ESTUDOS
INCENTIVAM MUDANÇAS NA ALIMENTAÇÃO COMO OPÇÃO AMBIENTAL
Meus caros, como é difícil
ser vegetariano!
E
vegano, então, aquele pessoal que não consome nada de origem
animal, sequer o sapato e o cinto de couro.
Como
é difícil!
Lembro-me
com saudades de minha mãe. Um detalhe, todos os sábados, sabendo
que eu almoçaria em sua casa, preparava o pescado a dore, bem
passado, estalando.
Esses
pratos se tornaram um padrão na minha vida por muito tempo.
Um
dia, por uma série de influências e literaturas especializadas, fui
deixando a carne de lado. Repugnam-me os açougues – quaisquer se
que sejam os pedaços pendurados nos ganchos, um odor desagradável—e
tenho muito dó das aves pelo modo truculento como tratadas antes e
no abate.
Nunca
vou esquecer como minha mãe as abatia. Naqueles idos.
Até
elas se apegam.
As
duas galinhas e um galo que apareceram por aqui, foram se aproximando
esperando comida chegando à confiança de treparem no parapeito da
janela.
Uma
das galinhas desapareceu. A outra, tudo indica fora atropelada porque
tinha que atravessar uma rua movimentada.
Essa
galinha preta, antes de morrer não deixou de botar o ovo com todo
aquele sacrifício da dor.
O
galo foi levado para lugar melhor, mais seguro – perderia a
liberdade das ruas perigosas pela garantia de sobrevivência—e ao
ser capturado, se debatendo, preso numa caixa de papelão ouvindo a
voz amiga teria respondido cocoricando preocupado com a possível
“traição”.
Tenho
mais coisas para contar sobre bichos. Coisinhas simples que me
marcaram que não relato porque poderão parecer descabidas ao senso
que predomina.
E
depois, nestes últimos 40 anos ou mais tenho mantido luta renhida
anticarne porque sei da crueldade que se dá principalmente com o
abate do gado bovino.
Um
dia, para registrar a gratidão uma vaca levantou a cabeça me
encarando com aqueles olhos inocentes, após beber um balde de água
que lhe ofereci e a seu bezerro, sob sol escaldante. Não havia
árvores para se abrigar.
Rejeitar
pratos preparados com carne em recepções sem poder explicar aos
circunstantes ou mal explicar as razões.
Mas,
vou sobrevivendo.
Na
Fórum de Davos, realizado nos dias 22 e 23 de janeiro último foi
divulgado um estudo da Universidade de Oxford no qual recomenda que a
alimentação carnívora (bovina, principalmente) seja gradativamente
substituída por outras opções de alimentos como carne sintética –
produzida a partir de amostras de células de músculos animais que
se expandem em laboratórios – tofu, lentilhas, nozes, jaca e uma
gama imensa de outros produtos naturais não a base de carne.
A
Universidade inclui até mesmo insetos, alimento comum em outros
países, particularmente na China.
Ora,
entre nós os insetos causam repugnância. Mas, eu fico aqui pensando
no prazer de chupar ostras naquelas casquinhas in natura, para mim
não menos repugnante.
Esse
estudo atribui à produção da carne bovina, a porcentagem de 25%
das emissões de gases do efeito estufa no todo do setor alimentar.
E,
claro, à medida que o plantel aumenta, aumentam as áreas de pasto.
A alimentação que avança sobre a mata não se dá apenas nas
pastagens “naturais”, de gramíneas, mas também pela soja e seus
derivados.
Quanto
a mais na emissão de gases do efeito estufa, nessa parte da soja
para o consumo do gado de corte?
As
mudanças climáticas são visíveis: calor intenso, chuvas
fortíssimas e vendavais, nevascas rara ou jamais sentidas nos países
do hemisfério norte alterações graves que, pela linguagem do
dinheiro, do imediatismo, não são levadas a sério e, de regra,
desdenhadas.
No
tocante ao consumo de água, dados confiáveis informam que, para
obter um quilo de
Carne
bovina – 15 mil litros
Carne
suína – 6 mil litros
Frango
– 3.9 mil litros
Queijo
– 5 mil litros
Nota-se
que o alimento de origem animal do ponto de vista ambiental é
desastroso.
Um
suplemento "Agro" do jornal “O Estado de São Paulo” de 30.01.2019 (*) a
propósito do estudo da Universidade de Oxford ouviu dois
especialistas brasileiros, o engenheiro agrônomo Maurício Palma
Nogueira e Alexandre Berndt, este pesquisador de “sistemas de
produção sustentáveis da Embrapa”.
Para
eles, as emissões antiambietais seriam ou são dez vezes menores do
que se dá na produção bovina em outros países.
Disse
Berndt:
“No
Brasil, em pastagens com o uso de tecnologias básicas, as
emissões são 10 vezes menores do que as apresentadas no
relatório”. E, se forem consideradas as fazendas com sistemas
de produção pecuária de ponta ou as que fazem a Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o saldo de emissões de CO2
pode ser negativo.”
Esclarecem
mais que a produção da carne bovina no Brasil é bem eficiente a
par do baixo
preço
cobrado por aqui, daí porque a troca da carne por outros alimentos
não seria cabível ou necessária.
Eu
acrescento, por enquanto...
A
projeção se dá até os anos 2.050 quando a Terra teria 10 bilhões
de habitantes (!).
Aumentada
a produção do gado bovino de 4,5 arrobas por hectare (baixa) para
50 arrobas um
objetivo “possível” numa
linha de eficiência o Brasil poderia produzir, hipoteticamente, 130
milhões de toneladas de carcaça bovina, na
mesma área de 165 milhões de hectares de terras hoje destinadas à
pecuária.
E
sempre a linguagem do dinheiro porque em 2018 as vendas de carne ao
exterior registraram um recorde de 1,64 milhão de toneladas “volume
responsável por uma receita de US$6,5 bilhões”.
Por
fim, mesmo que repudiando o consumo de insetos, mas a cultura é a
mesma quando
se trata do
desmatamento porque os países do
denominado 1º mundo, após devastaram
suas matas agora querem a preservação das matas do Brasil. Se
aceitarmos
esse “raciocínio distorcido”, cometeremos os mesmos erros desses
países com graves repercussões ambientais.
Nesse
sentido, disse Berndt:
“Eu
não me sinto confortável que alguém de fora venha ditar
regras para o consumo dentro da minha casa. Este é um costume
cultural, e não vão conseguir impor a uma nação”.
Claro
que eu
não
comeria inseto jamais embora haja alimentos tão repugnantes quanto.
Até
2050, quero destacar que aumentando ou não a produção bovina em
mais de 1100%
(de 4,5 arrobas para 50 por hectare), comendo insetos ou não está
muito claro para mim que se não mudados os hábitos alimentares nos
próximos anos, será a devastação florestal que garantirá o
aumento de pastos para alcançar o
tal “aumento” de “carcaças bovinas” para consumo internos e
externo.
O
clima será muito mais afetado nessa
hipótese.
Não
sou otimista. Diviso um estádio de caos no futuro impondo graves
restrições de
vida
aos nossos netos e descendentes.
Quem
viver, viverá.
(*) "Carne bovina em xeque" -
(*) "Carne bovina em xeque" -
2 comentários:
Gostei do seu texto, Milton, está no caminho certo: pelo planeta, pelos animais e pela sua própria saúde.
Eu já não como carnes há tanto tempo que não sinto falta alguma, ao contrario, se passo perto de um açougue o cheiro de sangue fresco me dá náuseas, assim como o cheiro que exala um bife sendo frito ou churrasco assando me repugna. Penso no infeliz animal que tanto sofreu desde o nascimento até a subida da rampa para o matadouro. Posso postar seu texto no meu Blog SerVegetariano?
abraço
Ivana, claro que pode, como "ousas" pedir uma "autorização" dessas? ´Por favor, publique no blog Vegetariano. Homenagens. MM
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