A manhã começara mal-humorada
Não bastara o café adocicado
Algo no jornal me deprimira
Uma notícia cruel e malvada.
Mas, ai um bem-te-vi
Na janela me avisou que me vira
Eu também te vi, vigilante passarinho.
Diante da minha voz que se perde a um metro à frente do meu nariz, um apelo que se perde na areia fina do deserto que me perturba a alma, passei a ignorar as tragédias humanas nas quais se destaca a devastação ambiental e os maus tratos aos bichos. Se não ignorasse mais sentiria o murro no estômago.
Não me venham com essa de que o ser humano também sofre, é abandonado, as crianças se perdem, são molestadas. Essa é a tragédia humana que nada mais é do que o reflexo concreto de sua própria crueldade que não poupa nem os semelhantes. Ela se expande pelo que fazemos aos animais e à flora como uma nuvem espectral ampliada, captada pelas mentes inferiores.
Um desses dias em que não me senti confortável no desempenho do meu cotidiano referiu-se à notícia de que o bioma denominado “Cerrado”, aqui no Brasil, já foi devastado em 50%. Até 2004, 60 fornos de carvão – no que se converteu a vegetação do Cerrado – abasteciam siderúrgicas de Lagoa Santa, em Minas Gerais.”
É possível se imaginar uma coisa grotesca dessas?
O Cerrado, “pode ser chamado de “caixa d’água do continente sul-americano”, por captar águas pluviais que abastecem nascentes e formam rios nas bacias do Amazonas, São Francisco, Paraná e Tocantins...” (1)
E embora os tais fornos fossem desativados, a agropecuária constitui-se numa ameaça ao desmatamento continuado do Cerrado e o risco à fauna rica que lá (sobre) vive.
Essas barbaridades não são um despautério apenas brasileiro, porque
“Olhando uma imagem de satélite da Rússia, pode-se ver uma vasta extensão de terra áridas onde há décadas havia uma vegetação luxuriante. Eu me refiro à República da Calmúquia, que abriga o primeiro deserto produzido pela ação humana da Europa e reconhecido como tal nos anos 90.” (2)
Isso para ficar apenas num caso no Exterior para ser “solidário” com nossa inconseqüência continuada.
Mas, a despeito disso e da minha voz tão sem eco, já fiz campanha e continuo fazendo, de enfeitar as estradas na sua área divisória de pistas, como é o caso da maioria das estradas do Estado de São Paulo, plantando em espaços regulares mudas de hibisco (mimo) nas suas várias cores como forma de, também, “humanizar” o trajeto.
Mas, o que me levou a nocaute naquela manhã foi esta notícia:
“Uma queimada para renovação de pasto no Pantanal de Mato Grosso do Sul carbonizou um número ainda não estimado de ninhos com filhotes de araras, papagaios, periquitos e maritacas que, nesta época do ano, estão nos primeiros dias de vida. Também morreram queimados mamíferos, cobras e lagartos, conforme constataram soldados da Polícia Militar Ambiental em uma área de 2240 hectares consumidas pelo fogo.”
Diz a mais a notícia que a queimada de mato seco ficou sem controle, esclarecendo que “a maior destruição da fauna e da flora aconteceu em áreas de preservação permanente”
O proprietário, mais que irresponsável, foi multado em R$2 milhões, “a maior multa aplicada a uma única ocorrência do gênero pelo Estado até agora.” (3)
Pasto, sempre o pasto! O Universal Channel num documentário recente mostrou como são preparados os hambúrgueres nos Estados Unidos. Claro que a par da matança monstruoso dos bois, a mistura do produto contém toda aquela gordura, aquele sebo misturado à carne moída. Pois são esses “ingredientes” que dão o sabor ao hambúrguer. Argh!
Naquela manhã depressiva, relembrando os estragos do fogo criminoso na reserva ambiental de Mato Grosso do Sul, me questionando, afinal, o que eu fazia por aqui, neste mundo entre o sublime e o pavoroso, cada vez mais, sem nenhuma vontade de renunciar a todos os meus valores e tarefas, porém, um pequeno evento me alertou: um bem-te-vi empoleirou-se na janela do meu escritório no 5° andar e pipilou aquele som estridente que lhe batizou: bem-te-vi!
Eu me volto e dou nos seus olhinhos entre as tiras da cortina.
Creio que há algum ninho nos vãos de ar condicionado, por ali.
A vida ainda se renova, bem vi. Até quando, meu querido amarelinho gritador, até quando?
Rodapé
1. Jornal “O Estado de São Paulo” de 02.09.2010
2. Idem de 03.10.2010, artigo de Kwame Anthony Appiah, “Pecados de longo Alcance”.
3. Idem de 29.09.2010
Imagens / Fotos:
i.) Mapa IBGE: localização dos biomas no território brasileiro (clicando no mapa, dá-se a ampliação)
2.) Hibisco (mimo) - fonte: http://multiflorafernandopolis.blogspot.com/
3.) Bem-te-vi - fonte: http://flog.clickgratis.com.br/
03/10/2010
26/09/2010
RELATÓRIOS & RELATOS
Não por falta de inspiração, sei não, hoje não tratarei de nenhuma crônica formal. Há aquele recolhimento nesta manhã de domingo, radiosa de chuva e, verdadeiramente, com ela, um sentimento de paz e que o mundo pode prosseguir, porque com ela a terra tende a se regenerar e as sementes, todas, brotam.
Informo que neste mês de setembro este blog tão desanimador na sua origem, deverá alcançar algo em torno de 800 acessos. Pouco? Não para mim - é muito. Até desconfio às vezes da "honestidade" do contador de acessos.
Informo que por meses e meses eu, por “dever de ofício” e mais uns dois ou três amigos o acessavam. E nada mais.
Meu amigo de décadas, Caio Martins (http://caiovmartins.blogspot.com/), de São Caetano do Sul é o incentivador e idealizador deste blog.
Por isso, quantas vezes nesses meus estágios depressivos não pensei em abandonar os relatos, crônicas e poesias, que aqui tenho publicado.
Não se preocupem com essa de “estágios depressivos”, porque pela minha familia ouço que tiro qualquer depressão “de chaleira”, porque estou sempre depressivo.
Não é bem assim...
De todas as 78 postagens que já inseri nestes temas livres, muitas vezes fiz alguma “autocensura”, em homenagem aos que se atreveram a me “seguir” e pelos grupos literários que passei a frequentar.
Há que, quanto possível, que depurar as vibrações da Terra já tão poluída por tudo o que recebemos de ruim no nosso cotidiano. Ouvi isso e de certo modo assumi esse princípio.
Tenho notado, de outra parte, de modo sistemático, que todas as criações literárias nesses grupos seguem essa linha de inspiração do coração para cima.
Por conta de minha profissão, embora não seja criminalista, já disse isso, sei de misérias do mundo, nesse círculo limitado do qual participo. Seriam crônicas contundentes, digamos, mas as omiti. Algumas que relatei foram atenuadas.
Mas, ah, o “mas”, saibam que inspirado em fatos “reais”, tenho um...livro que começa com o tudo da miséria humana, Joana D´Art – para o realismo real, visitei até mesmo um presídio feminino. Já registrado na Biblioteca Nacional eu o estou revendo e colocando o narrador na primeira pessoa “eu” em lugar de “o advogado”. Se publicarei? Quem sabe? Com a internet é possível alguma alternativa. A história é pesada mas, sobretudo, de redenção.
Falei de estados depressivos. Se tem coisa que mexe comigo e me leva ao inconformismo total, são as mazelas da política brasileira. Chega hora em que mudaria daqui se tivesse uma “grana preta” para conseguir o sustento em Portugal, paisinho que gosto tanto.
Esse meu inconformismo com essas “variáveis políticas” se refletem nos artigos semanais que tenho escrito no portal “Vote Brasil” (www.votebrasil.com) não só políticos, é claro, mas a maioria. Tenho me exposto além da conta. Em 18 meses escrevi 80 deles. Eles também são encontrados pelo “link” neste portal “Milton Martins & Artigos”. (meu nome aparece porque fora o único meio de o cadastrar nos portais de busca, tanto quanto “Temas Livres”).
Quem me dera tivesse o dom apenas da inspiração e caminhasse somente nesse mundo superior da poesia. Mas, não consigo me desligar deste chão bruto, eu e as minhas depressõezinhas cotidianas.
Naqueles meus idos que se perderam mas que ficaram na juventude “feliz mas não sabia”, convivendo com uma turma quase boêmia, na verdade, não conseguia beber muito ou, por outra, no máximo um copo de cerveja. Até hoje. Por isso, nesses dias muito quentes, me valho de cerveja sem álcool. A melhor é a Bohemia (epa!).
Muitos daqueles caras tinham forte veia poética e ficavam nesses botecos maravilhosos dedilhando versos e contando prosa e vamtagem com voz delirante. Já relatei essas passagens em crônicas passadas.
É daqueles tempos estes versos, mal inspirados que exatamente criticavam aqueles poetas amigos semi-embriagados.
Hoje, sei que eles não são bem verdadeiros. Há muitas poesias e músicas maravilhosas que surgiram nesse estágio etílico de seus autores. Eis o teor:
”Ah ! poeta falsificado
triste e doido beberrão;
rei da histeria tola
o que pensas da poesia ?
Julgas que diante dos copos ,
da garrafa vazia,
encontraras a musa do amor ?
enganado estás meu caro medíocre !
a musa imaculada que buscas,
aquela que o verdadeiro poeta canta,
não está no brilho d’uma garrafa,
Ilustre beberrão !
Porque a musa doce e bela
a pura e límpida impressão,
É a alma limpa que chama
É o espírito são que revela...
tolo beberrão.”
Quanto a mim, continuo na cerveja sem álcool que mantenho no meu escritório e se tiver alguma inspiração para escrever algo será, no máximo, sob seus efeitos. Claro que minha (des) inspiração não se explica por essa opção.
Esta foto, não sei se bem clara (clique na foto que ela se amplia), revela no meu ombro um exemplar de calopcita uma encantadora avezinha e seu penacho amarelo. Macho, gosta de transitar por ombros masculinos e seus assobios muitas vezes imitam acordes musicais.
Como é possível um bichinho com cérebro do tamanho de um caroço de azeitona se apegar tanto e mostrar que sabe o que quer?
Ora, não critiquem o fato de sua domesticação. Por ser inevitável sua criação em cativeiro, é bem melhor do que vê-las presas em gaiolas imundas. É preferível que fiquem traquinando por ombros amigos. Esta quase cortou o fio do mouse, passeando pelo teclado.
Situações interessantes podem ocorrer nestas exposições via internet. Sobre vegetarianismo já escrevi várias crônicas. A que mais repercutiu foi “Animais Brutalizados”. Uma delas com alguma dose de humor para documentar as peripécias e dificuldades diárias de um vegetariano ou candidato a... (“Vegetariano Enrustido: as receitas” de 09/05/2010 ).
A outra, mais recente, sobre “feijoada vegetariana” (de 01.08.2010). Para que não se perca numa referência limitada, podendo ser útil a quem se proponha a abandonar o consumo da carne de um modo geral, transcrevo receita de feijoada vegetariana registrada naquela crônica, remetida pela escritora vegetariana, Ivana Negri, “deliciosa e light” que não produz "efeito adstringente":
FEIJOADA VEGETARIANA
Ingredientes:
½ quilo de feijão preto
1 lata de bife vegetal da Superbom cortado em tiras
1 xícara de proteína de soja graúda (PTS)
1 xícara de proteína de soja em tirinhas
3 linguiças de soja cortadas em rodelas
300 grs. de ricota defumada temperada (para dar o gosto de defumado) cortada em cubos
1 colher (sopa) de tempero chimichurri - tempero composto de ervas diversas
1 colher rasa (sobremesa) de fondor
½ cebola e 1 dente de alho picados
folhas de louro
azeite para refogar
1 colherinha de aji-no-moto
Deixar o feijão preto de molho de véspera.
Colocar em água, para hidratar, as proteínas de soja graúda e em tiras.
Aquecer o óleo ou azeite e refogar a cebola e alho picadinhos
Coloca-se o feijão escorrido, a soja depois de espremê-la com as mãos para retirar o excesso de água, a ricota picada e as linguiças. Provar o sal e se quiser, colocar um pouco de pimenta calabresa (geralmente a ricota já contém pimenta). Colocar o aji-no-moto, o fondor e as folhas de louro.
Acrescentar água até cobrir todos os ingredientes.
Levar ao fogo na panela de pressão até que o feijão esteja macio e com caldo encorpado. Servir com arroz branco, couve cortada fininha e refogada, fatias de laranja e farofa.
Os ingredientes podem ser encontrados todos no Bom Queijo (empório de Piracicaba com grande variedade de produtos alimentícios).
Só um blog pode conter essa variedade de temas, que são livres. Homenagens.
Imagem / pintura: João Werner - "Colhendo laranjas" (www.joaowerner.com.br)
Informo que neste mês de setembro este blog tão desanimador na sua origem, deverá alcançar algo em torno de 800 acessos. Pouco? Não para mim - é muito. Até desconfio às vezes da "honestidade" do contador de acessos.
Informo que por meses e meses eu, por “dever de ofício” e mais uns dois ou três amigos o acessavam. E nada mais.
Meu amigo de décadas, Caio Martins (http://caiovmartins.blogspot.com/), de São Caetano do Sul é o incentivador e idealizador deste blog.
Por isso, quantas vezes nesses meus estágios depressivos não pensei em abandonar os relatos, crônicas e poesias, que aqui tenho publicado.
Não se preocupem com essa de “estágios depressivos”, porque pela minha familia ouço que tiro qualquer depressão “de chaleira”, porque estou sempre depressivo.
Não é bem assim...
De todas as 78 postagens que já inseri nestes temas livres, muitas vezes fiz alguma “autocensura”, em homenagem aos que se atreveram a me “seguir” e pelos grupos literários que passei a frequentar.
Há que, quanto possível, que depurar as vibrações da Terra já tão poluída por tudo o que recebemos de ruim no nosso cotidiano. Ouvi isso e de certo modo assumi esse princípio.
Tenho notado, de outra parte, de modo sistemático, que todas as criações literárias nesses grupos seguem essa linha de inspiração do coração para cima.
Por conta de minha profissão, embora não seja criminalista, já disse isso, sei de misérias do mundo, nesse círculo limitado do qual participo. Seriam crônicas contundentes, digamos, mas as omiti. Algumas que relatei foram atenuadas.
Mas, ah, o “mas”, saibam que inspirado em fatos “reais”, tenho um...livro que começa com o tudo da miséria humana, Joana D´Art – para o realismo real, visitei até mesmo um presídio feminino. Já registrado na Biblioteca Nacional eu o estou revendo e colocando o narrador na primeira pessoa “eu” em lugar de “o advogado”. Se publicarei? Quem sabe? Com a internet é possível alguma alternativa. A história é pesada mas, sobretudo, de redenção.
Falei de estados depressivos. Se tem coisa que mexe comigo e me leva ao inconformismo total, são as mazelas da política brasileira. Chega hora em que mudaria daqui se tivesse uma “grana preta” para conseguir o sustento em Portugal, paisinho que gosto tanto.
Esse meu inconformismo com essas “variáveis políticas” se refletem nos artigos semanais que tenho escrito no portal “Vote Brasil” (www.votebrasil.com) não só políticos, é claro, mas a maioria. Tenho me exposto além da conta. Em 18 meses escrevi 80 deles. Eles também são encontrados pelo “link” neste portal “Milton Martins & Artigos”. (meu nome aparece porque fora o único meio de o cadastrar nos portais de busca, tanto quanto “Temas Livres”).
Quem me dera tivesse o dom apenas da inspiração e caminhasse somente nesse mundo superior da poesia. Mas, não consigo me desligar deste chão bruto, eu e as minhas depressõezinhas cotidianas.
Naqueles meus idos que se perderam mas que ficaram na juventude “feliz mas não sabia”, convivendo com uma turma quase boêmia, na verdade, não conseguia beber muito ou, por outra, no máximo um copo de cerveja. Até hoje. Por isso, nesses dias muito quentes, me valho de cerveja sem álcool. A melhor é a Bohemia (epa!).
Muitos daqueles caras tinham forte veia poética e ficavam nesses botecos maravilhosos dedilhando versos e contando prosa e vamtagem com voz delirante. Já relatei essas passagens em crônicas passadas.
É daqueles tempos estes versos, mal inspirados que exatamente criticavam aqueles poetas amigos semi-embriagados.
Hoje, sei que eles não são bem verdadeiros. Há muitas poesias e músicas maravilhosas que surgiram nesse estágio etílico de seus autores. Eis o teor:
”Ah ! poeta falsificado
triste e doido beberrão;
rei da histeria tola
o que pensas da poesia ?
Julgas que diante dos copos ,
da garrafa vazia,
encontraras a musa do amor ?
enganado estás meu caro medíocre !
a musa imaculada que buscas,
aquela que o verdadeiro poeta canta,
não está no brilho d’uma garrafa,
Ilustre beberrão !
Porque a musa doce e bela
a pura e límpida impressão,
É a alma limpa que chama
É o espírito são que revela...
tolo beberrão.”
Quanto a mim, continuo na cerveja sem álcool que mantenho no meu escritório e se tiver alguma inspiração para escrever algo será, no máximo, sob seus efeitos. Claro que minha (des) inspiração não se explica por essa opção.
Esta foto, não sei se bem clara (clique na foto que ela se amplia), revela no meu ombro um exemplar de calopcita uma encantadora avezinha e seu penacho amarelo. Macho, gosta de transitar por ombros masculinos e seus assobios muitas vezes imitam acordes musicais.
Como é possível um bichinho com cérebro do tamanho de um caroço de azeitona se apegar tanto e mostrar que sabe o que quer?
Ora, não critiquem o fato de sua domesticação. Por ser inevitável sua criação em cativeiro, é bem melhor do que vê-las presas em gaiolas imundas. É preferível que fiquem traquinando por ombros amigos. Esta quase cortou o fio do mouse, passeando pelo teclado.
Situações interessantes podem ocorrer nestas exposições via internet. Sobre vegetarianismo já escrevi várias crônicas. A que mais repercutiu foi “Animais Brutalizados”. Uma delas com alguma dose de humor para documentar as peripécias e dificuldades diárias de um vegetariano ou candidato a... (“Vegetariano Enrustido: as receitas” de 09/05/2010 ).
A outra, mais recente, sobre “feijoada vegetariana” (de 01.08.2010). Para que não se perca numa referência limitada, podendo ser útil a quem se proponha a abandonar o consumo da carne de um modo geral, transcrevo receita de feijoada vegetariana registrada naquela crônica, remetida pela escritora vegetariana, Ivana Negri, “deliciosa e light” que não produz "efeito adstringente":
FEIJOADA VEGETARIANA
Ingredientes:
½ quilo de feijão preto
1 lata de bife vegetal da Superbom cortado em tiras
1 xícara de proteína de soja graúda (PTS)
1 xícara de proteína de soja em tirinhas
3 linguiças de soja cortadas em rodelas
300 grs. de ricota defumada temperada (para dar o gosto de defumado) cortada em cubos
1 colher (sopa) de tempero chimichurri - tempero composto de ervas diversas
1 colher rasa (sobremesa) de fondor
½ cebola e 1 dente de alho picados
folhas de louro
azeite para refogar
1 colherinha de aji-no-moto
Deixar o feijão preto de molho de véspera.
Colocar em água, para hidratar, as proteínas de soja graúda e em tiras.
Aquecer o óleo ou azeite e refogar a cebola e alho picadinhos
Coloca-se o feijão escorrido, a soja depois de espremê-la com as mãos para retirar o excesso de água, a ricota picada e as linguiças. Provar o sal e se quiser, colocar um pouco de pimenta calabresa (geralmente a ricota já contém pimenta). Colocar o aji-no-moto, o fondor e as folhas de louro.
Acrescentar água até cobrir todos os ingredientes.
Levar ao fogo na panela de pressão até que o feijão esteja macio e com caldo encorpado. Servir com arroz branco, couve cortada fininha e refogada, fatias de laranja e farofa.
Os ingredientes podem ser encontrados todos no Bom Queijo (empório de Piracicaba com grande variedade de produtos alimentícios).
Só um blog pode conter essa variedade de temas, que são livres. Homenagens.
Imagem / pintura: João Werner - "Colhendo laranjas" (www.joaowerner.com.br)
19/09/2010
"MUSAS ETERNAS"
Pode ter até atriz brasileira que se enquadre na lista das musas do cinema. Mas, nenhuma como as americanas. Lembro-me assim de passagem apenas de Regina Duarte, a ex-namoradinha do Brasil, que anda hoje pela casa dos 60 anos. E não tinha, é claro, o mesmo encanto pela relativa modéstia do cinema brasileiro, então.
E de Eva Wilma, muito bonita, na TV Tupi (“alô doçura”).
Periodicamente, circula pela internet um pps - power point slideshow (sofisticado, hem!) e há portais com as mesmas fotos, que de modo interessante lembram aquelas atrizes que frequentaram nossa imaginação no final dos anos 50 e especialmente nos anos 60, musas do cinema americano.
Com uma particularidade: dá-se nessa divulgação o contraste da sua melhor forma do passado, lindas, e nestes tempos, quando todas passaram dos 70 anos:
Julie Christie, lindíssima em "Dr. Jivago" e agora mostrando em seu rosto honesto, o peso dos quase 70 anos – quem não associa sua imagem à música “Tema de Lara”, que abrilhantou esse filme? (*)
Úrsula Andress, na sua aparição deslumbrante no filme “007 contra o Satânico Dr. No” que “satanizava”, sim, a nossa (masculina) imaginação e agora revelando no espelho da vida as marcas de sua idade também além dos 70;
Elizabeth Taylor com sua beleza “rigorosa”;
Sophia Loren, ainda muito bonita nessa faixa etária que exibira na juventude os seios perfeitos, redondos, eles sim, verdadeiros “lolobrígidas”;
... a marca selada da mulher desde que naturais.
E Brigitte Bardot, símbolo sexual de primeira em qualquer lista naqueles tempos, desinibida como poucas, hoje muito, muito, afetada pela idade, mas lutadora incansável pelos direitos dos animais.
Esse material tão versátil tem como fundo a música “To all the girl we’ve loved before” cantada por Julio Iglesias e Willie Nelson cuja letra tem estes versos:
“Para todas as garotas que fizeram parte da minha vida,
Que agora são esposas de outros:
Estou contente que elas apareceram
E eu dedico esta canção
Para todas as garotas que amei antes.”
Essas “musas eternas”, adoradas na telona, sequer sabíamos de sua vida privada. O que importava era sua presença brilhante, inspiradora, sensual, sexual.
Sim, elas eram esposas e agora são avós ou, quem sabe, bisavós.
As fotos comparativas da juventude e velhice me tocam pelo que foram elas. Não importam os estragos inevitáveis dos anos agora revelados.
Naquele estágio de juventude, esse mistério que há na existência feminina e que não nos dávamos conta, essas musas engravidaram, amamentaram, cuidaram dos filhos...mas, nunca perderam o poder de sedução quando na telona, mesmo já maduras.
Esses atributos estão presentes na mulher: sedução, maternidade e amamentação. Capazes de grandes explosões, nos momentos seguintes esbanjarem carinho ou envolvem seu companheiro num jogo de sedução e desejo irresistíveis. Ou partirem para o rompimento definitivo segundo as circunstâncias.
Ah, meus caros, essas mulheres com todos esses atributos ingressam no mercado profissional antes dito masculino, assumem cada vez mais posições de mando por mérito próprio, apolíticas (há referências positivas entre as que enveredaram para a política partidária), exigindo que barbados e marmanjos peçam ordens e aprovações de sua caneta.
Segurem as feras.
Mas, dou relevância à sua condição de carinhosa, sedutora, sensual e quão lindas, com estes versos que complementam com algum humor a realidade da mulher. Os bailes naqueles tempos eram um dos principais divertimentos nos quais rolavam cuba-libre, recatos, seduções e...long-play:
NU ARTÍSTICO
Estanco na figura nua
Mulher linda, perfeita
O clamor da beleza pura
Que a refinada obra acentua.
Fixo-me nas reentrâncias
Nos picos e declives espessos
Penso num abraço
Num beijo ardente à perfeição
Mas, ela ali não vive
É pura inspiração.
Não é ela real, pois.
Uma miragem é o que vejo
O artista que a obra fez
Assim graciosa e linda
Instiga o solitário desejo.
Reajo a tal beleza inatingível
Fixando-me ainda na imagem
Vingo-me, assim, jocoso, então,
Rio de piada antiga:
Senhora com decote revelador
Lindos seios à mostra, encantos
A marca selada da mulher,
Pergunta ao dançarino fogoso:
- Sabes dizer os atributos da mulher
De que mais lindo ela tem?
- Sei-os, senhora, mas não direi...
(*) Compositor Maurice Jarre (13.09.1924, Lyon - 29.03.2009, Los Angeles)
Foto: Julie Christie, hoje e “ontem”
E de Eva Wilma, muito bonita, na TV Tupi (“alô doçura”).
Periodicamente, circula pela internet um pps - power point slideshow (sofisticado, hem!) e há portais com as mesmas fotos, que de modo interessante lembram aquelas atrizes que frequentaram nossa imaginação no final dos anos 50 e especialmente nos anos 60, musas do cinema americano.
Com uma particularidade: dá-se nessa divulgação o contraste da sua melhor forma do passado, lindas, e nestes tempos, quando todas passaram dos 70 anos:
Julie Christie, lindíssima em "Dr. Jivago" e agora mostrando em seu rosto honesto, o peso dos quase 70 anos – quem não associa sua imagem à música “Tema de Lara”, que abrilhantou esse filme? (*)
Úrsula Andress, na sua aparição deslumbrante no filme “007 contra o Satânico Dr. No” que “satanizava”, sim, a nossa (masculina) imaginação e agora revelando no espelho da vida as marcas de sua idade também além dos 70;
Elizabeth Taylor com sua beleza “rigorosa”;
Sophia Loren, ainda muito bonita nessa faixa etária que exibira na juventude os seios perfeitos, redondos, eles sim, verdadeiros “lolobrígidas”;
... a marca selada da mulher desde que naturais.
E Brigitte Bardot, símbolo sexual de primeira em qualquer lista naqueles tempos, desinibida como poucas, hoje muito, muito, afetada pela idade, mas lutadora incansável pelos direitos dos animais.
Esse material tão versátil tem como fundo a música “To all the girl we’ve loved before” cantada por Julio Iglesias e Willie Nelson cuja letra tem estes versos:
“Para todas as garotas que fizeram parte da minha vida,
Que agora são esposas de outros:
Estou contente que elas apareceram
E eu dedico esta canção
Para todas as garotas que amei antes.”
Essas “musas eternas”, adoradas na telona, sequer sabíamos de sua vida privada. O que importava era sua presença brilhante, inspiradora, sensual, sexual.
Sim, elas eram esposas e agora são avós ou, quem sabe, bisavós.
As fotos comparativas da juventude e velhice me tocam pelo que foram elas. Não importam os estragos inevitáveis dos anos agora revelados.
Naquele estágio de juventude, esse mistério que há na existência feminina e que não nos dávamos conta, essas musas engravidaram, amamentaram, cuidaram dos filhos...mas, nunca perderam o poder de sedução quando na telona, mesmo já maduras.
Esses atributos estão presentes na mulher: sedução, maternidade e amamentação. Capazes de grandes explosões, nos momentos seguintes esbanjarem carinho ou envolvem seu companheiro num jogo de sedução e desejo irresistíveis. Ou partirem para o rompimento definitivo segundo as circunstâncias.
Ah, meus caros, essas mulheres com todos esses atributos ingressam no mercado profissional antes dito masculino, assumem cada vez mais posições de mando por mérito próprio, apolíticas (há referências positivas entre as que enveredaram para a política partidária), exigindo que barbados e marmanjos peçam ordens e aprovações de sua caneta.
Segurem as feras.
Mas, dou relevância à sua condição de carinhosa, sedutora, sensual e quão lindas, com estes versos que complementam com algum humor a realidade da mulher. Os bailes naqueles tempos eram um dos principais divertimentos nos quais rolavam cuba-libre, recatos, seduções e...long-play:
NU ARTÍSTICO
Estanco na figura nua
Mulher linda, perfeita
O clamor da beleza pura
Que a refinada obra acentua.
Fixo-me nas reentrâncias
Nos picos e declives espessos
Penso num abraço
Num beijo ardente à perfeição
Mas, ela ali não vive
É pura inspiração.
Não é ela real, pois.
Uma miragem é o que vejo
O artista que a obra fez
Assim graciosa e linda
Instiga o solitário desejo.
Reajo a tal beleza inatingível
Fixando-me ainda na imagem
Vingo-me, assim, jocoso, então,
Rio de piada antiga:
Senhora com decote revelador
Lindos seios à mostra, encantos
A marca selada da mulher,
Pergunta ao dançarino fogoso:
- Sabes dizer os atributos da mulher
De que mais lindo ela tem?
- Sei-os, senhora, mas não direi...
(*) Compositor Maurice Jarre (13.09.1924, Lyon - 29.03.2009, Los Angeles)
Foto: Julie Christie, hoje e “ontem”
12/09/2010
ENTARDECERES
Há composições de natureza nostálgica que não se afinam com a prosa. O melhor é tentar transmitir esses momentos pelos versos, porque obrigam a economia de palavras sem tirar o sentido que se quer revelar.
Chega a pouco o entardecer
Já chegara a hora da “ave-maria”
Ouço no éter o som dos sinos
Na mesma hora da meditação,
Pássaros inocentes se abrigam
Seja sob o sol que se esconde
Ou sob as bênçãos da chuva
Neste instante, a paz, haveria,
Mas, encho-me de angústias e dúvidas
Por que a tudo perseguir?
Onde se perderam os ideais?
Surpreendo-me, por avançar nas coisas da vida
Pela constância dos entardeceres que vão
Nada igual aos de ontem, mas iguais
Há um sentido de perda e emoção
Que me faz no silêncio soluçar,
Incompreendo essa ânsia do quase choro
Alerta-me sempre tênue chama do fundo d’alma
Que esses entardeceres com hora marcada
Tal qual imagens que me vejo no espelho
Se sucedem, não voltam e, aos poucos, fenecem.
Chega a pouco o entardecer
Já chegara a hora da “ave-maria”
Ouço no éter o som dos sinos
Na mesma hora da meditação,
Pássaros inocentes se abrigam
Seja sob o sol que se esconde
Ou sob as bênçãos da chuva
Neste instante, a paz, haveria,
Mas, encho-me de angústias e dúvidas
Por que a tudo perseguir?
Onde se perderam os ideais?
Surpreendo-me, por avançar nas coisas da vida
Pela constância dos entardeceres que vão
Nada igual aos de ontem, mas iguais
Há um sentido de perda e emoção
Que me faz no silêncio soluçar,
Incompreendo essa ânsia do quase choro
Alerta-me sempre tênue chama do fundo d’alma
Que esses entardeceres com hora marcada
Tal qual imagens que me vejo no espelho
Se sucedem, não voltam e, aos poucos, fenecem.
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