Muitos são os que sequer sabem o que seja "comunismo".
20/12/2019
FILME “DOIS PAPAS” DE FERNANDO MEIRELLES.
Muitos são os que sequer sabem o que seja "comunismo".
03/12/2019
CRONIQUETAS (I)
Preço de banana. Mas, essa bananeira ai aguentou tudo durante uma construção: agressões, falta d'água e, num dado momento, já livre, sem que se percebesse eclodiu esse cacho que vem sendo acarinhado.
Com os mesmos impactos, ao lado dela floresceu espontâneo um ipê, com jeito de ser de flores amarelas, com vontade de viver que vou cuidando.
Pequenas bençãos que não me passam despercebidas.
A flor das bananeiras é a banana?
Lembro das bananeiras nos meus tempos de São Caetano, no quintal. Os cachos eram tantos que minha mãe fazia bananadas de caldeirão.
Naqueles tempos em que o sol era mais sol e as chuvas mais chuvas.
TIPUANA GRANDE. DE DÉCADAS
Nestes tempos de devastação que me levam às lágrimas de ver tanta ignorância ambiental, ali na frente, além muro, na rua, uma tipuana muito grande. Uns 15 metros. De vez em quando o forte vento arranca uma ou outra ai pelos bairros.
Hoje ventou muito ela foi sacudida mas está firme. Ela pende um pouco para a rua, mas é uma preocupação sempre pelos estragos quando é arrancada a força pela força das tempestades.
Essas árvores foram plantadas quando da constituição do bairro, há décadas. Elas não seriam as mais apropriadas, mas estão fazendo sombras, liberam a cada ano centenas de sementes que caem girando e depois suas florezinhas amarelas no começo da primavera, que fazem tapetes nas ruas.
FLOREZINHA MATO
Quando do espalhamento das placas de grama, muitas foram as plantas que não poderiam ter lugar no gramado.
Mas, uma se destacou. A florzinhas são azuis, um chapeuzinho com cinco hastes amarelas. Foi mantida. Algumas opiniões de qual "família" pertence a planta...
A MINHA CACHORRINHA PRETA
Já falei sobre esse animal anjo que tive por muitos anos ao meu lado. Ela não foi tratada como merecia e, por isso, sempre me emociono, pelo que eu deixei de fazer por ela.
Ela foi sacrificada porque um veterinário disse que a doença era irreversível.
Naquela manhã, o golpe foi muito forte e um fiquei pelos cantos, em lágrimas de remorso.
Já não pensando tanto, anos depois, inesperadamente ela apareceu nítida no meu sonho, mais gorda, bonita, se aproximou, eu a agarrei e ela apressou-se em se soltar. Como ela sempre fazia, porque sentia que tinha pouco carinho a retribuir.
No sonho, correu ladeira abaixo e entrou nalgum lugar lá embaixo. Creio que ela me informou que está com os bons espíritos que guiam os animais e está bem e, como todo cachorro, perdoou pela que eu não fiz.
Os espíritas dizem que os animais tem alma e por muito tempo ficam por perto daqueles a quem se apegaram, depois de mortos.
Vão para o céu, como admitiu o papa Francisco ao consolar um menino cujo cachorro havia morrido.
Eu acredito nisso.
GANSOS, SIMPLESMENTE GANSOS CURTINDO A VIDA LIVRE
Eu os encontro sempre, e também galinhas de angola quando vou chegando em Águas de São Pedro, nas curvas laterais da cidade meio abandonada.
Um dia desses um veio em minha direção, já contei isso. Só lamento não o ter esperado, para ver o que daria a "conversa".
SÃO CAETANO E "OS SEIOS DE DUÍLIA"
É do início da década de 60 o filme "Viagem aos seios de Duília".
Um solteirão que se aposenta, não encontrou amores pela vida, mas jamais esquecera o seu amor da pré-adolescência, Duilia, que na despedida, porque ele mudaria para o Rio, lhe mostrou, um pouco, os seios.
Quarenta anos depois, com aquela imagem preciosa em mente ele vai a procura de Duília numa longa viagem por Minas Gerais até a encontrar num vilarejo remoto.
E aí, ao a encontrar numa casa humilde, ele tem o impacto do tempo que passou também para ela e se afasta decepcionado que bem o havia recebido. Ela tinha se casado e era viúva. Ele comparara a foto da sua juventude ali mesmo na sala, com os efeitos do tempo.
Passei minha adolescência em São Caetano do Sul e, muitas vezes, mais de 50 anos passados, comparo minha relação com a cidade como algo semelhante aos seios de Duília.
Com uma diferença: os seios da "minha" Duília continuam atraentes e as recaídas são inevitáveis.
Porque há muito, muito a rememorar e... comemorar. (*)
A OPÇÃO POR CERTO ISOLAMENTO
Depois de todas as lutas ao longo das décadas, inclusive às voltas com as incertezas da advocacia, profissão árdua, aos poucos vou me isolando e não achando graça em tantas coisas que me motivavam.
Talvez, "instintivamente" me aproximo da serenidade que é um estágio muito íntimo. Nessas tardes noites da vida.
A Paz não é possível porque estou num mundo à beira do caos e não posso tapar os ouvidos, fechar os olhos.
Aliás, este mundo é um recanto menor no Universo, é o da penitência, do atraso, das diferenças entre os indivíduos uns com elevada vocação moral e outros com baixos instintos.
Penso que este planeta é até meio esquecido pela Providência.
LIVROS E RESENHAS
Por causa do "isolamento", virei quase desvairado ledor.
Há livros que não consigo ler de tão "desconectado" para mim.
Um deles é o festejado "Macunaíma" de Mario de Andrade escrito em 1928 num período "desvairado", seis anos depois da Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo.
Não tenho paciência para aquela terminologia indígena. Quem sabe um dia volte ao livro. Por ora tenho outros prioritários.
Dos estrangeiros, estou hoje "preparado" para ler "Assim falava Zaratrusta" de Nietzsche.
Mas, não sei ainda se algo me acrescentará com sua leitora cheia de rebuscamentos e desvio do que o que foi dito não é bem o que foi dito.
Nietzsche era complicado. Dos que o estudam, estudam até hoje e os resultados nem sempre convincentes.
Neste momento estou folheado do autor alemão, o "Anticristo". Talvez eu o leia. A apresentação do livro informa que Nietzsche desmonta o cristianismo, que seria, para ele, o maior desastre do mundo ocidental pela alienação que produziu (!)
Até este dia resenhei 66 livros no blog respectivo, com o objetivo de não esquecer pelo menos o enredo básico de cada um.
Fique claro que são as "minhas" resenhas, tenho certo orgulho da originalidade.
Porque há muitas por aí.
Essas resenhas são sem "preconceitos" quaisquer que sejam os livros com algumas ressalvas. (**)
ESCRITORES
Tenho certo despeito de escritores que escrevem livros e livros.
Onde buscam inspiração?
Gostei do meu "Joana d'Art", cuja inspiração veio num estalo ocasional mas valeu.
Estou a espera que outros estalos ocasionais eclodam.
OS E OS NÃO CARNÍVOROS
Nestes dias de dezembro muito se fala do preço alto da carne.
Para mim que dela não chego perto, há o asco do odor nos açougues quando TENHO que passar perto tudo isso torna o dito alimento, para mim, impensável.
Talvez tenho me condicionado a tanto.
Já refleti muito sobre a proliferação de animais nascidos para servirem aos matadouros, que proliferam incentivados como negócio ou espontaneamente.
Por que é assim? Por que a grande massa humana não se emociona com o sofrimento deles que tremem na visão iminente da morte violenta?
E por que se sacia num naco de carne sem pensar nisso?
Já tenho falado sobre estas minha reflexões: os 'deuses' da criação promovem a multiplicação dessas espécies à imolação exatamente para alimentarem essa imensa massa, a maioria, porque no interior dela ainda há resquícios salientes dos homens das cavernas que caçavam para sobreviver.
Eram brutos sem saber que eram.
Não estou aqui para criticar os que pensam diferente. Numa churrascaria não "fiscalizo" o que cada um come. Cada um se alimenta do que gosta, mas eu fico sem a carne.
Como disse, este é o planeta das diferenças.
UM FANTASMA DESMORALIZADO
Enquanto lia "O Retrato de Doryan Grey", de Oscar Wilde, dei uma lida no conto dele mesmo, "O Fantasma de Canterville".
Esse fantasma assombrava a arrepio dos cabelos os moradores da Canterville Chase a ponto de seu proprietário Lord Canterville resolver pela venda da propriedade ao ministro americano, Sr. Otis, não sem antes o avisar do estranho e indesejado morador assombração.
O fantasma era um antepassado dos Canterville e permanecia na mansão havia séculos como penitência pelo assassinato de sua esposa.
Mas, para demonstrar o lado prático dos americanos, então, o fantasma passou a ser desmoralizado pelo próprio ministro e seu filhos, atitudes que aumentavam o seu sofrimento. Tudo bem humorado.
O fantasma passou a fugir dos novos moradores.
Até que um dia Virginia, filha do sr. Otis, a jovem pura e sem máculas se depara com o fantasma que demonstrara o desejo de... morrer.
"A morte deve ser bela. Repousar deitado sobre a macia terra cor de castanha..."
Então, num ritual não revelado, Virginia ajuda que o fantasma morra e é ele sepultado com as honras daqueles tempo.
O fantasma, antes de morrer, presenteia Virgínia com joias.
É uma história interessante, pelo menos para mim, porque sempre acreditei que o assassino carrega na alma a marca ou o peso de sua vítima. A dívida a ser paga um dia por muitos séculos.
Referências a acessar:
(*) https://martinsmilton.blogspot.com/p/imprensa-memorias-diario-do-grande-abc.html
(**) https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/
Eu j
|
13/09/2019
A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA COMO ESCREVI NO INÍCIO DO SÉCULO
Nos blogs que ainda detenho, de fácil acesso, são dezenas de artigos nessa linha ecológico-ambiental, mas publicado na imprensa regional dos quais recuperei três deles.
Os artigos são estes:
03/09/2019
DESFECHO DE UMA VIDA SIMPLES
Os tempos de infância, lembrava-se saudosos. Afinal, chegara aos 80 anos e surpreendia a todos por sua incrível lucidez e disposição.
Quando lhe perguntavam qual o secredo, não respondia muito naqueles padrões normalmente atribuídos a outros idosos: "muito vinho e alegria", "comi tudo que tinha direito..."
Sua resposta era:
- Não fumei jamais, bebi pouco e ando bastante, dando preferência em visitar áreas verdes. De há muito minha dieta de carne é quase nula. Se isso for realmente uma receita de longevidade, não sei. Mas, eis-me aqui.
- Como assim:
- Bem, o cigarro encurta a vida, o vinho faz, ainda, parte dos meus dias solenes, o verde cuidado tem algo de divindade e quanto à carne tenho muito dó dos animais. Nem quero pensar no terror dos matadouros.
Nas suas meditações sobre a longa existência, retornava à juventude e mesmo à infância, sem qualquer rigor cronológico. Algumas cenas lhe martelavam a mente e o coração.
Nesses momentos, entrava num processo nostálgico, saudoso, até um pouco confuso. Sua infância relativamente feliz, o retrato mental de sua mãe que falecera quando ele tinha apenas 9 anos eram imagens preciosas. Pareciam um sonho. Será que não eram mesmo? Momentos de felicidade, geralmente fugazes, não ficam na mente como um sonho?
Coisa
estranha envelhecer :
-
Sermos sempre nós mesmos e, no entanto, não sabermos explicar, ou
entender esse evento irreversível da velhice e mesmo da morte.
Meus ídolos estão indo embora antes de mim.
Completados 80 anos – a mesma idade de seu pai -, tomara uma decisão: de trem, meio em segredo para não despertar os cuidados dos filhos e netos - era viúvo - voltaria à cidade natal e, no casebre onde tivera uma inesquecível experiência em sua infância, faria uma reflexão. Seria como que uma despedida daqueles velhos tempos de ternura que ainda o emocionavam tantos anos depois.
Sim, seria bom fazer uma oração no casebre, velho casebre se ainda preservado, sombreado por três gigantescas árvores.
Lembrava-se bem. Num dia de chuva pesada, refugiara-se no casebre invocando emocionado a imagem de sua mãe. Num dado momento, porém, em vez de estar encostado na rústica parede da pequena habitação, ouvindo a chuva descendo pelo telhado mal conservado, viu-se recostado no colo de sua mãe, recebendo dela, carinho, beijos na têmpora e frases de que onde se encontrava, não estava morta e, de lá, zelava por ele.
Não se assustou com a presença de sua mãe. Somente as crianças, naqueles tempos em que crianças eram crianças, podiam compreender momentos como esse. E não chorou mais, porque sua mãe, serena, sem as marcas da insidiosa doença que a consumira, assim pedira.
Com tudo isso em mente, tentaria retornar àquele local de árvores agora centenárias e seus passarinhos soltos, pipilando alto a liberdade sem a entender. Certamente a última visita àquelas paragens onde fora feliz ao lado dos seus pais e irmãos.
No dia seguinte, bem cedo, com sua velha Bíblia na mão, livro que começara a conhecer, conforme planejara, tomou o trem, rumando para sua cidade. Deixara um breve bilhete para sua filha. Viagem longa, cansativa, facilmente suportada, porém, pela sua disposição conseguida por caminhadas regulares.
Chegou no fim da manhã. Apressadamente, para aproveitar o sol, tomou o ônibus que o levaria àqueles sítios de sua infância.
Depois, pensaria no pernoite, provavelmente na casa de um sobrinho, se houvesse tempo para localizá-lo. Caso contrário, o hotelzinho da cidade seria a solução.
Mais
meia uma
hora e pouco
de viagem, eis que chegou ao ponto de desembarque. Desceu ansioso do
veículo, notando que havia, ainda, muitas paisagens de sua época. O
riacho que agora abastecia a cidade, embora mais poluído, a
igrejinha da comunidade num ponto mais alto, branca e todos aqueles
sítios.
Caminhou
a pé até a propriedade que fora um dia de sua família. Quando
venceu a pequena subida, algum sentimento de perda antecipadamente
lhe apertava o coração. A decepção fora terrível. Não encontrou
mais suas árvores centenárias, mal reconhecendo o local do casebre.
Uma estrada de ligação de sua cidade, com a rodovia principal
passaria por ali: “a
natureza dera lugar ao progresso”,
pensou, inspirando-se numa placa que lera nalgum lugar algum
dia.
Com profunda mágoa, aproximou-se do local onde certa vez fora consolado por sua mãe sem dar atenção às máquinas ruidosas que se movimentavam arrancando árvores ainda, emocionado, ajoelhou-se no chão de terra batida.
Olhou
em sua volta, viu
a violência,
via as máquinas embaçadas pela
fumaça ou por
seus olhos úmidos como
um pesadelo. Como não previra ou compreendera que o progresso
poderia chegar um dia àquelas plagas?
Sob os olhares atônitos dos operários simples que ali estavam, naquele chão batido, sem grama ou eras, sem a sombra das árvores, fez sua reflexão.
Abriu
ao acaso sua Bíblia - como
aprendera em aulas de filosofia; a professora assim fazia e num tipo
de jogo incentivava os alunos a encontrarem sentidos mais profundos
aos versículos assim abertos - e
em Isaías 60:18, leu em silêncio a mensagem que não entendera bem
mas que a relendo, a entendera plenamente:
"Nunca mais haverá violência na tua terra; de desolação ou destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás salvação; e às tuas portas louvor".
- Eu sei qual será minha terra, meu Deus. E as portas que louvarei.