20/05/2025

ANGÚSTIAS

Agora nem tanto, mas quando ia a São Paulo em andanças por pontos diferentes da grande cidade, me deparava com barracos sustentados ao lado de córregos imundos. Às chuvas mais fortes, famílias inteiras eram ou são desalojadas e, na baixa das águas, voltam e reconstroem aqueles seus "lares" tão precários.

Quem são os moradores?

Pessoas extremamente humildes e necessitadas, crianças abandonadas ou que no seio familiar, olham para seus pais sem compreender as carências que desde tenra idade sofrem, quantas vezes com comida escassa?

Muitas dessas crianças, quando crescem, compreendem a pobreza dos país, o esforço despendido para a sua sobrevivência e se tornam agradecidas, muitas à emoção.

Mas, há uma situação diferente, aquela que se dá em Gaza, aquele braço de 365 km2, banhado pelo Mar Mediterrâneo, nas vizinhanças de Israel, dominado pelo Hamas, até o ataque terrorista que praticou contra cidadãos israelenses no dia 7 de outubro de 2023.

A partir dessa agressão homicida e covarde, Israel destrói Gaza a espera de que o Hamas liberte os reféns ainda em seu poder. 

Qual o nível de insanidade perdura, para que tal não ocorra? Existem reféns a libertar?

Não se usa a palavra genocídio para explicar essas mortes em massa em Gaza, pelos significados que ela pode suscitar.

Mas, a palavra morticínio, aplicável, se refere a mortes e crueldades. E nas ações de ataques desproporcionais com armas pesadas não há separação de vítimas. São inocentes, a maioria, as crianças, as mulheres mães que protegem seus filhos. Toda essa gente está sujeita aos efeitos das bombas que não param. E as mortes se multiplicam pelo poder destrutivo que contém essas armas.

E a par dessa crueldade, há pouco Israel privou por semana os sobreviventes de Gaza de receberem rações mínimas de alimento e água de modo a que, além das bombas, a fome cruel faça parte da "vida" dessa gente abandonada, a mercê de um exército poderoso, reforçado por países ocidentais.

A minha emoção ao me colocar no lugar desses pais e mães de família que perdem a voz, não têm uma palavra de orientação aos filhos, não têm o que dizer a eles, explicar as razões de não terem o que comer, das bombas que destroem seus lares desmoralizando-se perante suas crianças. Não conseguem esconder toda a sua fragilidade e suas angústias.

A absoluta insegurança predomina a espera de novos ataques mortais que podem ocorrer daqui a pouco.


NOTA DE DIVULGAÇÃO

Sem ideologias ou o que seja, minhas impressões dolorosas sobre o morticínio em Gaza, pais e mães a espera de uma bomba daqui a pouco, que pode matar toda a família, como já ocorre, sem ter, na sua fragilidade, como explicar aos filhos a destruição de seus lares e a imposição da fome. As angústias duma tragédia.

20/03/2025

CENAS DO COTIDIANO (XII)

TEMAS:

1. O espelho, a foto e o poema

2. "Filosofando" sobre o "fruto proibido" - Adão e Eva

O ESPELHO, A FOTO E O POEMA

O espelho ajuda o narcisismo. Ele tende a revelar um caráter de um modo como deseja o vaidoso ao nele se mirar.

Quem não tem ainda que tênue seu momento vaidoso no espelho?

A foto não. Ela revela o que o mecanismo captou, sem a miragem que o espelho revela.

E assim a foto abaixo:


Essa foto foi registrada uma semana antes do Dia da Poesia (comemorado no dia 21 de março) e eu peguei uma qualquer canudo entre outros contidos na caixa. 

Na biblioteca em público da Biblioteca Pública que se instala todo domingo no Parque da Rua do Porto - Piracicaba e lá instala uma banca de livros para circular.

Não conheço a poetisa. O poema é este:


"FILOSOFANDO" SOBRE O "FRUTO PROIBIDO" - ADÃO E EVA

Nada de pregação evangélica, essa coisa que atormenta nas redes sociais.

Mas, eis que, dia desses, estou atento a um desses palestrantes que para alimentar a plateia ávida por apoio moral (autoajuda?) se vale de qualquer tema ainda que de duvidosa oportunidade para entreter a plateia.

O  palestrante se referia às razões da proibição de Deus ao casal recém criado, ele do barro e ela da costela do homem de comerem um "fruto proibido" e, desobedientes por o terem comido, expulsos do paraíso sem perdão. E ia o palestrante nessa sintonia.

Esse seria o pecado original que nos condena para todo o sempre.

Claro que neste meu canto de silêncio não aceito isso, não como um ateu, mas por não divisar um Deus assim cruel, imperdoável.

Estava assim posto quando me veio a imagem de que a experiência do casal original fora, na verdade, não o pecado original mas o exercício do livre arbítrio e suas  consequências.

Tudo o que decidimos, tem consequências positivas ou negativas, algumas severas, até a perda da liberdade e a morte.

Desobediência, sim, e suas consequências. Pecado original, não.

E o que somos com esta vida que em nós habita?

Já disse antes e repito: NADA SEI DO ESSENCIAL!

Há, porém, no Gênesis o versículo 03.22:

 "Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente"

Esse versículo tem tudo a ver com a desobediência do casal por injunção de Eva em comer do fruto da árvore do conhecimento mas há mistérios demais na vida cotidiana para que tudo se explique com essas passagens bíblicas.

Nós somos geridos pelo que pensamos e fazemos. E quem pode afirmar que não vivemos eternamente?

O pecado original!




  

04/03/2025

CENAS DO COTIDIANO (XI)

TEMAS:

A mansidão das capivaras

Pequenos milagres

A minha janela


A MANSIDÃO DAS CAPIVARAS











Vivendo livres no Parque da rua do Porto, em Piracicaba, há famílias de capivaras que se misturam. E todas indiferentes aos curiosos que por lá caminham e as fotografam. Ficam próximas do lago, entram e saem de suas águas com a certeza de não serem molestadas. 

Os pequenos filhotes fazem fila e são uma atração carinhosa.


PEQUENOS MILAGRES

Em agosto de 2023 no número I desta série, falei dos jatobás que catei numa área verde aqui perto. (*) 

O fruto contém a casca marrom, dura. Quebrando-o lá está a poupa "poeirenta" verde que gruda nos dentes. A semente graúda no final das contas, é a que predomina. Pelo tamanho.

Joguei essas sementes num monte de folhas para descartar. Isso há mais de um ano.

Um tempo depois, pisei naquilo que seria um pequena pedra, mas não era. Era um muda de jatobá, minúscula, florescendo no caroço inteiro, que resistiu ao meu pisão.

Plantei numa vasilha e quando alcançou tamanho suficiente, plantei numa área verde aqui na vizinhança. Já criando forma, fora a muda cortada pelos operários que limpam periodicamente essas áreas.

Lamentei muito.

Eis que, não faz um mês outra semente floresceu num local do quintal com muitas pedras. 

Mas como? Essa semente  estaria ali há mais de um ano!

Como florescer depois de tanto tempo num local em que a grama é aparada periodicamente?

Eu transplantei a muda para uma vasilha e no tempo certo eu a plantarei no mesmo lugar da outra ceifada, mas com mais estacas.

Meus pequenos milagres, acredite quem quiser acreditar.






Vendo "coisas"?! Esse pedregulho ao lado da muda, muito bem constituindo, tipo medalhão, apareceu num local improvável do quintal. Por isso eu o preservei porque tanto a muda como o pedregulho são dos mesmo dias.







MINHA JANELA

Nesta minha pequena casa, tenho um cômodo, um escritório que passo a maior parte do tempo nestes tempos em que tudo é digital.

À janela, eu dava as costas para o quintal com minhas árvores e plantas.

Até que há uns dois meses, resolvi mudar a posição da poltrona o que me permitiu, não com o mesmo conforto anterior, visualizar as árvores sempre, mesmo as da rua.













Os passarinhos que cruzam em busca da ameixeira e da água sob ela. E as borboletas que enfeitam por aqui, 

Um descanso, o conforto visual. Elas parecem estar acenando com o vento. Sem parar. Um calmante mesmo que não necessário. O resultado não poderia ser melhor.

As árvores acolhem mesmo à distância.

 (*) Acessar: CENAS DO COTIDIANO (I)