia-inferno-de-dante.html

35. O LIVREIRO DE CABUL de Asne Seierstad
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/35-o-livreiro-de-cabul-de-asne-seierstad.html

34. RECORDAÇÕES DA CASA DOS MORTOS de Fiódor Dostoiévski
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/34-recordacao-da-casa-dos-mortos-de.html

33.  O MENINO DA LISTA DE SCHINDLER de Leon Leyson
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/01/33-o-menino-da-lista-de-schindler-de.html

32. NADA DE NOVO NO FRONT de Erich Maria Remarque
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/12/32-nada-de-novo-no-front-de-erich-maria.html

31. MEMORIAL DO CONVENTO de José Saramago 
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/12/31-memorial-do-convento-de-jose-saramago.html

5. SÃO FRANCISCO DE ASSIS pelos Autores Johannes Joergensen e Jacques Le Goff
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/06/5-sao-francisco-de-assis.html

1. “VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA” de Eduardo Galeano
https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/06/veias-abertas-da-america-latina-de.html

19/03/2021

SONHO PANDÊMICO


Alhures sobre os sonhos, escrevi isto:

...um sonho claro, inexplicável mas que se apresentara nítido ao acordar.

O que falar de sonhos? Confirmações de que o corpo mesmo que momentaneamente inanimado nas profundezas do inconsciente mantém a vida numa outra escala? Um sonho confuso, um pesadelo, de uma viagem clara e até premonitórios. Não é isso mesmo?”

Pois tendo em conta esse estágio de “comunicação” fora dos sentidos sensíveis, no começo do ano passado eu realmente sonhei com algo preocupante: dia ensolarado, e sem sombrear, uma nuvem negra pairava em baixa altura.

Então, em maio de 2020 descrevi essas imagens:

O céu estava azul naqueles dias amenos de outono, mas havia uma nuvem negra pairando só percebida por quem entendia o momento grave. Significava como depois de constatou, que a vida de milhares de pessoas, de modo aleatório era submetida a risco mortal por doença insidiosa. E não há como explicar sua expansão, o desregramento de seus ataques, sobretudo, sua gravidade”.

Nós não temos o controle da vida, pelo menos na hora da morte.

Entre nós, tudo foi agravado porque a pandemia se aliou a agentes perversos, falsos profetas, falsos religiosos que em relação às suas ovelhas vislumbram o que poderão delas amealhar.

E aí, todos caem em oração e “oração” rogando à providência divina para amenizar ou curar a doença trágica.

Recitam orações num planeta devastado, desrespeitado que não consegue superar a agressão que recebe a cada dia.

Porque há vida nas florestas, é lá que fluem as nascentes, os rios aéreos. É lá que os animais sobrevivem e um número incontável de vida imperceptível.

Eu fico imaginando a dívida contraída pela humanidade pela destruição intensiva e insana de árvores centenárias convertidas em vil metal, não compreendidas nos serviços que prestam a todos, porque há a cegueira “espiritual” coletiva da indiferença.

Há, porém, os que sentem um vazio que se propaga por essa devastação: o vazio pelos desertos que avançam, o vazio pela brutalidade contra os animais que fazem parte de outro ciclo múltiplo de vida.

Há um preço a pagar. O planeta reage porque suas defesas estão sendo ceifadas. E essas, porque tudo faz parte do TODO, são nossas próprias defesas.

Então, as orações podem até subir às Divindades, mas há uma oração voltada para o próprio planeta que clama reavaliação de atitudes, de preservação e de recomposição de tudo o que pode ser reconstituído.

Tudo o mais são paliativos mesmo que a pandemia seja minimizada por providências da ciência.

Mas, nada mais será “normal” a menos que voltemos para o planeta e passemos a cuidar dele por tudo o que ele oferece: a própria vida.

Essa é a oração a ser repetida, de amor à Terra onde vivemos. Oração com reconstrução.



"GAZETA DE PIRACICABA" DE 24 DE ABRIL DE 2021

20/09/2020

EU PRECISO FALAR SOBRE ISTO TUDO (DE NOVO)

 E quantas vezes achar que preciso...                                            


                                               I

                                  Falta de compaixão

Há uma divisão de ideias e há um grupo sem ideia nenhuma, apenas o apoio incondicional à voz de comando que “dirige” o país com todas suas grossuras e contradições.

Acho até que estes tempos, embora de modo hipócrita haja manifestações em contrário, falta o sentido exato da compaixão, a partir da devastação aos meios naturais, quer incentivado, quer a aceitando pela omissão.

Eu já disse isso: ao ler o livro “O anticristo” de Nietzsche, muito polêmico, ele se refere ao “homem superior” e para ser esse homem, não pode ele ter ele compaixão. (*)

Porque a compaixão significa fraqueza. O escritor alemão assumia a não-compaixão para combater o cristianismo que, segundo ele, alienava os fiéis.

O que constato hoje ou nestes tempos turvos é a ausência de compaixão, vez por outra revelada por mera “obrigação” até porque os mortos pela pandemia podem ser os “fracos” e depois, afinal de contas, todos morrem (“E dai? Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres?”).

Ele havia receitado a cloroquina e o isolamento vertical. Nesse vácuo insensato, como estaríamos hoje? Porque a pandemia não respeitou idades. Cerca de 50% das vítimas tinham idade abaixo dos 60 anos.

Mas, os membros dos três poderes, à menor suspeita e nas graves lesões, tem à disposição hospitais de ponta em São Paulo para curar os “fortes”. Por conta dos contribuintes.

Inclusive o capitão-presidente.

Na indiferença à devastação que se dá na Amazônia, tudo é tratado com enfado: tudo foi assim pelos séculos por que mudar agora?”

E então para bancar a omissão descurada, repete-se que a Europa critica o desmatamento por aqui porque o continente devastara, antes, suas florestas.

Mas, a média, em cada país de porte menor que o Brasil, ostenta 1/3 do seu território coberto por áreas verdes e florestas.

A China, grande consumidora de carne e soja brasileiras vem fazendo grandes investidas de reflorestamento em imensas áreas de seu território.

Não, as críticas à devastação acelerada nada tem a ver com a concorrência comercial dos produtores estrangeiros em relação aos produtores brasileiros: há, sim, uma apelo emocionado ao Brasil para que não repita os erros que eles, os europeus, cometeram. Eles tentam se recuperar com o reflorestamento.


                          Reflorestamento: China

Mas, a mentalidade por aqui não chega a tanto. Não entendem esse ponto.

Claro que a frase a seguir desse quilate, só pode ser ouvida nestes tempos turvos: para preservar o ambiente, “é só você fazer cocô dia sim, dia não, que melhora bastante”.

Como classificar essa afirmação? Nem como anedota!

Nessa linha de aberrações, os exemplos que existem servem para seguir o que neles há de pior.

Falta sensibilidade. Melhor, falta compaixão.

Quanto ao vice-Amazônico, não espero nada. Ele tem a verdade, o INPE e suas imagens são "mentirosas". 


                                                II

                            Meio ambiente: fauna e flora

Ardem parte da Amazônia e grande parte do Pantanal pelos incêndios muitos criminosos. Omisso e indiferente, o governo pela sua cúpula não repara na fumaça espessa – o avião presidencial teve que arremeter por falta de visibilidade segura no município de Sinop - MT. Mas, para a mentalidade dominante, foi um mero acaso. Afinal, a fumaça pelas queimadas devem desaparecer com as chuvas, depois de turvarem o Sudeste. Ah, sim, onde estão as chuvas?

Nessa insensibilidade, falta de compaixão, muitos dos que combatem os vários focos de incêndio se preocupam com a flora devastada de modo que se pode dizer irreversível.

E os animais? Ora, os animais não trazem votos, não reclamam. ”Todos morrem…”

Eu já escrevi uma crônica, “A alma das florestas e os animais almas viventes”, da qual extraio este trecho:

Na medida que esses milagres da criação são desrespeitados, sem reposição do que destruído, qualquer manifestação dita religiosa é hipócrita, porque além do verde, florestas imensas que sabemos que temperam o clima há no seu entrelaçamento os animais e espécies que têm o direito de viver nos seus recantos mas que são vítimas da quebra de seu habitat ou mortos pelos incêndios ou pela predação humana implacável na devastação.

Sem essa preocupação, com explanei na crônica, dizer-se religioso é uma farsa. (**)

Com essa insanidade o planeta reage. Aí se pergunta: “onde estão as chuvas?” Nos desertos e terrenos áridos elas não existem ou muito raramente, algumas gotas.

Elas começam a escassear por falta de seus manipuladores naturais, as matas e, como decorrência, os rios caudalosos começam a secar.

Qual o futuro com o agravamento dessa situação?

Prevejo, com toda a tecnologia a ser conquistada velozmente, mesmo assim, tempos sombrios de sobrevivência, porque há indiferença ao sofrimento humano.

Ora, mas estamos no presente e o presente continua sendo a “linguagem do dinheiro”, da “plantação de gado” para alimentar a China e outros. Quanto à China a situação é confortável para ela. Tudo do Brasil enquanto ela, que não faz anedota de péssimo gosto, faz sua lição de casa, o (re) florestamento.

Eu penso que, em nome da Humanidade, a preservação ambiental hoje, é uma prioridade. É questão de sobrevivência.

O problema é que, no Brasil de hoje, a mentalidade dominante é menor, de falsidades, de distorções e mentiras que uma turba apoia cegamente.


                                                        III

                                             Os evangélicos

Essas novas seitas, ditas pentecostais, avançaram nos meios de comunicação de modo avassalador e, de tanto apelo, execráveis. A mim causa repulsa de tanto pedido de “dízimo” que mantém os fiéis na coleira da esperança e os donos da crença, ricos.

E por manter esses fiéis carentes no curral, eles se tornam eleitores que são conduzidos tal qual gado para o lado indicado pelo “pastor” ou seus cães submissos.

Claro que por representar esse contingente de eleitores, essas seitas têm o apelo forte em atrair a politica e os políticos.

Então, há os que não vacilam em se ajoelhar perante tais “apóstolos”, receber suas bênçãos.

Do ponto de vista do interesse econômico que é a “cruz” que ostentam, o principal mandatário-capitão veta suspensão de cobranças de multas milionárias tributáveis lançadas contra essas seitas, mas incentiva que o Congresso derrube seu veto!

E algo desavergonhado.

Muitas vezes esse mandatário-presidente diz coisas de modo veemente e logo depois “bota panos quentes” e tudo fica como antes.

Quem é essa gente, esse malafaia que se arroga eleito divulgador de mensagens divinas? Que “boas novas” evangélicas traz que não seja a truculência verbal, a soberba, a arrogância de “dono da verdade” e, indiretamente, sempre o pedido de “dízimos”?Vendilhões dos templos.

E há um fato irônico que não pode ser esquecido: o máximo mandatário hoje, foi batizado nas águas do Rio Jordão pelo “pastor” Everaldo, que foi preso há dias sob acusação de corrupção.

Nem entro no mérito da “corrupção” da qual é acusado o “pastor”.

Reflito observando a foto e nela vejo uma cena patética.



Há muito anticristo por aí.

Tempos turvos estes.


Referência:

(*) Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html

(**) Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html