Saibam, meus amigos, que nessa história de publicação e artigos, tive meus momentos de glória. Ilusórios, passageiros, mas, momentos!
Desde sempre fui assinante do jornal “O Estado de São Paulo”.
Um dia, já faz tanto tempo, escrevi um artigo de natureza jurídica (“O artigo 581 da CLT”). Eu o achei bom e remeti para o citado jornal.
Umas duas semanas depois, quase tive um desmaio ao vê-lo publicado na página que então havia de artigos jurídicos, ao lado de outros juristas. Salvo engano os temas trabalhistas nessa página eram coordenados pelo saudoso ministro Rezende Puech (do TST).
Alucinado, depois de algumas semanas, remeti outro, também publicado. A “glória” meus amigos.
Naquele primeiro artigo fiz críticas ao posicionamento da prestigiosa Editora LTr a respeito daquele dispositivo numa das suas edições da CLT. A Editora respondeu explicando os seus motivos em boletim próprio.
A partir daí, a aproximação com a Editora fora um passo. Escrevi diversos artigos em seus boletins e mesmo na Revista LTr, na qual só cabiam juristas da área trabalhistas.
Meus artigos lidos hoje, por mim? Modestos!
O principal dono da Editora, Dr. Armando Casimiro Costa, pode ter ido com a minha cara, tanto que me convidou, num dos congressos patrocinados por ela, Editora, para palestrante numa das seções.
Não muitos anos depois, elaborei um programa de treinamento de relações trabalhistas e sindicais para uma multinacional trazendo toda a minha experiência do ABC.
Submeti esse programa à Editora LTr. Foi ela reticente em aceitar a publicação o que determinaria, por mim, o abandono da ideia.
Depois de um cartão de Natal normal que remeti, ele me respondeu solicitando que eu remetesse novamente os originais.
E assim surgiu a primeira edição do meu “Sindicalismo e Relações Trabalhistas”.
A segunda edição não demoraria porque o livro fora adotado por uma amigo meu, Edmir de Freitas Garcez nos seus cursos “Negociando com negociadores”.
A terceira edição foi muito melhorada mas a editora não cuidou bem da revisão, o que me obrigou a responder críticas vindas até da Bahia.
Finalmente, a quarta-edição, que poderia ser a minha contribuição “profissional” para o tema, foi escrita às pressas a despeito do volume imenso de informações que me obrigara a compulsar, saiu com falhas minhas.
Quando isso acontece e você vê os errinhos com o “dedo em riste” apontando em sua direção, impossíveis de serem corrigidos, tudo fica meio deslustrado. Imperdoável, porque toda a edição poderia ser muito melhor.
“Aconselho”, pois, a todos os escritores, às voltas com a edição de seu livro, que deem o máximo e o revisem tantas vezes quantas necessárias. Insiram e completem. Nada de preguiça.
Aonde foi parar toda essa gana de jurista? Já disse alhures que, no fundo no fundo, com suas exigências e metas a alcançar, a empresa de certo modo enterra o talento que se desvia para ela e por conta do salário no fim do mês.
Tudo isso se passou num estalo de dedo. As ilusões.
Errinhos que humilham
A propósito do tema, escrevi alhures uma crônica que transcrevo em parte. Assim,
Esse título não é meu. É do saudoso escritor mineiro Otto Lara Rezende que, numa crônica no jornal “Folha de São Paulo” de 18.01.1992 o utilizou no singular.
Mas, eu já vou logo grafando no plural, “errinhos que humilham”.
Inicia o cronista se queixando de erros de revisão que se davam, eventualmente, nos seus escritos, lembrando que “quando surgiu o computador na imprensa, pensei que vinha para acabar com essa gralha. Qual o quê. Sofisticou-a”.
Com o computador, dizia o escritor, não seria mais possível atribuir a revisor os erros do autor.
E nestes dias, então, com o notório avanço tecnológico e da comunicação? Não sei, não. Há “mistérios insondáveis” nos errinhos que humilham.
Com computador e tudo, ao longo do tempo, já me deparei com empastelamento em textos que escrevi, corte da conclusão, a essência do texto, para caber no espaço do veículo e até mexidas insuportáveis de quem entendera pouco do que nele se debatia.
Como explicar um erro tal num título de artigo no qual “queremismo” foi grafado como “quirimismo”? Ou a expressão “ato contínuo” com o sentido claro que contém e que foi impresso como “um ato contínuo”, significando que a inclusão do numeral “um” estreitou sua abrangência?
Para aqueles que se propõem a escrever publicamente o português é um desafio permanente, porque muitas vezes se sabe que a regra “é assim” mas não “o porquê de ser assim”.
Outro ponto lembrado por Otto são os erros do próprio cronista que insere um dado equivocado, uma desinformação, na crônica. Sem volta porque a eventual correção posteriormente é inócua ou com efeito limitado. E dizia: “Qual! Fica o travo da pequenina humilhação que me convida à humildade.”
Saibam todos, pois, que o cronista se depara com erros ortográficos dele próprio e, pior – afaste de mim esse cálice – erros de concordância. E isso mesmo tendo lido o que escrevera várias vezes.
Saibam mais os leitores que o cronista em cada crônica enfrenta esses vilões e escorregões. Ele cria, escreve e...erra. Um “sofredor”. E muitas vezes paga por erros que não são seus.
Imagem: O coelho de “Alice no país das maravilhas”. É tarde, é tarde! O tempo passou, mas sempre é tempo.
2 comentários:
Mestre Milton, só não erra quem não faz... Não por acaso as boas editoras têm, mesmo com o advento dos corretores gramaticais e ortográficos eletrônicos, mestres do idioma como seus revisores. Gosto do seu estilo e admiro sua procura de perfeição na forma e equilíbrio no conteúdo.
Forte abraço!
Caio
Há cerca de 50 anos, menos você e mais eu procuramos essa perfeição. Você não gosta que eu diga, mas o seu vocabulário e maior do que o meu e é isso aí. Mas, saiba, meu caro, que "tremo" quando constato erro nos meus textos. Se possível a correção tudo bem, caso contrário é curtir o "desgosto". Grande abraço.
MM
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