Esta longa crônica ("Reportagem") tem como motivação os 50 anos que se passaram de minha
formatura no curso Clássico (1965) no Instituto de Educação “Cel. Bonifácio de
Carvalho” o mais influente, então, no ABC.
Refiro-me,
também, aos amigos velhos que “deixei” em São Caetano, a união entre o "Bonifácio de Carvalho" e o Centro
Acadêmico que há muito não mais existe e andanças pelo Bairro da Fundação onde
vivi minha juventude.
Em 29 e 30
de julho de 2015.
IDH sem índice ambiental
São
Caetano é o município nº 1 no Brasil em IDH – Índice de Desenvolvimento Humano,
medida que faz parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e é
calculado com base em três itens: renda, educação e saúde. A nº 2 é a pequena
Águas de São Pedro. Houvesse uma medida ambiental no IDH, dificilmente Águas
deixaria de ser a nº 1.
É
em Águas que me escondo das contradições da vida e do Judiciário - instituição, todavia, da qual não me queixo. Da degradação
ambiental que me comove MUITO mas que vai sendo tolerada até irresponsavelmente até...até quando?
Quando a vida se tornar definitivamente insuportável?
Bem, São Caetano é cinza.
Bem, São Caetano é cinza.
(Fotos acima de praça / paisagem de Águas de São Pedro)
(No último
item desta “reportagem”, apresento uma “visão geral” resultado de minhas
andanças e reminiscências que guardo comigo).
Amizades e
amigos
Todos os
meses os “sobreviventes” do Centro Acadêmico e do Instituto Estadual “Cel.
Bonifácio de Carvalho” se reencontram numa pizzaria de São Caetano e nessas
noites ao vinho e à cerveja, há um forte congraçamento.
Afinal,
esses relacionamentos ultrapassam meio século.
No encontro
do dia 29 de julho último, no sacrifício, participei. Muitos deles a conhecer ou a reconhecer.
Ao longo da
minha vida sempre me questionei sobre “amigos” e amigos. Não tenho certeza,
talvez até esteja sendo injusto, mas os amigos não os conte nos dedos das mãos.
Nas inúmeras
automobilísticas nas quais trabalhei, lembro-me de dois: menos que, digamos,
subordinados - e não por isso – iam na lealdade acima desse “detalhe”. Empresas revelam amigos?
E dos
“antigos” de São Caetano do Sul?
Posso ter
mais por lá, mas dois sempre se fizeram presentes:
Caio
Venâncio Martins: amizade de mais de 50 anos entre tapas e reconsiderações. Poeta e cronista,
fora ele quem nos últimos anos me incentivou a escrever, me encorajou aos blogs
e a publicar artigos políticos no extinto “Vote Brasil".
E foi assim
que saí do “quadrilátero” do meu escritório (sem estar nele, pela manhã, cedo, pelo
menos, me parece um dia perdido).
Dai para
frente os contatos nunca se perderam entre ideias, ideais – mesmo com a idade
que nos espreita – e a necessidade da boa comunicação por esses veículos.
Caio Martins
– não temos parentesco, mas há algo de irmandade que o sobrenome reforçou de
modo indelével e definitivo.
A foto menos
nítida aparece o Caio numa festa caipira promovida pelo Grêmio 28 de Julho o
qual presidi naquele ano de 1965 (é o 3º da direita para a esquerda. Eu o 2° da esquerda para a direita).
Carmelo
Conti:
esse sujeito, muito humilde quando o conheci na década de 60 esteve comigo, de
modo intenso em todas as atividades estudantis e mesmo na imprensa de São
Caetano. Chegou a tal ponto que, ocasionalmente, me desmentia ou me corrigia
quando relatava episódios dos quais participara eu até como agente principal. Em
outras palavras ele sabia ou sabe mais do que eu de aspectos que a mim pertencem ou pertenciam
diretamente.
Carmelo
Conti – revisamos conceitos na noite do dia 29 de julho de 2015, sempre
lembrando as iniciativas da primeira metade da década de 60, especialmente nas
atividades brilhantes do ano de 1965 no Grêmio 28 de Julho.
Tempos
memoráveis. Já lá se vão exatos 50 anos que também marcam o exato meio século
de minha formatura no clássico do prestigioso I. E. “Cel. Bonifácio de
Carvalho”.
A foto abaixo fora
do “baile dos 10 mais” também promovido pelo Grêmio nos luxuosos salões do "Moinho São Jorge" - Utinga - Santo André. Carmelo está ao meu lado à
direita. Na mesa pessoas amigas e diretores do Grêmio.
As reuniões
mensais dos amigos “antigos” acadêmicos
Como disse, um grupo de amigos daquele período, seja do Centro Acadêmico, seja do “Bonifácio de
Carvalho”, todos os meses, há tempos, se reúne numa pizzaria de São Caetano e,
na confraternização que se renova, tem como motivação principal aqueles
verdadeiros anos inesquecíveis, numa cidade pulsante, que a história não
repetirá jamais.
Não convivi
com todos os participantes diretamente. Havia escolas e mesmo grupos
diferentes, então, mas todos eles têm hoje a mesma motivação em manterem esses
encontros: a lembrança de momentos felizes, marcantes, de desafios que não
conseguem ser esquecidos.
E, ademais,
esse congraçamento entre o Estadual "Bonifácio de Carvalho" e o Centro Acadêmico,
se dava em reuniões sociais, bailes mas também no esporte (voleibol) na
quadra do Estadual: essas competições eram conhecidas como EST-ACA.
Fachada pela avenida Goiás, do "Cel. Bonifácio de Carvalho" em 1965
Fachada pela avenida Goiás, do "Cel. Bonifácio de Carvalho" em 1965
A foto abaixo se refere ao encontro de 29 de julho de 2015. Alegria de viver, de participar já passados dos 70 anos de idade, pelo menos na média.
Visão geral 50 anos depois
A cidade de
São Caetano – o “C” do ABC paulista – foi marcante para mim, na juventude.
Foi lá que
estudando o clássico no Instituto Estadual “Cel. Bonifácio de Carvalho” – o
mais destacado da região – na década de 60 me envolvi intensamente na vida
estudantil e militei na imprensa local.
Não dá para
esquecer certos episódios da vida jovem. O ano de 1965 foi marcante por tudo
que fizemos no Grêmio 28 de Julho e eu já nem era tão jovem, já tinha 21 anos.
Esse foi,
também, o ano de minha formatura no clássico. Essa idade “avançada” porque fora
no ginasial mau aluno, me recuperaria no bom Ginásio Amaral Wagner, de Utinga. (1)
Quantas
vezes disse que a década de 60, com golpe, revolução – chamem do que quiserem -
e tudo, fora por demais inspirador, pelo menos em São Caetano, que pulsava, uma
influência cultural, estudantil e política positiva na região.
São Caetano
tem uma linha tênue que separa duas regiões: acima da avenida Goiás – onde está
a sede da GM – mais sofisticada e abaixo dela.
Eu vivi
sempre abaixo dessa linha, no Bairro Fundação.
Das fotos
Não poderia, antes, perder a oportunidade de algumas fotos.
Visão da
rodoviária e lembranças do viaduto dos Autonomistas
Nesta foto,
tirada na estação rodoferroviária, destaca ao fundo a loja matriz da Casas
Bahia. Ela se originou em SANCA. Ao lado direito, a entrada do viaduto dos
Autonomistas que sai do centro ao Bairro da Fundação: em 1954 quando de sua
inauguração, com a presença do prefeito Anacleto Campanella, estive presente.
Menino, ainda, me aventurei até a estação da então Santos a Jundiaí e cheguei a
ouvir os discursos.
Grupo
Escolar “Senador Flaquer” (assim conhecido, então)
Fiz o
primário nessa escola, tão marcante na minha vida jovem. Quando da formatura um
professor-músico compôs um hino de despedida que começava assim:
“Adeus minha
escola querida, jamais te esquecerei na vida, foste para mim um fanal
[lanterna, farol] que me ensinou o saber ideal...”
O prédio,
sem os muros de antes, está bem conservado.
Os “quadros”
de São Caetano
As pinturas
que enfeiam a cidade são dessa arte... em profusão...
Não de hoje
em momentos de revisão do alto de minha idade, meio século depois, sempre tive
vontade de caminhar pelas minhas “origens”, mesmo sendo paulistano.
Chego de
ônibus vindo Piracicaba, pela “Piracicabana”, me instalo num hotel que jamais
evoluiu (Acácia), a vantagem da localização central, nem sei se já piorou e pergunto à atendente:
- Onde
encontro um restaurante vegetariano por aqui?
A atendente
nega conhecer algum, mas me indicou um restaurante de bom padrão na rua Santa
Catarina:
- O senhor
não precisa comer a carne.
A rua Santa
Catarina é hoje um calçadão bem constituído mas com um defeito grave: não tem
árvores e nem floreiras.
Almoço, volto para a estação, atravesso por baixo dos trilhos da CPTM pela galeria, já percebendo abandono e falta
de cuidados e chego à galeria coberta da rua Francisco Matarazzo, não menos
abandonada, com lojinhas e botecos.
No fim do quarteirão, metros a frente, causa
espécie num local daqueles, central, um prédio
inacabado, feio, com lojinhas precárias no térreo. E essa feiura perdura
há décadas.
Desço para a
Fundação, das minhas “origens” um bairro que se não era bonito no meu tempo, é
pior agora. Eu nunca vi tanta degradação pelos cantos das suas ruas e a imensa
poluição visual produzida pelos garranchos dos grafiteiros que se revelam, na
verdade, vândalos. Não há prédio ou muro que escapa dessa ação poluidora,
bruta (v. foto acima).
Uns 10/12
quilômetros de andanças depois, vou ao prédio do cine Vitória, um ponto intelectual dos acadêmicos da
cidade, porque a sede (do Centro Acadêmico) ocupava uma das salas do prédio. Eu
cheguei a trabalhar nesse prédio na redação dum jornal. O último andar, naqueles idos, era ocupado por associações
culturais de prestígio.
Agora o
prédio está num processo de ruína, a entrada fechada com grades, o cheiro forte
de banheiro público.
O prédio do
“Cine Vitória” como era
Já ouvira
falar desse estado do prédio pelas minhas sobrinhas de lá, mas ver para crer.
Memória que se perde.
Meio desapontado saí um busca de um Café com algum atrativo, com alguma apresentação para uma média e algum tipo de pão. Só encontrei botecos e desisti.
Memória que se perde.
Meio desapontado saí um busca de um Café com algum atrativo, com alguma apresentação para uma média e algum tipo de pão. Só encontrei botecos e desisti.
O bairro da
Fundação, para amenizar a poluição visual e a poluição de tantos carros que
transitam às margens do Tamanduateí – como muitas outras cidades – precisa de
um banho verde. Muitas árvores plantadas nos cantos e recantos. Todas sabem que
as árvores “humanizam”, os jardins enfeitam, as flores encantam.
Já falei demais...
Outras crônicas com referência a São Caetano do Sul (SANCA) neste Temas:
1. Versos para ningém (dias de ingenuidade): 19.04.2009
2. Raízes Sancaetanenses (I): 21.06.2009
3. Raízes Sancaetanenses (II): 11.07.2009
4. Ternuras, essa palavra feminina...(?) [referência ao ex-prefeito Anacleto Campanella]: 11.04.2010
5. Regressão (II) - Primeira Comunhão: 24.10.2010
6. Tradições, memórias, fragmentos (II): 04.09.2011
7. Saudades: 10.10.2014
Legenda:
(1) Endereço do facebook do Amaral Wagner (que parece está se tornando portal de negócios): https://www.facebook.com/groups/Amaral.Wagner/
Página do Diário do Grande ABC de 10.01.2018 sobre os tempos de 1965:
Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/p/imprensa-memorias-diario-do-grande-abc.html
Já falei demais...
Outras crônicas com referência a São Caetano do Sul (SANCA) neste Temas:
1. Versos para ningém (dias de ingenuidade): 19.04.2009
2. Raízes Sancaetanenses (I): 21.06.2009
3. Raízes Sancaetanenses (II): 11.07.2009
4. Ternuras, essa palavra feminina...(?) [referência ao ex-prefeito Anacleto Campanella]: 11.04.2010
5. Regressão (II) - Primeira Comunhão: 24.10.2010
6. Tradições, memórias, fragmentos (II): 04.09.2011
7. Saudades: 10.10.2014
Legenda:
(1) Endereço do facebook do Amaral Wagner (que parece está se tornando portal de negócios): https://www.facebook.com/groups/Amaral.Wagner/
Página do Diário do Grande ABC de 10.01.2018 sobre os tempos de 1965:
Acessar: https://martinsmilton.blogspot.com/p/imprensa-memorias-diario-do-grande-abc.html