12/06/2011

LEI DE MURPHY: CARRO "ANTIMILITAR"

Esta crônica não e nova mas eu a divulgo porque o relato é verdadeiro e curioso. Fatos como este, havia alguém que qualificava como "maldade das coisas inanimadas."


"Lei de Murphy" como popularmente conhecida: "Se alguma coisa pode dar errado, dará. Dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível".

A comprovação dessa "lei" ocorreu numa indústria automobilística (Chrysler), naqueles tempos em que o civil "batia continência" até para soldado raso do Exército.

Numa bela manhã, eis que foi anunciado pela administração que um grupo de militares, comandado por um general, visitaria a fábrica "dois", isto é, a filial, que contava em suas instalações, com uma área "suja", digamos assim: uma fundição antiga. No seu recinto havia muita poeira em suspensão, calor e ruído.

Talvez por isso despertasse alguma curiosidade, porque os fornos imprimiam ao ferro derretido aquele vermelho vivo, solar que, ao descer para as formas dos blocos do motor ou virabrequim, rebrilhava ameaçador lembrando as lavas de um vulcão miniatura descendo pelas encostas. Essas operações eram realizadas e presenciadas diretamente "na fonte".

Claro que a recepção fora cuidadosamente preparada. O melhor automóvel foi lavado e perfumado. De porte grande, um Charger RT (“O lado emocionante da vida”) com motor potente, de excelente qualidade, testado milhões de vezes em outros veículos na matriz americana, embora um sacrilégio na época pelo seu alto consumo de gasolina, mesmo com a crise do petróleo sendo já então amenizada.

O carro estava pronto para conduzir os militares à fundição. Ao seu lado, foi posto um carro menor (um Polara), mais popular, também lavado, apenas como reserva ou para atender algum visitante ou acompanhante que não coubesse no outro carro.
Encerrada a reunião, com troca de amabilidades, "abobrinhas", salgadinhos e água, chegou a hora da visita à fundição.


O diretor da fábrica, sujeito exigente, pôs-se a enaltecer merecidamente as qualidades do carro, como bom vendedor que (também) era.
Todos entram no veículo de luxo.

Aciona-se a partida e ela falha. Novamente e nada de pegar. Depois de uma dezena de tentativas, o gerente da fábrica abandona o carro renitente, constrangido, furioso e, naquele seu olhar homicida, busca algum culpado pelo vexame. Não havia culpados.

Resignando-se, perguntou a um funcionário próximo se o pequeno carro do lado estava apto para conduzir parte da delegação até a fundição. Obtendo resposta positiva, sem vacilar, convidou seus visitantes a embarcarem e lá foi ele dirigindo o carrinho.

Tirando o enguiço do carro de luxo, a visita fora normal. Enquanto esta prosseguia, não havia meios de fazer funcionar a partida do carrão. O mecânico olhava para o motor como se fosse a própria esfinge. Pensava-se em rebocá-lo à oficina mecânica para ser consertado. Ao fim da visita.

Mais algumas amabilidades e uma hora depois os militares foram para seu quartel.
Assim que transpuseram a portaria, na última tentativa de acioná-lo antes de ser rebocado para a oficina, eis que o carro pegou ruidosamente, emitindo aquele som cadenciado de motor a qualquer prova.

Todos, perplexos, não tinham explicação para a peça pregada pelo carrão.
Alguém, já que todos se divertiam com a gafe, completou com ironia:

- É que a lei de Murphy é irrevogável. É um verdadeiro Ato Institucional. E até os milicos a cumprem ! Na "marra"!

Um comentário:

Caio Martins disse...

Hehehe! Uma delícia, ler novamente esta crônica. Yo no creo em brujarias, pero que las hay...
Como os vinhos nobres, Grande Milton, estás cada vez melhor!